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No dia 20 de maio de 1939, no convento de Blumenau, SC, pelas 14 horas, partiu para a casa do Pai, Frei Euquério Temme, que passou os cinco últimos anos de vida, em demência total. Ao lado do leito de morte do confrade, a comunidade esteve presente, ajudando com suas orações. Frei Euquério Temme nasceu em Borgholz, diocese de Paderbnorn, Alemanha, no dia 27 de abril de 1868. Na pia batismal recebeu o nome de Gustavo. Foi muito rígida e severa a educação que recebeu em casa, na infância e na juventude. Prestou também o serviço militar, alcançando a patente de subtenente. Em Harreveld, Holanda, iniciou-se na vida franciscana e lá recebeu o burel do Poverello de Assis, no dia 11 de fevereiro de 1894. No ano de 1899 veio para o Brasil, onde primeiro serviu como cozinheiro em diversas casas da Província e depois, pelo espaço de 30 anos, cuidou das lavouras e das criações do convento de Blumenau. Uma energia férrea, uma saúde a toda a prova e um verdadeiro fanatismo pelo trabalho o fizeram realizar coisas quase sobre-humanas. Tanto nos pesados trabalhos do campo, como no tempo da construção do colégio, o que chamava a atenção do arquiteto e dos operários era que sozinho realizava o trabalho de três homens. Muito o acabrunhava quando diversos dias feriados seguidos o impediam de labutar. Como filho de lavradores sentia-se gratificado em poder ocupar-se com vacas, cavalos, porcos, galinhas. Todos recebiam um trato adequado. Passava noites inteiras nas estrebarias ou pocilgas, quando seus protegidos necessitavam de cuidados especiais. Dia, hora e circunstância do nascimento de cada um podiam ser mencionados e recordados com exatidão matemática. Nos últimos cinco anos de vida começou a ensandecer. Julgando ser agora o Papa, largou toda e qualquer ocupação. Achou-se dispensado da obediência prestada aos superiores. Não participava mais da missa e dos sacramentos. Na igreja entrava poucas vezes e somente quando lá não havia ninguém. Segregou-se da comunidade não falava com quem quer que fosse. Tomava as refeições sozinho, num cantinho da cozinha, e se debatia continuamente com imaginários maus espíritos. Apesar do seu antigo temperamento colérico, vivia agora o tempo todo ensimesmado e arredio, e assim não houve necessidade de interná-lo em algum sanatório. Até uma semana antes do falecimento, a saúde era boa. Inesperadamente, na segunda semana de maio, foi afetado por grave bronquite e possível pneumonia. Apesar do estado altamente febril, recusou todo e qualquer medicamento, internação ou tratamento, nem sequer aceitava alimentação. Prostado na cama, a ninguém dirigia a palavra e não dava nenhuma resposta, limitando-se somente a balançar negativamente a cabeça, quando com ele falavam. Devido à alienação mental, só recebeu a santa unção. Sem agonia, adormeceu no Senhor, no dia 20 de maio de 1939.

Fonte: JEILER, Inácio. Confrades da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, falecidos nos primeiros 50 anos da restauração (1891-1941). São Paulo: Província Franciscana Imaculada Conceição, 1990, p. 211.