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Lugar de presencia y acción

  • Identificador:
    11920
    Descripción:
    OFM/PSC Casa e Paróquia Franciscana Santo Antônio
    Lugar: Araçuaí, MG
    Fecha inicial:
    1912
    Fecha final:
    1979
    Notas sobre este lugar de presencia/acción:
    Araçuaí (= o rio do chapéu ou do cocar, ou ainda o rio do sol ou da arara ou do papagaio grande e ainda rio da água muito fria) era o Curato, do Município de Minas Novas, que foi elevado à paróquia em 01/06/1850, tornando-se município e vila com o nome de Araçuaí em 03/07/1857; distante de Teófilo Otoni 180 km e de Jequitinhonha 222 km, uns 30.000 almas, espalhadas em uns 3.000 km2. Quando, em 26/08/1911, Frei Júlio Berten sucedeu ao primeiro P. Comissário, Frei Rogério Burgers, teve a boa idéia de tirar de Teófilo Otoni do seu isolamento lá no Nordeste e conseguiu de D. Joaquim Silvério de Souza, bispo de Diamantina, as paróquias de Jequitinhonha e de Araçuaí, com a ressalva que os velhos vigários continuassem na sé, e que os freis tomassem conta da roça. Em Araçuaí era vigário o Cônego Florêncio Rodrigues de Moura Terra, com quem o Frei José de Haas, designado para Araçuaí, ficou hospedado desde o dia da sua chegada, 08 de março de 1912. Também o coadjutor Frei Flaviano van Liempt foi morar com eles desde o dia que chegou, em julho de 1912. Nessa mesma data Frei Júlio passou em Araçuaí, foi resolvido comprar para os freis uma casa própria, pertinho da matriz. Em setembro de 1913, o Sr. Cônego Florêncio, que já sofria de um defeito na língua, proveniente de um derrame, pediu demissão e então Frei José tomou posse da paróquia em 01/10/1913.

    Araçuaí tem sido boa paróquia, muito gente boa, religiosa, principalmente na zona rural, onde existem muitas capelas boas, até 15 léguas (=95 km) de distância; a ampla matriz tem uma linda Via-Sacra. Para o povo há uma boa biblioteca. Em 25/08/1913 é criada a nova diocese de Araçuaí com o primeiro bispo, Dom Serafim Gomes Jardim; na falta de padres seculares, Frei José é nomeado vigário geral e Frei Flaviano secretário do bispo. O Colégio diocesano São José, desde 03/11/1915, é dirigido por nosso Frei Sabino, mas ficou fechado em 1917 para abrir-se novamente em 1922, já com seu internato.

    Para atender melhor seus doentes e pobres, a Conferência de São Vicente abriu em 1915, sob a orientação de Frei José, seu Hospital Casa dos Pobres que após a enchente de 1919 foi bastante ampliado. Aliás, essa enchente causou muitos estragos na matriz-catedral, na casa paroquial, no Colégio São José e em muitas casas. Pouco depois Frei José foi acometido de tifo, mas sarou e foi à Holanda, donde voltou com saúde e com muito dinheiro para consertar os estragos da enchente. Foi nessa época que a paróquia foi desmembrada, criando a paróquia de Lufa em 1919 e a de Caraí em 1922. Foi nesse ano que o P. Provincial da Holanda, Frei Simão Bennenbroek, visitou Araçuaí, onde aprovou o Colégio Seráfico que Frei José inaugurou a 14 de agosto daquele ano com 7 seminaristas e dois Irmãos Terciários que, depois de um ano, receberam o hábito franciscano das mãos do novo P. Comissário, Frei Paulo Stein.

