Frei Feliciano Smitz, foi nomeado vigário fundador de Carlos Prates, aonde chegou procedente de Ouro Preto, no dia 12 de julho de 1929 e foi morar na casa humilde do lote 4, à Rua Sabinópolis s/n. Por decreto de 4 de outubro de 1929, Dom Cabral criou a paróquia de São Francisco das Chagas de Carlos Prates. No dia 20 de julho, frei Feliciano celebrou a primeira Santa Missa na sua residência. As Irmãs Franciscanas da Pequena Família do Sagrado Coração de Jesus doaram tudo que era necessário para isto, inclusive o altar, e outro, dado posteriormente (05.04.1930). No dia 31 de julho, Dom Cabral, Monsenhor Guedes e frei Feliciano percorreram a freguesia de Lagoinha com a finalidade de se assentar os limites da nova paróquia. Nesse meio tempo, frei Feliciano já estava dando catecismo nas Escolas Lúcio dos Santos e Melo Viana. Sua primeira planta da futura matriz foi reprovada pela Ordem por ser de um templo muito pequeno e suntuoso demais. Em 15 de outubro, obteve licença das Obras Públicas para transformar a casa à Rua Sabinópolis em capela. Em 19 de outubro, os moradores (ex-proprietários) saíram da casa à Rua Teófilo Otoni nº. 646. E no dia 21, frei Feliciano mudou-se para essa casa, cujo alpendre servia de capela-mor para a celebração de missas ao ar livre. E foi nessa casa que, no dia 22 de outubro, chegou o 1º. coadjutor da paróquia, frei Mário Cornelissen, procedente de Divinópolis, onde fora professor e missionário ( livro de crônicas da paróquia, a partir de agora referido pela sigla l.c., pág. 155s). Frei Feliciano, em uma crônica da Revista Neerlândia Seráfica de 1930, nos conta um pouco sobre a realidade da paróquia que recebeu: Esta paróquia tem uns 9.000 católicos e um mil heterodoxos, como sejam Protestantes, Espíritas, Judeus, Turcos (Sírios). Quanto à situação geral desta paróquia pode ser afirmado que existem algumas famílias muito religiosas, mas a grande maioria ainda é muito indiferente, o que se pode deduzir do fato que a população tem sido abandonada durante anos pela falta de padres. Contudo, há fundada esperança que tudo ficará bem melhor; isso já pode ser percebido nas Ss. Missas dominicais, pois todas as três Ss. Missas estão sendo bem frequentadas. A 20 de julho foi feita a primeira distribuição de Santa Comunhão. Em 21 de julho, domingo, já tinha de ser celebrado fora e deve-se dizer que houve muita gente para participar da Santa Missa e o fizeram com muita piedade. Nesse dia foi feito também o primeiro batizado. No dia 28 de julho, o vigário celebrou pela primeira vez a Santa Missa na capela filial de Engenho Nogueira. Neste dia foi feito também o primeiro casamento. No dia 10 de novembro, com autorização do Vigário Geral, Frei Feliciano Smitz benzeu solenemente a nova capela e, na Santa Missa das 9 horas, o próprio Vigário Geral leu o Decreto da ereção da nova paróquia e instalou Frei Feliciano Smitz como primeiro vigário. Esse decreto da ereção oficial da nova paróquia tem a data de 4 de outubro de 1929. A 22 de dezembro, Dom Cabral deu licença para fundar a Ordem Terceira, a Pia União das Filhas de Maria, a Liga Católica e o Apostolado da Oração.
Frei Feliciano, o zeloso vigário, não se descuidou das capelas de São Geraldo em Engenho Nogueira, de Santa Teresinha em Bento Pires, mas só em janeiro de 1932, foi celebrada a primeira missa na Vila Celeste Império, onde foi fundada a Associação das Damas de Caridade. A estatística sobre 1930 dá uma ideia do trabalho nesta nova paróquia: 286 batizados, 14.652 comunhões, das quais 278 primeiras, 45 casamentos, e. unções 35, 26 viáticos (l.c., pág. 165s). Foi o ano da revolução de Getúlio Vargas, a qual, em outubro, causou grandes angústias em Belo Horizonte.
Se essa paróquia em formação em si já dava bastante trabalho para os dois padres, eles ainda eram chamados para outros trabalhos lá fora. Assim aconteceu que, em 1931, frei Mário acompanhou - feito missionário - a visita pastoral de Dom Cabral, de 15 de abril até 4 de setembro. Frei Eurico Peters veio então para ajudar o vigário durante a ausência de frei Mário.
Desaponto!
De fato, frei Mário e seu sempre animado vigário frei Feliciano, pareciam ideais para a popular paróquia de Carlos Prates, pois em pouco tempo, mas com muitas obras, deram prova de corresponder à expectativa de Dom Cabral, que lhes confiara a paróquia ao beneplácito da Santa Sé, de pleno direito. Segue abaixo a cópia da autorização, dada ao Arcebispo Dom Antônio Cabral, para dar a paróquia de Carlos Prates aos Frades Menores holandeses.
O pedido:
Sacra Congregação de Concílio,
O Ordinário da diocese de Belo Horizonte prostrado aos pés de Sua Santidade, humildemente implora de dar aos Frades Menores do Comissariado no Brasil a paróquia Carlos Prates, para que eles a governem e administrem pelo bem do povo, a mandato da Santa Sé. E Deus...
E a resposta:
A Sacra Congregação de Concílio, atendendo às exposições, benignamente concede ao Ordinário de Belo Horizonte a faculdade conforme foi pedida, assim, porém, que a predita paróquia, cedida aos frades Menores, deve ser compreendida como ao arbítrio da Santa Sé.
Dado em Roma em 22 de novembro de 1929.