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Henrique Hoolmanns nasceu em Weeze, nas proximidades de Kevelaer, Alemanha, a 22 de março de 1877. Sentindo-se atraído para a vida religiosa desde a adolescência, ingressou em 1893, no seminário seráfico de Harreveld, Holanda. Reinava naqueles anos grande animação pela missão brasileira, e também o nosso Henrique fez timidamente o pedido de poder dedicar sua vida às missões. Em 1894, teve a felicidade de ser um dos 27 alunos escolhidos para viajarem ao Brasil (6ª expedição). Em Olinda, PE, tiveram o primeiro contato com a nova terra, mas logo nas primeiras semanas com uma única exceção, foram todos atacado pelo tifo. Cientes do ocorrido, os superiores transferiram imediatamente os seminaristas para o sul do país, mais precisamente, para Blumenau, SC. As acomodações eram ali precaríssimas para um grupo tão numeroso; por isso em fins de 1895, foi a classe mais adiantada enviada a Salvador, BA, para começarem o noviciado que o nosso Frei Jorge, nome que recebeu na vestição, iniciou a 2 de fevereiro de 1896. O ano de 1896, foi o da grande epidemia de febre amarela na Bahia, também com vítimas fatais entre os religiosos franciscanos. Os noviços, estudantes e outros frades foram mandados, por alguns meses, para os abandonados conventos de Cairu, BA, e Paraguaçu, BA, longe da zona de infestação. Aos 25 de agosto de 1901, foi frei Jorge ordenado sacerdote em Petrópolis, RJ. Concluídos os estudos teológicos no ano seguinte, ficou lá mesmo como cooperador, trabalhando na pastoral. Nesta época, num lugar próximo de Petrópolis chamado Cebolas. (Atual Inconfidência, RJ) eclodiu um surto de bexigas. Frei Jorge dedicou-se todo aos enfermos, não só na parte espiritual, mas, ajudando até na vacinação e nos demais tratamentos. Os anos que se seguiram foram de incansáveis trabalhos sacerdotais. Atuou em Quissamã, RJ; Guaratinguetá, SP; São Paulo, SP; São Francisco do Sul, SC; Lages, SC; Palmas, PR. Anos e anos de muitas fadigas e lutas, mas igualmente de grandes alegrias e consolações. Foi sempre um religioso de profunda fé, sincera piedade, zeloso pela salvação das almas e pela expansão do Reino de Deus. Por algum tempo participou da equipe dos missionários populares. Nenhum trabalho era demasiado pesado, nenhum esforço grande demais. Apesar do grande entusiasmo, teve que deixar este querido apostolado, por ter-se confirmado nele um câncer, já então em adiantado estado. Para um melhor tratamento o mandaram a Petrópolis. Por mais de três meses ficou internado no hospital Santa Teresa. No início alimentava ainda a esperança de poder retornar à sua atividade missionária, mas bem cedo se convenceu que Nosso Senhor queria o sacrifício de sua vida. A aceitação dá vontade de Deus foi total. "Tudo o que Deus quiser, como, onde e quando Ele quiser" era sua oração de conformidade. Perguntado como estava passando, sempre respondia: "muito bem", e se interrogado por dores, dizia: "sofro muito menos do que mereço". Na visita do Padre Provincial (Frei Celso Dreiling, 1926-1932) recebeu de suas mãos a unção dos enfermos, e comovidamente participou das orações, agradecendo ao superior da Província, os benefícios e atenções recebidas, e pedindo o perdão aos confrades, pelas suas faltas. Os últimos dias de vida foram de muito sofrimento. Sempre de novo recorria à Mãe da Misericórdia, que ela o ajudasse e confortasse. Adormeceu serenamente para a vida eterna, num sábado, dia 5 de julho de 1930. No domingo dia 6, foi levado à sepultura acompanhado pelos confrades, pelos membros das associações religiosas e por grande número de fiéis.

Fonte: JEILER, Inácio. Confrades da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, falecidos nos primeiros 50 anos da restauração (1891-1941). São Paulo: Província Franciscana Imaculada Conceição, 1990, p. 123.