    As primeiras Irmãs Franciscanas chegaram à Araçuaí em abril de 1926, onde abriram sua Escola, no Colégio Nazaré, iniciado por Frei José, o qual se foi constituído o maior benefício para todo o Nordeste Mineiro. Uma nova calamidade atingiu Araçuaí, a segunda grande enchente de 9 a 10 de janeiro de 1929: o colégio diocesano São José acabou-se, a matriz-catedral foi devastada, servindo de matriz a igreja do Rosário. Mas os freis não desistiram de recomeçar sua obra benéfica, não só dentro da sua já grande paróquia, mas até fora dela. Assim o coadjutor, Frei Ubaldo Verdegaal, viajava quase constantemente pelas paróquias vizinhas de São Domingos, uma parte de Água Limpa (=Berilo), em Itaporé e Vereda. E Frei Pacômio era capelão e professor do Colégio Nazaré. Em 1933, já com licença de vender suas casas arruinadas pela enchente, os freis trataram de construir casa nova e já fazer os alicerces de uma nova matriz. Nesse meio tempo, Dom Serafim foi nomeado bispo de Diamantina (outubro de 1934) e o Vigário Geral, Frei José, foi nomeado Administrador da Diocese de Araçuaí. A nova residência dos freis, construída com dinheiro da casa, ficou pronta, feita, como a matriz, em lugar mais alto, longe do perigo de enchentes. O serviço paroquial já se fazia na capela do Santíssimo da nova matriz e no dia 13 de junho de 1935, dia do Padroeiro Santo Antônio, a nova matriz foi inaugurada. Essa construção realizou-se tão depressa, porque Frei José tinha trazido muito dinheiro de seus parentes e amigos na Holanda. Em setembro de 1935 Frei José foi ao Rio para tratar da sua naturalização brasileira que ele, como também Frei Adolfo, conseguiu facilmente com o auxílio de Frei Júlio, muito conhecido nas repartições oficiais. A nova casa, com seus muitos quartos e salas, serviu oficialmente para nela ser pregado o retiro espiritual, no fim de 1935, por Frei Cândido Vroomans que pregou também para as Franciscanas.

    O ano de 1937 foi muito significativo para Araçuaí: Frei José, já em seu terceiro ano de vigário capitular, teve a feliz iniciativa de fundar um seminário O Arassuahy para a diocese. O 1º número saiu no dia do Ano Novo de 1937 sob a direção do Mons. José Guedes e de Frei Rogato Hoogma.

    No mesmo mês de março de 1937, quando Frei José comemorava os 25 anos de sua chegada a Araçuaí em 1912, O Diário de Belo Horizonte, do dia 18, publicou a fausta notícia de que Frei José acabava de ser nomeado bispo de Araçuaí por S. Santidade o Papa Pio XI. A escolha de Frei José demorou a sair, mas foi muito acertada, pois conhecia, como ninguém, as necessidades dessa região. Além do mais, por sua prudência ganhara a confiança do clero da diocese, tanto secular como regular, nacional e estrangeiro, e por sua grande caridade ganhara a gratidão e o amor dos seus diocesanos. Sua simplicidade, modéstia e humildade são uma garantia de que ele será o homem certo no lugar certo.

    O regozijo foi geral. O Arassuahy publicou Duas Palavras do vigário Frei Rogato e Te Deun Laudmus de Mons. José Esteves Guedes, secretário do bispado. No encerramento da Semana Santa, presidida pelo bispo eleito, pelas 19:00 horas no domingo de Páscoa, na praça da matriz, o povo em massa prestou bem merecida homenagem à S.Exa. e veio pedir-lhe a sua primeira bênção. Ao bonito discurso do farmacêutico Narciso Colares, Dom José respondeu que aceitou sua nova missão para poder saciar a sede de Jesus, a sede das almas, das 600.000 almas da diocese. Disse que nesses 25 anos tomou amor a esta terra. E deu ao povo uma grande bênção. (SC 1937, p.67-71).

    A paróquia perdera um grande vigário, mas a diocese ganhou um bispo missionário. O coadjutor Frei Rogato Hoogma foi promovido a vigário de Araçuaí.

    Em fins de 1938, Dom José, de passagem em Belo horizonte, ao Rio e Holanda, veio interromper e até atrapalhar um pouco o nosso retiro silencioso no convento de Carlos Prates. S. Exa. nos contou as últimas de Araçuaí: seu colégio em Araçuaí vai bem, 60 alunos, equiparação prometida, ele cedeu seu palácio ao colégio, ficou o bispo sem casa - confusão de protestantes em penha nas margens do Rio Doce - os católicos reagiram... o culto acabou e o pastor sumiu. Faltam na diocese sacerdotes: grandes paróquias vagas: vigia (Almenara), São Pedro e outras, sem vigário: Manda, Senhor, operários...! (Frei Sabino, SC. 1938, p.165).

