A entidade fundadora foi a Mitra Diocesana de Araçuaí. Dom José de Haas, preocupado com a influência do Ginásio Sul-Americano sob a direção de um Pastor protestante, obrigou frei Modesto van Gastel, vigário de Nanuque, a começar um ginásio católico. Dom José até emprestou dinheiro para que o ginásio católico fosse uma realidade.
Não foi fácil obter licença das autoridades educacionais para o funcionamento de um segundo ginásio em Nanuque. Frei Carlos Schep, o sucessor de frei Modesto, lutou vários anos para que o Ginásio Santo Antônio pudesse iniciar as suas atividades. Aconselhado pela Diretoria do Ensino Comercial, ele começou a Escola Comercial Nossa Senhora de Fátima. Mas o povo de Nanuque não queria escola comercial, queria Ginásio porque os cursos não eram equiparados. Quem concluía o curso comercial devia fazer exame de adaptação para fazer o curso científico.
Logo, o Ginásio Sul-Americano continuava a escola mais procurada da cidade. Foi o que fez Dom José tomar a decisão de excomungar os pais cujos filhos menores estudavam no Ginásio Protestante, excomunhão mais tarde confirmada por Dom José Maria Pires o sucessor de Dom José de Haas.
Quando em 1958 o Ginásio Santo Antônio começou a funcionar sob a direção de frei Adalberto Lau, foi que a escola conheceu seu maior progresso. A concorrência com o Ginásio Sul-Americano diminuía aos poucos, porque o povo reconhecia a superioridade do Ginásio Católico pela seriedade do ensino.
Em 1970, durante o mandato de frei Erardo Veen como Provincial, o então Colégio Santo Antônio passou para a Ordem e incorporou-se à Casa de Santo Antônio. Frei Adalberto deixou a diretoria em 1974 quando ele foi em férias para a Holanda. Frei Augusto o sucedeu até 1976 quando este entregou a diretoria a frei Erardo Veen.
Frei Erardo uniu as duas escolas, a Escola Comercial Nossa Senhora de Fátima que ainda existia e o Colégio Santo Antônio. Providenciou a autorização para abrir o Curso de Magistério (antigo Curso Normal), construiu uma quadra de esportes, uma biblioteca, oficinas para os cursos profissionalizantes e um salão de festas.
Os cursos ministrados atualmente no Colégio Santo Antônio são: Curso do 1º grau completo (8 séries), Curso do 2º grau completo com os seguintes cursos profissionalizantes: Curso de Análises Clínicas, Curso de Auxiliar de Eletrônica, Curso Técnico de Contabilidade, Curso de Assistente de Administração, Curso de Magistério e Estudos Adicionais (4º ano normal).
Numa carta que o diretor Emílio Boudens escreveu aos professores por ocasião da Campanha da Fraternidade ele diz: ... é claro que para a igreja a educação humaniza e personaliza na medida em que for evangelizadora, isto é, anunciar explicitamente Cristo Libertador.
O que se deve questionar é se o Colégio Santo Antônio, da maneira como é e funciona, é uma alternativa válida para o pluralismo educacional.
Nossa escola é e aparece realmente como uma escola cristã, numa situação de transformação sócio-cultural caracterizada pela secularização da cultura, influenciada pelos meios de comunicação de massa e marcada pelo desenvolvimento econômico quantitativo que, embora haja significado algum progresso, não suscitou as requeridas mudanças para uma sociedade mais justa e equilibrada.
Sem dúvida a sociedade local atribui ao Colégio Santo Antônio um papel: o de ser uma escola melhor, o de não ser uma escola para qualquer um.
Mas a questão é saber se, assumindo este papel, o Colégio poderá desenvolver o projeto educativo cristão que é sua característica essencial. Ora o que se pode criticar, precisamente, no Colégio, é: a) o fato de ser uma escola que atende às famílias mais abastardas e, conseqüentemente, favorecer o elitismo; b) o fato de serem escassos os resultados na educação da fé e das mudanças sociais; c) de praticar uma pedagogia que não difere essencialmente da pedagogia praticada em outras escolas.
Até aqui a carta do diretor Emílio Boudens. Sem dúvida ele vê o Colégio como meio de evangelização, mas ao mesmo tempo ele questiona se o Colégio de fato evangeliza.
Até podíamos perguntar, qual o papel da entidade mantedora? Que é que ela pretende ao manter dois colégios? Se o objetivo é criar condições favoráveis para uma transformação sócio-cultural, mudanças de estruturas e promoção humana, vale a pena continuar esta obra. Está justificada a incorporação do Colégio de Nanuque na Casa de Santo Antônio.
E financiamento? O balanço está equilibrado. O Colégio não dá prejuízo à Casa de Santo Antônio e ainda ajuda sustentar as Comunidades Franciscanas de Nanuque pagando por mês Cr$90.000,00. É bom mencionar isto aqui, porque no balanço da província aparece o Colégio zerinho quanto à contribuição.
Qual é o futuro do Colégio?
É difícil prever. Provavelmente vão diminuir mais as matrículas em função da Escola Municipal, que este ano só funciona com o 1º ano básico (seis turmas). Mas sendo a procura grande, automaticamente, muitos que podem vão voltar para o colégio particular para fugir do ensino de massa. Além disso é importante introduzir outros cursos, até cursos superiores, se for possível, contanto que estes cursos ajude a comunidade nanuquense.
Qual é a relação entre a Comunidade Franciscana de Nanuque e o Colégio Santo Antônio?
Em termos de professorado, ninguém dos confrades dá aula no Colégio. Mas estamos estudando um modo de melhorar a presença dos franciscanos no Colégio, não através de aulas, mas através de movimentos entre estudantes e professores.
Também no Colégio deve ser possível começar comunidades de base. Já fizemos várias reuniões neste sentido com a diretoria.
A relação com o povo da cidade é boa. O Colégio tem bom nome e sempre coloca suas dependências á disposição para cursos e encontros. A diretoria tenta abrir o Colégio para o povo por meio de bolsas municipais, federais, estaduais e do salário de educação. Estas bolsas exigem muito da administração, mas tornam o estudo no Colégio mais acessível para o povo.
Provavelmente muitos confrades gostariam de saber a muito tempo alguma coisa sobre o Colégio Santo Antônio de Nanuque, principalmente agora que estamos perto de um Capítulo e talvez esse assunto vá aparecer na pauta.
Em 30/06/1995 a Casa de Santo Antônio encerrou suas atividades educacionais no Colégio Santo Antônio de Nanuque. Foram rescindidos os contratos de trabalho com todos os funcionários. Foi assinado um contrato de locação do imóvel e dos equipamentos com o Sistema Educacional de Nanuque Ltda. A entidade assumiu a direção do Colégio no dia 01/07/1995.
Por Frei Augusto Uitewaal
Fonte: RSC 1982, p.218-221
Fonte: RSC 1995, p.296.