Na visita pastoral do Bispo de Leopoldina, Dom Delfim Ribeiro Guedes, acompanhado de Frei Osório - vigário, tendo Frei Levino Pothof e Frei Ivo Kuhn como missionários, e realizada entre os dias 9 e 16 de junho de 1951, já eram visíveis os trabalhos de Frei Osório: a Matriz estava completamente reformada em seu interior e enriquecida com belíssimo altar de mármore, a cuja sagração se procedeu no dia seguinte, 10, pela manhã. Neste mesmo dia foram administrados o Sacramento da Crisma a 820 fiéis. Também a casa paroquial passava por reformas. Em Tuiutinga , os filhos fiéis , atendendo a reiterados apelos de seus pastores, já deram início aos trabalhos em favor da construção da nova Matriz, visto que a antiga, além de pequena, corria o risco de ruir a qualquer momento. No dia 13 de junho foi benta a pedra fundamental. Neste dia foram distribuídas 400 Comunhões. Também a Capela de Dom Silvério tinha sido terminada por Frei Osório. Foram feitas belíssimas procissões, e o Sacramento da Crisma foi administrado a numerosos fiéis. No dia 14 foi benta a nova igreja. Dia 15 foi a vez da Capela de São José de Vilas Boas, onde foram recebidos por grande multidão. Foram administrados o Sacramento da Crisma e a bênção da nova capela. Da visita a esta localidade ficou a impressão de uma fase de grande progresso, sendo que o Sr. Bispo agradeceu ao Revmo. Sr. Frei Osório o apostólico trabalho que vem desenvolvendo. Foi o seguinte o movimento religioso verificado durante a Visita Pastoral: Crismas: 2.420; Comunhões: aproximadamente 5.000; Pregações: aproximadamente 50.
Em janeiro de 1952, Frei Osório foi chamado a retornar às suas atividades de propagandista do Seminário de Santos Dumont e então foi nomeado um novo vigário: Frei Filipe Tiago Broers. Logo se juntaria a ele Frei Canísio Leenders, para auxiliá-lo durante algum tempo. Somente em fevereiro de 1953, a paróquia ganhou seu coadjutor, Frei Lino Kunz e contou também, de julho a dezembro do mesmo ano, com a presença de Frei Valério Heisen como missionário.
Segundo o relato de Frei Lino Kunz, de 1954, os franciscanos estão encarregados de duas paróquias: Nossa Senhora da Encarnação, em Guiricema e Santo Antônio, em Tuiutinga, a uns 13 km da cidade de Guiricema. Vamos acompanhar este interessante relatório:
No dizer de Dom Delfim, o nosso Bispo diocesano, os franciscanos são bons filhos de São Francisco mesmo no que diz respeito às igrejas: ou eles constroem ou reformam, mas sempre estão mexendo nas igrejas. Quando Frei Osório entrou aqui, reformou a igreja matriz, acabou de construir igrejas filiais, e começou com outras. Estas são a igreja de São José em Córrego Preto, e Santo Antônio em Tuiutinga.
Enquanto a igreja de Córrego Preto, grande e bonita, ficou pronta em agosto do ano passado, a matriz de Tuiutinga estava longe de ser terminada. Não é que este lugar seja pobre e sem recursos, muito ao contrário, mas o grande mal é que Tuiutinga está infestada de protestantismo e maçonaria, e em primeiro lugar os ricos, mesmo milionários, foram trabalhados pelos poderes das trevas. O povo, já sem vigário aí residente, andava desanimado.
O Sr. Bispo quis pessoalmente ir benzer a nova igreja de Córrego Preto. Então Frei Filipe, que é vigário encarregado de Tuiutinga, conseguiu do Sr. Bispo que, aproveitando da viagem, passasse primeiro em Tuiutinga para animar este povo a trabalhar na sua matriz.