    Em junho de 1940, Frei Sabino, no seu giro pelo Nordeste de Minas, esteve também em Araçuaí e teve suas impressões: ... Araçuaí melhorou muito depois da minha saída. O vigário Frei Rogato Hoogma e seu coadjutor Frei Teodulfo kamsma trabalharam muito, mas queixam-se da seca, que prejudicou muito a freguesia, como também a de São Bento (N. Cruzeiro). A matriz é muito boa e a casa paroquial, ao lado dela, também é muito boa, à primeira vista até me pareceu boa demais... A catedral, o palácio episcopal e o colégio do bispo se acham ainda em estado embrionário e sua conclusão depende do melhoramento do erário de Dom Frei José. Ao Sr. Bispo não encontrei, porque estava em visita pastoral, quatro meses e nove dias a fio! Vi as ruínas do antigo colégio episcopal São José, cujos últimos restos estavam sendo demolidos na ocasião. Visitei o Colégio das Irmãs, bonito prédio, otimamente colocado em terreno amplo. E depois de tudo isso, não resisti mais a saudade e voltei para casa em Divinópolis. (SC. 1940, p.149)

    Para animar a instrução religiosa, Frei Rogato começou a organizar no salão paroquial um cineminha de projeções luminosas e o tal de Briguela ou Fantochada que reunia muitas crianças e até adultos; com bom tempo o fazia ao ar livre. Frei Rogato tinha muito jeito com a fantochada, pois seu pai era especialista nesse ramo e filho de peixe, peixe é. Vinha tanta gente que o Frei precisava de um bom alto-falante. E deu certo, até para fazer propaganda para a boa imprensa. As viagens pelo interior surtiam sempre melhores resultados, porque o coadjutor, Frei Teodulfo, era muito jeitoso e era muito querido pelo povo (SC. 1942, p.86s).

    Dom José ganhou, em outubro de1942, um vigário geral na pessoa do nosso canonista, Frei Cássio de Ruijter que seria também capelão do Colégio Nazaré. Ele ficou até janeiro de 1944, quando foi substituído por outro canonista nosso Frei Pacômio Thieman. Era um velho problema desde o primeiro bispo D. Serafim: a diocese devia ter seus consultores que deviam morar na sé ou perto; frades não podiam ser consultores, etc. Dom José, por intermédio do Núncio, dirigiu-se à Santa Sé que permitiu por três anos fossem frades consultores.

    Aliás, esse tempo foi de muitas transferências em série dos frades: Frei Teoduldo foi ser coadjutor em Teófilo Otoni, substituindo respectivamente por Frei Olavo, Ambrósio, Celestino e Manuel; Frei Rogato, nomeado vigário de Corinto, foi ser vigário em Teófilo Otoni: Frei Luís Geldens de Corinto foi ser vigário de Araçuaí e eu seria o coadjutor dele; meu baú já fora despachado para lá. Frei Luís logo adoeceu, foi transportado para Belo Horizonte e internado: tumor na cabeça. Eu fui ser seu sucessor em Corinto; Frei Osório foi ser vigário em Araçuaí.

    Frei Osório logo procurou dar nova vida ao movimento religioso: em lugar da Liga Católica, já desaparecida, veio a Irmandade do Santíssimo, bem animada; o catecismo escolar e paroquial foi reorganizado: na cidade foram criados 15 centros catequéticos com umas 600 crianças; começou com aulas de religião para professoras, com Círculo da Ação Católica feminina. Organizou muito boa Semana Santa com grande Páscoa dos Homens. Ele fez boas festas nas capelas; melhoramentos na matriz; grande festival de Cr$13.000,00 para a capela das irmãs; com os pobres gastou Cr$13.500,00. (SC. 1945, p.65ss).

    Sobre o movimento paroquial em 1945, Frei Osório declarou: A freqüência às missas dominicais e à do catecismo foi, durante o ano todo, nosso assunto mais batido e nossa maior preocupação; as festas de costume, como também a Semana Santa, deram bons resultados espirituais e financeiros. Na Páscoa dos Homens, pregada pelo P. Clóvis, quase todos os rapazes se confessaram. No sábado de Aleluia não houve diversão nenhuma na cidade, a pedido do vigário. (SC. 1945, p.37s).

