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Em Kostenthal, na Silésia, diocese de Breslau, Alemanha, nasceu aos 19 de março de 1874, José Tenschert. Seu pai professor na escola primária, lhe proporcionou boa formação escolar e esmerada educação cristã. Como desde criança o nosso José se sentisse atraído pela vida religiosa, o pai, para experimentá-lo, o levou a frequentar pequeno pré-seminário que um pároco da vizinhança mantinha para rapazes que se sentiam inclinados à vida sacerdotal. No ano de 1886, pôde matricular-se no seminário franciscano de Harreveld, Holanda. Após superar inúmeras dificuldades causadas tanto pelo estudo, como pelo seu temperamento colérico, recebeu em 30 de outubro de 1892 o hábito, vindo a chamar-se Frei Francisco. O entusiasmo reinante no seminário pela missão brasileira também o contagiou e assim chegou a fazer parte do primeiro grupo de noviços (cf. nº 13) que vieram concluir o ano de provação em Salvador, BA, a 1 de novembro de 1893. Continuou depois os estudos no Recife, PE, e Salvador, onde foi ordenado presbítero a 23 de maio de 1897. Sofrendo ele há mais tempo dos pulmões, os superiores acharam que a mudança de clima ajudaria, e o enviariam a Blumenau, SC, para lá concluir os estudos teológicos. Todavia o estado de saúde piorou de tal forma que ninguém mais esperava sua recuperação. Colocado sob os cuidados do experimentado médico dr. Wigando Engelke (tio do futuro bispo de Campanha, MG, Dom Frei Inocêncio Engelke, OFM, nº 225) conseguiu aos poucos, com tratamento e métodos caseiros e naturais o restabelecimento completo, tanto assim que depois, durante dois decênios, atendeu a todos os compromissos e fadigas pastorais da cura de almas dos colonos que residiam nas circunvizinhanças de Blumenau. Conhecedor que era do idioma polonês, foram-lhe confiados quatro distritos de Blumenau, entre imigrantes poloneses que moravam em Sandweg, Warnow, Massaranduba e Braço do Norte. Neste lugares, além de construir novas e dignas casas de Deus, providenciou também alfaias e os demais objetos necessários para o culto divino, cuidando que tudo estivesse sempre rigorosamente limpo e em perfeito estado de conservação Apesar da índole um tanto rude, contava com muitos amigos entre os paroquianos poloneses, pois, todos conheciam seu espírito de sacrifício e desprendimento quando se tratava de socorrer ou ajudar um lavrador pobre em questões de negócios, ou nas demandas com o Governo. Ao serem desmembradas de Blumenau as capelas de Massaranduba e braço do Norte e entregues a padre lazaristas poloneses, e desonerando-se delas, trabalhou Frei Francisco nas paróquias de Santo Amaro, SC, Angelina, SC e Porto União, SC. Os últimos anos passou-os na paróquia e residência em Barro (agora: Gaurama, RS, diocese de Erechim, naquele tempo ainda território da Província da Imaculada), mas devido à doença do coração, não pôde mais fazer trabalhos que o obrigassem a um esforço maior. Já havia anos o médico tinha chamado a atenção para o perigo de um enfarte, e assim aproveitou a meia ociosidade -para preparar-se para a morte. Conferências que ainda dava às religiosas tratavam quase exclusivamente dos temas da eternidade: os novíssimos. Dia 23 de maio de 1932, dia em que completou 35 anos de sacerdócio, celebrou pela última vez a Santa Missa. Durante a noite foi acometido por disritmia cardíaca. Pediu ele mesmo os sacramentos dos enfermos e rogou ao superior, que em seu nome pedisse mais uma vez, perdão aos confrades que em qualquer tempo ou ocasião tivesse magoado ou ofendido, aos quais já anteriormente havia enviado cartas de desculpas. As falhas no batimento cardíaco se acentuaram tanto que teve que ser internado no hospital. Ali atendeu a confissão de um penitente polonês; foi sua última ação sacerdotal. Dia 29 de maio pelas 10:30 horas a irmã enfermeira, ao trazer-lhe um lanche, o encontrou em agonia. O médico chamado às pressas só pode constatar o falecimento. Com um sorriso nos lábios passou para a vida melhor, parecendo estar somente adormecido. A seu pedido foi o sepultamento realizado no cemitério de Três Arroios, RS, outra paróquia dirigida pelos confrades da Província, e distante de Barro uns 18 quilômetros. (Residência e paróquia entregue, com a de Barro em 1957). Assim deixou este mundo aos 58 anos o confrade que sob uma aparência rude e áspera, tinha uma alma piedosa e sensível.

Fonte: JEILER, Inácio. Confrades da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, falecidos nos primeiros 50 anos da restauração (1891-1941). São Paulo: Província Franciscana Imaculada Conceição, 1990, p. 127.