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Franciscano/a

  • Alt
    Identificador:
    11531
    Nombre:
    Fr. Oto Vervoort, OFM (Arnold Vervoort)
    Sexo:
    Fecha de nacimiento:
    29/07/1857
    Fecha del fallecimiento:
    30/03/1940
    Lugar de nacimiento: Sambeek, NL
    Lugar del fallecimiento: São João del-Rei, MG
    Estado eclesiástico:
    Notas Biográficas:

    IN MEMORIAM

     

    No dia 30 de março faleceu em no convento de S. João del Rei Frei Oto Vervoort. Traduzimos aqui a carta que o Revmo Padre Guardião daquele convento escreveu a respeito ao Revmo Padre Comissário.

    De certo já recebeu o meu telegrama. Assim, foi para o céu o sênior da nossa Província. Hoje às 18 horas será o enterro.

    Nos últimos tempos Frei Oto sofria muito de prisão de ventre. Mas, segundo seu costume, não disse nada, até que um belo dia, estando eu ausente em Belo Horizonte, a coisa se tornou publica. Fizemos então o que foi possível. Vomitava muito e tomou um remédio contra isso. Mas a prisão de ventre continuou, de modo que, há uns 15 dias, chamei novamente o médico e então verificou se que Frei Oto de há 30 anos sofria de hérnia dupla. Enfim, o médico examinou-o, receitou e a prisão de ventre diminuiu. Mas segunda feira passada, 25 de março, chamei mais uma vez o médico, o qual constatou que o coração estava muito fraco e a cada momento podia morrer. Vomitava sangue, continuamente. Na mesma noite, às 21 horas mais ou menos, recebeu a Extrema Unção. Comungar não foi possível, por causa dos vômitos. Mas ainda na manhã do mesmo dia, portanto em perigo de morte, tinha recebido a S. Comunhão. Estava muito resignado e aceitava a morte. O médico me tinha dito que provavelmente, agüentaria até o dia 1° de Abril, mas ontem à noite, na presença do médico peorava rapidamente. Fui chamado, dirigí-me imediatamente para sua cela, mandei chamar Frei Norberto, seu confessor, que mais uma vez lhe deu a absolvição. Mandei chamar então toda a comunidade e principiamos a rezar as orações dos moribundos. Estava no pleno uso da sua razão e até poucos minutos antes de morrer rezou conosco. No princípio sentia aflição, mas depois ficou muito calmo e muito calmo morreu. A.agonia durou mais ou menos das 19 horas até 20:15.

    Assim perdemos o Oto, exemplar de simplicidade franciscana e de vida verdadeiramente religiosa, exemplo também de penitência e de conformidade com a Vontade divina, com o que muito nós edificou. Ele sabia muito bem que ia morrer. Uma vez, estando com ele perguntei-lhe qual era sua opinião. Minha opinião, respondeu-me, é que morrerei amanhã ou depois. Ainda ontem me disse: agüentarei enquanto Deus for servido. Foi uma morte como qualquer um de nós pode desejar. Morreu sentado.

    Curriculum vitae defuncti

    Nasceu a 29-7-1857 em Sambeek,

    Recebeu o hábito da O. III a 16-10-1887,

    Da primeira Ordem a 31-12-1895,

    Fez profissão solene a 3-1-1900,

    Chegou a Manaos, Brasil, a 18-12-1899, onde residiu até 27-2-1901,

    Mudou-se então para Niterói, onde ficou até 31-3-1913,

    Morou em São João del Rei até 16-1-1919,

    Curralinho até 14-2-1921,

    Pirapora até 6-6-1923,

    Cascadura até 26-11-1923

    São João del Rei até sua morte

    É num simples nome com duas datas, gravadas ou pintadas numa cruz tosca que se resume a maior parte dos necrológios. Tão chã e monótona corre a vida da grande massa dos homens que nem vale a pena mencionar um único fato ou acontecimento que à posteridade possa interessar. De veras, sumamente miserável seria a condição do homem sobre a terra não lhe fulgisse a esperança de uma vida melhor, não possuísse ele a certeza inabalável de que a vida não se extingue mas apenas se transmuda. A vida natural não vale a pena ser vivida nem vencida uma vez que aos olhos de Deus nenhum valor tenha. Vale a vida tão só pelo valor da vida sobrenatural, já que é certo que o menor grau na ordem da graça sobreleva de muito ao mais alto na ordem da simples natureza. Já no-lo disse tão acertadamente Tomaz de Kempis naquela comparação mui citada do campônio simples e daquele sábio que investiga o curso dos astros. Todo o gênio e talento humano, toda a sabedoria dos homens é esterco em comparação com a menor parcela da graça.

    Frei Oto, cujo necrológio, em rápida síntese, nos abalançamos a esboçar, não apenas o acreditava senão se convencera, pouco a pouco, da sua relevância para os poucos dias da sua vida. Era ele um homem de fé profunda, esclarecida e máscula. Valia-lhe mais a vida sobrenatural do que a natural, tinha ele muito mais fé na sua vida interior do que na sua exterior. Tivesse sido frei Oto apenas um indivíduo, não há dúvida, ele teria dado valor às inúmeras bagatelas deste mundo que tanto nos fascinam e prendem o coração. E a sua inteligência aguda nem se enganou quanto ao método mais fértil de apostolado, pois apóstolo era ele com todas as veras do seu grande coração. Estava frei Oto intimamente convencido de que existe só um meio para melhorar os homens - também os nossos alunos - para os tornar mais puros e justos... é ser ele mesmo melhor, puro e justo, pois o que decide não é aquilo que sabemos e fazemos, mas o que diante de Deus somos, pouco importando o que digamos ou façamos contanto que sejamos alguém, sejamos uma verdadeira personalidade na ordem da graça.

