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Gustavo Carlos Reuss nasceu a 20 de agosto de 1858, em Schõnwiese, na Silésia, Alemanha, filho de pais profundamente religiosos. Aprendeu as primeiras letras na sua aldeia natal. Completados os 14 anos, o pai o levou para a cidade de Breslau, Alemanha, onde no ginásio católico de São Matias, passou a cursar a segunda série ginasial. Fisicamente era muito franzino. Durante os estudos teve que lutar contra diversos tipos de enfermidades, tanto assim que, terminado o currículo escolar, e tendo pedido ingresso na Ordem Franciscana, na Província da Santa Cruz da Saxônia, familiares e amigos temiam que não iria resistir aos rigores da vida religiosa. Infundados receios. Superou tudo bem, apesar de no Recife, PE, ter sido atacado pelo beribéri, e em Petrópolis, RJ, ter ainda contraído a malária. Seu noviciado foi feito em Harreveld, Holanda, onde ingressou no dia 3 de maio de 1881, recebendo o nome de Frei Pascoal. Continuou depois os estudos em diversos conventos na Holanda, concluindo a teologia em Paderborn, Alemanha, onde foi ordenado presbítero em 24 de setembro de 1887. Depois do exame de "cura", foi em 1888 enviado para o colégio de Harreveld, como professor, ali permanecendo até 1892. Neste ano foi lecionar no colégio de Bleyerheide, também na Holanda, onde recebiam preparo especial os alunos que tencionavam vir para a missão brasileira. No Brasil, foi primeiramente professor no seminário menor, mas logo que se organizaram os estudos superiores, passou a ocupar a cadeira de teologia dogmática, e mais tarde também a de teologia moral, em Petrópolis e Curitiba, PR, cidade onde permaneceu até ao fim da vida. Lente, ele o foi de corpo e alma, e era também por esse nome que o chamavam os colegas professores e os confrades. Apesar de seu vasto e profundo conhecimento das matérias que lecionava, preparava-se meticulosamente para cada aula, ampliando « e corrigindo a matéria, pela busca infatigável nas novas publicações que surgiam, e na literatura pertinente aos assuntos de sua especialidade. Incentivava muito o estudo calcado sobre a doutrina dos nossos doutores franciscanos São Boaventura e Duns Scotus, estimulando os alunos a seguir suas pegadas. Foi definidor no Provincialado de 1904/1907, mas para superior ou guardião não tinha jeito nem queda e disso ficou poupado. Era incansável no atendimento do confessionário, servindo como diretor espiritual para muitos sacerdotes. Em 3 de maio de 1931 pôde celebrar o jubileu áureo de vida religiosa, com a presença de muitos confrades e amigos. Até o Sr. Arcebispo de Curitiba, Dom João Francisco Braga (1907-1935) esteve presente à festa, participando da alegria do jubilado. Esta é a moldura na qual se encaixou a vida de Frei Pascoal. Foi sempre uma personalidade de gênio forte, consequência do seu temperamento colérico. Esta sua índole impetuosa, causou-lhe muitas horas amargas. A falta de compreensão para com suas ideias; com seu modo de pensar; pontos de vista contrários ao seu, sensibilizavam-no muito. Esbravejava então, até cair em si. Quando, porém, havia erro ou engano de sua parte, nunca deixou de reconhecer a falta, desculpando-se humildemente, até com confrades mais novos. Embora em muitas ocasiões a natureza intempestiva tomasse conta dele, não houve por ocasião do seu falecimento, ninguém que pusesse em dúvida, que ele foi durante toda a vida um batalhador infatigável, que procurou cultivar o ideal franciscano na própria vida, e incentivá-lo também na dos outros. Dia 20 de maio de 1935, adoeceu de gripe forte, à qual logo se associou um antigo mal que o acompanhava, a hidropisia. O médico exigiu repouso e resguardo, para grande pesar e tristeza de seus inúmeros penitentes. As aulas, todavia, ele as deu ainda até o dia 23 de junho. Os últimos 15 dias foram de grandes sofrimentos, até que o Senhor o libertou, dia 10 de julho de 1935, às 22:15 horas. A notícia do seu passamento evocou em todos que o conheceram e veneraram, a mais comovida participação. Ao seu velório - o corpo ficou exposto o dia todo na igreja conventual do Senhor Bom Jesus - acorreram inúmeros fiéis que por ele elevaram fervorosas preces a Deus e tocavam nos seus despojos mortais, objetos de piedade e devoção. O sepultamento foi uma total demonstração do carinho e reconhecimento dos numerosos amigos e penitentes. Muitas Santa Missas foram encomendadas pelo eterno descanso de Frei Pascoal. Que a ele o Senhor aplique o dizer do profeta: "Os que ensinaram a muitos, brilharão como estrelas no firmamento" (Dn 12, 3).

Fonte: JEILER, Inácio. Confrades da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, falecidos nos primeiros 50 anos da restauração (1891-1941). São Paulo: Província Franciscana Imaculada Conceição, 1990, p. 171.