Em 1922, foi aumentada essa paróquia com os distritos de Itaipé, que pertencia a Teófilo Otoni e São José do Caraí, que pertencia à paróquia de Araçuaí. Como vigário dessa enorme paróquia de 45.000 almas foi nomeado, a 10 de abril de 1923, Frei Venceslau Westhof, o qual, porém, ficou residindo em Itaipé. As vilas de Lufa e Caraí ganharam ambas um padre subordinado ao vigário. Frei Félix, em Lufa, teve em Frei Gualberto Schoonhof seu sucessor.
A Ordem Terceira foi fundada em 4 de outubro de 1923, com 8 homens e 31 mulheres, sendo Frei Gualberto o diretor.
Todos os dias é rezado o terço, quinta-feira a Bênção do Santíssimo, sexta-feira a Via Sacra e sábado é rezado ou cantado o Ofício de Nossa Senhora.
Pregações são feitas aos domingos e dias santos de guarda, como também nas viagens e então diariamente. Em mais ou menos 50 localidades (7 capelas e em casas particulares rezava-se a Santa Missa, eram feitos casamentos e batizados)
Nas viagens, na noite de chegada, é rezado o terço com pequena pregação e confissões; no dia seguinte, na Santa Missa há uma pregação ou instrução, são feitos os batizados e os casamentos.
A paróquia, que algum tempo estava vaga (com a saída de Frei Gualberto em 1925), agora é administrada por Frei Simeão van den Akker. Até à sua chegada em 1928, as viagens eram feitas por Frei Ubaldo Verdegaal. A situação espiritual dessa paróquia é satisfatória. Pregação é feita duas vezes por semana, além disso, em todos os dias santos, como também nas festas de São Sebastião, do Padroeiro, nas festas anuais nas capelas. O lugar está indo para trás, está saindo muita gente e ninguém de fora está se estabelecendo aqui, a Ordem terceira diminuiu muito. Essa foi fundada aqui em 4 de outubro de 1923 e hoje 25 pessoas fazem parte. Frei Simeão van den Akker é diretor que dirige a reunião mensal. Ele mesmo tem sido diretor do Apostolado da Oração e nessa qualidade dirige a reunião mensal por ocasião da primeira sexta-feira com a S. Comunhão Geral, como também a reunião seguinte da diretoria. Também desta associação diminuiu o número de associadas, pelos mesmos motivos como na Ordem terceira. Talvez ainda tenham 30 pessoas.
Bom Jesus do Lufa, onde era nossa residência, é um lugar como tantos outros no Brasil. O crescimento e florescimento, atraso e decadência são dependentes de situações acidentais, com as quais ninguém é capaz de contar. Quantas localidades havia na vizinhança de Lufa que antes eram florescentes, porque ali se achava ouro e agora se acham em situação deplorável, porque não tem mais ouro para catar. Assim está acontecendo agora a Lufa, embora que se saiba até agora, lá nunca houvesse ouro para ser catado. Somente por mudança de circunstâncias este lugar não mais pode regozijar-se no florescimento que nossos padres ainda conheceram. Na vizinhança veio uma linha de estrada de ferro: Lufa ficou fora dessa novidade, perdeu o movimento pela Estrada Real, como se fala aqui, e acabou-se sua situação florescente. Muitos moradores dirigiram-se para a nova estrada de ferro para trabalhar, os outros os seguiram, porque em Lufa sobra nada para ganhar a vida, de maneira que Lufa agora tem muitas casas com portas e janelas fechadas, como também nas listas da Ordem Terceira e de outras associações atrás de muitos nomes está acrescentado: mudou-se. Agora moram lá apenas umas 200 almas.
Assim estava a situação quando, em setembro de 1928, Frei Simeão van den Akker foi nomeado vigário. Constatou-se então o que tantas vezes foi opinado: o missionário em Lufa não mais está em lugar certo; o centro da paróquia transferiu-se para a estrada de ferro, mormente para São Bento, que atualmente só nessa localidade já se tem quase 2.000 habitantes. Quantos morrem lá sem os Santíssimos Sacramentos! Muitos ferroviários e comerciantes, vindos de todos os cantos, não tem animais de carga, muitos também perderam a fé para buscar o padre na distância de 5 ou 6 léguas. Não só por esses falecimentos, mas também por causa da própria vida religiosa e da pastoral, era desejável a mudança da nossa residência, porque criar por ali mais uma paróquia, nestas precárias condições de manter-se, não era ou ainda não é possível.
Nessas considerações, Frei Simeão van den Akker propôs ao bispo sua mudança para São Bento, na suposição de que o Padre Comissário, Paulo Stein, estivesse de acordo, o que se procurou saber logo. O bispo permitiu imediatamente esta mudança, achando-a uma boa solução, ainda mais porque a criação de uma nova paróquia, já muito tempo em preparação, não era realizável por enquanto. Também o Padre Comissário aplaudiu inteiramente essa proposta e permitiu, como foi pedido, que se mudasse imediatamente; a decisão definitiva cabia ao Padre Provincial que estava sendo esperado no Brasil.
Em definitivo é servida a paróquia do Bom Jesus de Lufa e, provisoriamente, uma parte das paróquias da Chapada e de Sucuriu. Como está a situação moral da paróquia do Bom Jesus, pode-se deduzir do número de batizados de crianças naturais, a saber, 50 dos 543. Na sua censura, porém, olhe as dificuldades especiais, distâncias, pobreza, ignorância e atraso. Como esta paróquia esteja habitada mais de 100 anos, existem aqui tradições religiosas e já se tem uma certa medida de conhecimento religioso.
A nova casa paroquial (em São Bento) está em construção e o telhado já está feito.
A Ordem Terceira de Lufa diminuiu muito pela grande decadência do lugar e pela ausência do padre. Das 38 pessoas da Ordem Terceira, 26 se mudaram para outros lugares. Frei Cirino Teernstra era o diretor do Apostolado da Oração e, como tal, presidia à reunião mensal e cuidava das solenidades com pregação nas primeiras sextas-feiras.
São Bento é novo nome, embora não oficial da paróquia, que era conhecida como do Bom Jesus de Lufa. A razão disso pode ser achada no fato que, faz ano e meio, o então vigário Frei Simeão van den Akker mudou sua residência de Lufa para São Bento e, desta maneira, embora Lufa ficasse com seus direitos de matriz, a paróquia mudou de nome, porque o povo considera simplesmente como centro da paróquia onde reside o padre, conforme o antigo ditado: Ubi Petrus, ibi et ecclesia
Fontes: RSC 1974 - págs. 317
Vinte e Cinco Anos no Brasil - 1899-1924 - págs. 38, 179, 180
Autor: Frei Sabino Staphorst ofm - Tradução de Frei Helano van Koppen ofm
Neerlandia Serafica (não editado) - págs.8, 24, 104,106.