    Logo no começo de 1947 houve diversas transferências: Frei Osório foi para Teófilo Otoni como vice-diretor e secretário do Ginásio São José. Frei Teodulfo voltou para Araçuaí, agora como vigário com Frei Fernando Stokman, coadjutor. Voltou também Frei Cássio como vigário geral. Dom José estava na Holanda, para onde partira no dia 16 de dezembro de 1946 em procura de auxiliares para a sua diocese. Já no dia 14 de fevereiro, outra vez de avião, estava de volta no Rio. Também o vigário Frei Teodulfo foi gozar férias na Holanda (22/11/1947), sendo nomeado seu substituto o coadjutor, Frei Fernando e veio para Araçuaí Frei Salésio Heskes como coadjutor. Em janeiro de 1948, Frei Cássio, a pedido seu, por motivo de falta de saúde, foi exonerado do cargo de vigário geral e foi nomeado assistente da Ação Católica da diocese. Nesse meio tempo, o Provincial da Holanda, Frei Apolinário van Leeuwen, fez sua visita canônica em Araçuaí nos dias 17 e 18 de fevereiro de 1949: visita muito importante, pois o grande resultado foi a ereção da nossa Província independente de Santa Cruz.

    Em junho de 1949, Frei Sebastião veio da longínqua Não-Me-Toque do Rio Grande do Sul para o Nordeste de Minas para ser capelão do Colégio Nazaré. Já em novembro do mesmo ano voltou para a sua Não-Me-Toque, e veio lá de Porto Alegre o Frei Tiago Scheffers como capelão do Nazaré: transferências quilométricas do Norte para o Sul, do Sul para o Norte.

    Com todas essas peripécias, foi celebrado, em Belo Horizonte, o primeiro capítulo da nossa província: fim de dezembro de 1949. E na lista capitular, a comunidade de Araçuaí ficou constituída assim: Frei Teodulfo kamsma vigário, Frei Guilherme Helsloot coadjutor e Frei Tiago Scheffers capelão do Nazaré. Como mordomo do palácio de Dom José continuou o nosso Frei Anjo=Ângelo da Silva, irmão professo da Ordem Terceira.

    Em tempo. Os Padres Franciscanos, por muitos anos, continuaram seus trabalhos apostólicos em Araçuaí, sempre em boa harmonia com os Srs. Bispos: Dom Serafim Gomes Jardim (1914-1934), Dom José de Haas (1937-1956), Dom José Maria Pires (1957-1965), Dom Altivo Pacheco Ribeiro (1966-1973), Dom Silvestre Luís Scandian (1975-1981) e Dom Crescenzio Rinaldini (1982...). Por falta, porém, de pessoal, a nossa província se viu obrigada a entregar a paróquia ao bispo, em 01/07/1978, depois de 66 anos de abençoada pastoral. Na despedida, a Municipalidade colocou, à entrada da matriz, uma pedra com inscrição em metal indestrutível:

    Pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se vive a vida eterna. Araçuaí quer se lembrar a vida inteira dos Franciscanos e não se cansar de agradecer-lhes pelos 66 anos de doação à sua gente. (66 anos de Araçuaí por Frei Olavo em SC. 1978, p. 75-79, 134-139, 193-200).

    NB. Até outubro de 1989, Frei Francisco Prick continuou em Araçuaí na Ação Social Santo Antônio quando foi transferido para Jequitinhonha, nossas Irmãs Franciscanas ainda dirigem seu Colégio Nazaré.

    Por Frei Helano van Koppen

    Fonte: Livro Nossas Mineiras, 1991, p.16 a 20.

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SATLER, Fabiano Aguilar. OFM/PSC Casa e Paróquia Franciscana Santo Antônio. Red Internacional de Estudios Franciscanos en Brasil. Disponible en: http://riefbr.net.br/es/content/ofmpsc-casa-e-paroquia-franciscana-santo-antonio. Accedido en: 19/01/2025.