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Na Pomerânia, em Jassen, Alemanha, nasceu Teodoro Mustschall, aos 29 de janeiro de 1860. Sua família, antepassados, bem como toda a vizinhança, eram protestantes. De seu pai, no entanto, aprendeu a respeitar as pessoas e suas convicções religiosas e de nunca escarnecer delas. Muito lhe valeram aqueles ensinamentos, sobretudo durante o tempo do serviço militar. Tendo aprendido o ofício de ferreiro, veio aos 26 anos para a cidade portuária de Bremen, Alemanha, e lá empregou-se como maquinista numa companhia marítima transatlântica. De um acidente ocorrido numa das viagens contraiu um ferimento interno, e a instâncias do capitão do navio foi internado em Bremerhaven, num hospital católico, onde ficou durante 4 meses. A princípio sentiu-se bastante incomodado em ser atendido por religiosas, mas sendo um observador atento, começou a ficar impressionado com a dedicação à toda prova que dia e noite demonstravam. Curioso, perguntou qual era a diária por um trabalho tão estafante. “Dinheiro?" - respondeu a irmã, fazendo pouco caso - "nós só confiamos na recompensa de Deus". Sentindo assim, na prática, a vivência cristã, pediu em breve uma leitura instrutiva, e pouco depois um catecismo católico. Ficou não pouco admirado, com a delicada recusa, mas tomou assim mesmo a firme resolução de tornar-se católico. Solicitou também ao capelão do hospital esta graça, que lhe recomendou um tempo de preparação e de fervorosa confiança em Deus, sobretudo por causa da lesão, pois, por causa dela, tinha sido encaminhado até para exames numa clínica universitária. Cheio de confiança, deitou-se certa noite, e na manhã seguinte acordou curado, para espanto e alegria das enfermeiras, dos médicos e dele próprio. Daí em diante nada mais o pode segurar. Deixando até de trabalhar, e vivendo de umas economias, dedicou-se exclusivamente à instrução religiosa, para poder abraçar definitivamente a fé católica. Só depois de ter, com alegria, realizado seu sonho, foi trabalhar num estaleiro onde havia 600 empregados. Recebeu a chefia das oficinas de ferreiro. Pouco tempo duraram as piadas e caçoadas dos funcionários a seu respeito, devido, sobretudo, às respostas tranquilas e acertadas que sabia dar. A influência dele se fazia sentir beneficamente tanto no seu trabalho consciencioso e pontual, como na dedicação e interesse que demonstrava pelos subordinados. Mas Teodoro não se achava internamente satisfeito, sentia nele uma atração irresistível para a vida religiosa. Em dezembro de 1889 pôde realizar este desejo, ingressando em Harreveld, Holanda, como irmão leigo na vida franciscana, recebendo o nome de Frei Rainério. Três anos depois veio para a missão brasileira, ficando em Teresópolis (agora: Vila Teresópolis, SC), primeira residência da Missão. No ano seguinte foi transferido para Blumenau, SC, onde durante decênios foi ferrador, serralheiro e maquinista, sendo seu trabalho de inestimável valia para o colégio e o convento. Todos o estimavam pela conduta singela, zelo pela honra de Deus e salvação das almas. Durante muitos anos sofreu de doloroso mal do estômago. Uma operação trouxe certo alívio, mas passageiro. Nos últimos 15 dias de vida não deixou mais o quarto de enfermo. Recebeu os sacramentos com plena lucidez. Faleceu dia 24 de novembro de 1929. O sepultamento foi muito concorrido. Os quase 36 anos em Blumenau o fizeram conhecido, estimado e respeitado, sobretudo pelo seu gênio afável e alegre.

Fonte: JEILER, Inácio. Confrades da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, falecidos nos primeiros 50 anos da restauração (1891-1941). São Paulo: Província Franciscana Imaculada Conceição, 1990, p. 121.