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Geseke, na diocese de Paderborn, Alemanha, foi a terra natal de Frei Saturnino Haselhorst, onde nasceu a 19 de janeiro de 1870. Tornou-se membro da Ordem franciscana aos 29 anos, em 28 de agosto de 1899, no convento de Harreveld, Holanda, e cinco anos depois, em 1904, veio para o Brasil. A obediência religiosa deu-lhe como tarefa conventual o trabalho na cozinha. Foi cozinheiro em Curitibanos, SC; Curitiba, PR; Rio de Janeiro, RJ; São Paulo (Pari) e Amparo, SP. A permanência mais prolongada, entremeada com os lugares acima mencionados ele a passou no convento de Santo Antônio, em Blumenau, SC: 32 anos. Os frades que com ele conviveram lembravam-se dele como de um religioso afável, fiel e bom colega. Sempre pontual na observância das prescrições e regras da Ordem e nos exercícios religiosos, foi também muito caridoso e serviçal. Dos seus ancestrais, homens de têmpera rija, os ardilosos campônios da Westfália, herdou qualidades e talentos. Tinha, por isso, um jeitinho muito especial para lidar com os colonos e sabia receber deles produtos e mantimentos para as necessidades da cozinha do convento e colégio. Capacitado por uma boa formação religiosa, pôde ser útil aos párocos no preparo das crianças para a primeira eucaristia e na organização de festas e quermesses paroquiais. Nos últimos anos de vida sofreu bastante com os incômodos da idade e da esclerose. A sufocação da asma e a opressão do peito se tornaram sempre mais frequentes e mais violentas. Daí o subir escadas lhe darem a impressão de elas se tornarem sempre mais longas, e os degraus cada vez mais altos. Neste período sua atividade na cozinha se restringia exclusivamente a descascar batatas, ocupação pela qual ele mesmo optou. A fama que sempre o acompanhou, a de ser um frade esperto e ladino, se mostrou até por ocasião de seu falecimento, ocorrido no hospital de Santa Isabel, em Blumenau, no domingo da Páscoa, 17 de abril de 1938. Como antigamente nas colônias de imigração era feriado, a segunda feira de Páscoa, Frei Saturnino teve uma missa de corpo presente, bem concorrida. A presença do coral "Santa Cecília", cantando a missa de réquiem a mais vozes impressionou os assistentes. Foi voz geral, que missa fúnebre tão solene e tão participada, só a teve mesmo o finório do Frei Saturnino.

Fonte: JEILER, Inácio. Confrades da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, falecidos nos primeiros 50 anos da restauração (1891-1941). São Paulo: Província Franciscana Imaculada Conceição, 1990, p. 201.