Com bastante antecedência começou-se a preparar o povo dessas duas localidades para a vinda de seu pastor. Ardentemente se desejava que a preparação imediata fossem umas missões em regra, mas os Padres Missionários, há pouco nomeados, ainda se achavam espalhados em outros conventos e, entre outros contratempos, sobreveio a grave enfermidade do Cônego Raul, vigário de Visconde do Rio Branco, que impediu mais um dos nossos padres a sair, Frei Valério Heisen, que há pouco viera do Sul. Assim foi preciso dividir as forças que ainda restavam, e vindo Frei Levino Pothof de Santos Dumont, foi ele com Frei Filipe pregar Missões em Córrego Preto, e Frei Osório sozinho foi por três dias preparar os caminhos do Senhor em Tuiutinga, mas foi mesmo uma vox clamantis in deserto. O povo deste lugar não é de muita religião. Houve, sim, grande número de batizados. Confissões contou o Padre Missionário cerca de 200, o que nós de Guiricema porém achamos um número excepcional. Em Córrego Preto o movimento religioso durante os dias das Missões esteve melhor. Houve bom número de confissões e comunhões.
Aos 19 de setembro, pelo meio dia, o Sr. Bispo chegou a Tuiutinga, onde foi recebido pelos paroquianos numa estrondosa manifestação. Muito foguete pelo ar. Depois do almoço começou S. Excia. a administrar a Crisma, somando o número de 297 os que foram crismados. Às 5 horas celebrou Missa vespertina, o que causou admiração e espanto aos protestantes. Esta santa Missa foi celebrada no recinto da nova igreja, mas ainda sob o azul do céu. O madeiramento do telhado, doado por uma rica viúva, ainda não estava pronto. A fim de obter algum recurso para a continuação da obra organizou-se ainda nesta mesma tarde uma procissão de telhas, indo o povo em fila ao depósito de telhas onde cada um comprava algumas para voltar em procissão e oferecê-las a Santo Antônio.
De Tuiutinga o Sr. Bispo e comitiva vieram a Guiricema, já de noite. No dia 20 de setembro todos os olhares da paróquia estavam voltados para Córrego Preto, onde haveria a bênção da nova igreja. Quando o Bispo aí chegava, às 9 horas, o numeroso povo reunido à entrada da vila lhe fez uma bela recepção. Seguiu-se a bênção da nova igreja e a Missa pontifical. Às 2 horas, depois de lauto almoço, houve a inauguração dos retratos do Sr. Bispo e dos Padres Frei Osório e Frei Filipe, que foram colocados na sacristia; os retratos destes dois são do tempo em que ainda eram brotos novos no jardim franciscano. Por esta mesma ocasião fizeram-se ouvir muitos oradores, que mostraram tudo o que sabiam. À tarde ainda foi administrada a Crisma a 500 pessoas, e às 5 horas o Sr. Bispo embarcou para Visconde do Rio Branco, onde fez em solene procissão a transladação do Santíssimo da matriz para a capela de Santo Antônio, junto ao nosso convento do mesmo nome.
Para voltar à igreja de Córrego Preto: é um primor, tanto por dentro como por fora. Consta de uma bela e grande nave, com presbitério bem espaçoso, que atrás do altar forma um meio octógono. De ambos os lados tem uma sacristia. O coro é uma bela laje de concreto, o forro todo de madeira, trazendo uma bela pintura da Sagrada Família. No presbitério, acima do altar, foram desenhados emblemas da S. Eucaristia. Igreja linda e, no dizer de muitos, das mais lindas de toda a redondeza. Se em todos os lugares se encontrasse um povo tão bom e religioso (e rico também!) como o de Córrego Preto, em breve o mundo estaria cheio de igrejas bonitas!...
Com a saída de Frei Lino em janeiro, para trabalhar no Rio Grande do Sul, chega um novo coadjutor: Frei Leonardo Braun que, no entanto ficou na paróquia até abril.
Em julho de 1955, foi a vez de o vigário ser substituído, Frei Felipe foi para Carlos Chagas e, em seu ligar assumiu Frei Metódio de Haas e só em novembro a paróquia ganhou um novo coadjutor, Frei Cornélio Gottenbos.
Então, em 1956, encerrou-se o tempo da presença dos frades, 5 anos, e a paróquia foi novamente entregue aos cuidados da Diocese de Leopoldina
Fonte: RSC 1950 - pág. 183
RSC 1951 - págs. 2, 175, 176, 188, 189
RSC 1952 - pág. 3, 193
RSC 1953 - pág. 22, 116
RSC 1954 - págs. 57, 58, 59
RSC 1955 - págs. 3, 46, 105, 174,
RSC - pág. 7.