    No sentido mais rigoroso do termo era frei Oto, uma personalidade sobrenatural. Todos lhe devem reconhecer este mérito, o maior dos elogios que a um homem se possa tecer. Sabia ser verdade tudo quanto acreditava. Falava do sobrenatural como uma criança das coisas da casa de seu pai. E apesar de não ignorar que a miserável felicidade humana existe, não a procurava, convencido de que ela é somente uma caricatura daquela que ele almejava. Isto é ser grande no reino de Deus! O resto é como tão finamente o Espírito Santo lhe chama "apenas fascinação da bagatela E a frei Oto nunca fascinaram. Simples, modesto sem. cascanaajes Era possuido de um santo horror à "mulherada" preferia constantemente um prato cheio de chucrute a um doce muito doce, muito bom para "kakmadams Eis alguns traços que bem o caraterizam.

    E ainda o vejo gingando rumo à "sua" horta, chapéu de palha bem enterrado na cabeça, lenço vermelho amarrado ao pescoço, cachimbinho... oh, estas bagatelas!... com um balaio. E assim dezenas de anos, sempre contente e alegre. Tudo para a maior glória de Deus. Ele plantava e Deus dava o crescimento... e assim ano a ano... e embora alguns da comunidade achassem que Deus desse crescimento demais, frei Oto, mostrando-se até nisto uma personalidade, não cedia e plantava em lugar de "princessenboontjes", koningin-moeder-boonen, como jocosamente lhes chamavam. Era "seu" método. E não cedia. Era assim frei Oto "tudo por atacado", ou antes '"alles in 't groot", até "groote boonen Estilo moderno, todas as linhas, curvas e retas, concentravam-se na figura adorável de Cristo crucificado. Era de ver a intensa devoção com que, já desde bem cedo, assistia à S. Missa e rezava diariamente a sua Via Sacra. Era ele um irmão leigo franciscano dos que mais o sejam: criança nas mãos do seu superior, irmão prestimoso para os seus confrades, homem maduro na sua devoção e princípios. "Ama nesciri" foi a sua divisa durante mais de 50 anos. Que de sacrifícios encerram estas poucas palavras concisas para o "eu" idolatrado e bem-amado. Nós talvez o possamos imaginar e de longe apreciar. E isto durante mais de 50 anos. É muito para o homem.

    E as suas bodas de ouro! Era o seu dia, a sua festa que tanto desejava celebrar conosco. Ainda o vejo. A emoção a lhe embargar a voz e um sorriso de ação de graças a lhe bailar nos lábios. "Eu, frei Oto, de novo prometo viver em obediência, em pobreza, em castidade E radiante de alegria ouviu a resposta.do seu superior "E eu te prometo, da parte de Deus, a vida eterna Promessa e profecia ao mesmo tempo. Estava radiante, agora o seu corpo podia ser dissolvido. Da parte de Deus tinha a promessa da vida eterna.

    E o dia chegou. Trocou ele a vida terrestre pela vida eterna na hora do lusco-fuso do dia 29 de março. Fê-lo como o faz a natureza, sem barulho, sem ninguém se impressionar, imperceptivelmente. O apagar lento e calmo da luz solar. Morreu como vivera, na maior simplicidade e com a maior naturalidade, pois sabia que a morte não existe, que ela é um fantasma sem consistência. Esperava, resignado, a vida. A sua última esperança, pois agora já sabe, em Deus, que o seu corpo, que jaz num cantinho do cemitério de São Francisco, vai ressurgir. As suas últimas palavras "rezar é sempre bom E daí a pouco a comunidade toda rezava, ajoelhada em redor do seu cadáver, o ''Subvenite...'' Frei Oto nos precedera in terram viventium. E nós com inveja e saudades do bom de frei Oto. Ele já descansa na paz que o mundo não nos pode dar: daí a nossa santa inveja: -"Rezar por ele é sempre bom

    Aí vão algumas datas e fatos que talvez a um ou outro interessem.

    Notas biográficas

    Frei Oto Vervoort nasceu no dia 29 de Julho de 1858, na Holanda.

    Ingressou, em 1881, na Congregação dos Sacramentinos, em Bruxelas.

    Dessa Congregação saiu em 1886 para, em seguida, entrar para a Ordem de S. Francisco de Assis.

    Em 1899 vieram os Padres Franciscanos Holandeses para o Brasil. Veiu Frei Oto com a primeira turma, que se estabeleceu em Manaos. Não podendo ai ficar por causa do clima, que fazia grassar o beri-beri, vieram os Franciscanos para Niterói, em 1901, onde frei Oto ficou até fins de março de 1913, quando foi mandado, pela primeira vez, para S. João del Rei. Aquí residiu até 16-1-1919, nesta data foi para Pirapora.

    De Pirapora foi transferido, outra vez, para S. João del Rei, aquí chegando em 26 de novembro de 1923, e aquí ficando até sua morte ocorrida aos 29 de março de 1940.

    Fonte: Revista dos Franciscanos da Província Santa Cruz, 1940, p. 64-65 e 80 a 82.

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SATLER, Fabiano Aguilar. Fr. Oto Vervoort, OFM (Arnold Vervoort). Red Internacional de Estudios Franciscanos en Brasil. Disponible en: http://riefbr.net.br/es/content/fr-oto-vervoort-ofm-arnold-vervoort. Accedido en: 19/01/2025.