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No hospital de Santa Isabel, na cidade de Blumenau, SC, depois de ter passado por prolongados sofrimentos, adormeceu piedosamente no Senhor o confrade sacerdote Frei Dionísio Mebus. Era o dia 25 de agosto de 1939. Nasceu Frei Dionísio em Düsseldorf, Alemanha em 16 de maio de 1879. Sua família residia na paróquia de Benrath, subúrbio de Düsseldorf, onde o pai exerceu por muitos anos o ofício de sacristão, na igreja matriz. Menino ainda, sentiu-se atraído para a vida religiosa sacerdotal; ingressou então no seminário de Harreveld, Holanda, mantido pela Província franciscana alemã de Santa Cruz da Saxônia. Tanto ali, como mais tarde, teve alguma dificuldade nos estudos. Em dezembro de 1894, ainda adolescente, veio para o Brasil, desembarcando em Olinda, PE, com um grupo numeroso (42 pessoas) de religiosos e estudantes dispostos a ajudar na revivescência do franciscanismo em terras brasileiras. Em 1895, os alunos foram enviados, todos eles, para o sul do país, passando então a frequentar o seminário menor em Blumenau. Lá concluiu os estudos e ingressou na grei seráfica, em 9 de maio de 1897. Ali também cursou filosofia e teologia, sendo ordenado padre, em 21 de setembro de 1902. Durante diversos anos exerceu o magistério nas escolas paroquiais de Blumenau e Indaial, SC, ensinando as primeiras letras à garotada. Pelo espaço de seis anos serviu de secretário ao Ministro Provincial, primeiro em São José, SC, e depois no convento do Senhor Bom Jesus, em Curitiba, PR, para onde se transferiu o Provincialado em 1910. Em Curitiba foi também zeloso capelão da comunidade alemã da cidade. Anos mais tarde o encontramos em Salto Grande, atual Ituporanga, SC, como superior da pequena residência e em Trajano de Moraes, capela distante uns 40 quilômetros de Conceição de Macabu, RJ. Em 1938/39 esteve no então ainda curato de Forquilhinha, colônia de lavradores, fundada por descendentes de alemães, no sul do Estado de Santa Catarina. Recuando no tempo, lembramos que em agosto de 1914 iniciou viagem marítima de férias, para rever familiares e parentes na Alemanha. Mas como naqueles dias irrompeu a primeira guerra mundial, passou por grandes apuros e dificuldades, vindo a aportar na Espanha. De lá conseguiu chegar finalmente na Alemanha, no mês de dezembro. Permaneceu por lá até 1920, retornando então ao Brasil. Foi Frei Dionísio uma personalidade um tanto singular. Tinha um jeito e um modo de ser meio infantil, algo de pedante e afetado que se notava muito tanto no modo de dar as aulas e palestras, como no trato com as pessoas. Sofreu permanentemente do fígado e da bílis. Quando as coisas não corriam como desejava, chegava à grosseria. Mas certamente poucos sabiam das suas constantes dores, crises e cólicas por que passava. Mesmo assim, seu ministério sacerdotal foi exercido com todo o carinho e fidelidade. A limpeza, a ordem, o decoro da casa de Deus foram uma constante em sua vida. O serviço Divino e as cerimônias religiosas eram organizadas e preparadas sempre o mais solenemente possível. Nos últimos tempos, vivia mergulhado nas lembranças do passado, recordando e relembrando acontecimentos irrelevantes, estes ocorridos há mais de 30 anos. Em Forquilhinha, onde permaneceu sozinho quase dois anos, seu estado de saúde começou a preocupar de tal forma que, em meados de 1939, foi obrigado a procurar tratamento no hospital de Blumenau. O médico constatou câncer no fígado, não dando qualquer esperança. Sentindo chegar seu fim, Frei Dionísio dedicou-se de todo o coração e com plena serenidade de espírito em preparar a alma para o encontro com o Pai. Faleceu em Blumenau, no dia 25 de agosto de 1939, pelas 7:30 horas da manhã.

Fonte: JEILER, Inácio. Confrades da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, falecidos nos primeiros 50 anos da restauração (1891-1941). São Paulo: Província Franciscana Imaculada Conceição, 1990, p. 225.