Grande surpresa causou aos confrades da Província a notícia de falecimento de Frei Evaristo Schürmann, ocorrido na cidade do Rio de Janeiro, RJ. Um ataque apoplético, numa clínica para tratamento de nervos, encerrou sua vida no dia 26 de junho de 1939. Poucos sabiam que ele se encontrava no Rio, pois, sua estadia e internamento ali só duraram uma semana. Nasceu Frei Evaristo Schürmann no dia 19 de setembro de 1878 na aldeia de Clarholz, diocese de Paderborn, Alemanha. Para servir a Deus numa vida mais perfeita e ajudar espiritualmente aos irmãos, ingressou aos 14 anos, no seminário franciscano de Harreveld, Holanda. No fim do ano de 1894 (3 de dezembro) veio para a missão brasileira com mais 15 religiosos e um bom grupo de colegas estudantes, desembarcando em Olinda, PE. Como quase todos logo adoecessem de febres, foram já em 1895 transferidos para Blumenau, SC, onde ele terminou com brilhantismo o ginásio e recebeu o hábito franciscano no dia 9 de maio de 1897. Concluiu também com sucesso os estudos de filosofia e teologia e na data de 21 de setembro de 1902 foi ordenado presbítero na capela do convento de Blumenau, pelas mãos do primeiro bispo diocesano dos estados do Paraná e Santa Catarina, Dom José de Camargo Barros (1894-1904). Recebida a "cura", e devido o seu privilegiado talento, foi até o ano de 1906 professor no colégio Santo Antônio e lente de filosofia e teologia dos frades estudantes, trabalhando simultaneamente na cura de almas e na pregação de missões populares. Passou depois dois anos em Petrópolis, RJ, na pastoral e em 1908 foi nomeado vigário conventual da nova fundação em São José, SC. Ali permaneceu somente um ano. Florianópolis, SC, foi a seguir seu campo de trabalho onde residiu os 30 restantes anos de vida. Considerado idôneo e capaz, foi acompanhante, nas visitas pastorais, do primeiro bispo de Santa Catarina, Dom João Becker (1908-1912) e também missionária, guardião, definidor da província em 1911. Em 1924 seu nome foi até cogitado para ser o primeiro bispo de Lages, SC. Superior por muitos anos em Florianópolis, merece especial destaque a construção da matriz de Santo Antônio e a residência dos frades. Juntamente com a cura de almas dedicou-se ao ensino, para o que era muito jeitoso. Pelo Governo Estadual foi nomeado professor de latim e alemão na Escola Normal, e pelo bispado, diretor do grupo escolar “São José". Sua atividade na diocese recebeu merecido reconhecimento pela sua nomeação para pró-vigário Geral, por ocasião do falecimento de monsenhor Topp, em fins de 1925. Por dispensa papal, foi no dia 7 de fevereiro de 1935 efetivado como vigário Geral da diocese. Foi ainda capelão do orfanato e do grande colégio das Irmãs, diretor da Ordem Franciscana Secular, das Damas de caridade e das Filhas de Maria. Em todas as camadas da sociedade sua presença e personalidade eram tidas em grande estima. Já seu exterior tinha algo de cativante, pois, foi aquinhoado com um temperamento muito afável e benigno, além de boníssimo de coração e de uma liberalidade sem limites. Uma nota trágica acompanhou os dois últimos anos de vida de Frei Evaristo. Em 9 de março de 1938 sofreu desastre de automóvel, resultando em preocupante ferimento craniano que exigiu intervenção cirúrgica. Certamente deve ter sofrido comoção celebrai, o que lhe trouxe como consequência, grave abalo dos nervos e um anuviamento do espírito. Pequenos aborrecimentos eram para ele agora, problemas preocupantes, sobretudo nas questões financeiras. Sua bondade, sua liberalidade, seus encargos, sua vida independente, tornaram-se então para ele funestos. Pessoas, sem consciência, souberam explorá-lo escandalosamente e, mesmo sob ameaças e extorsões, tiravam dele dinheiro, sua natureza sensível deixava-se atemorizar e assim recorrendo a amigos e conhecidos, para obter ajuda financeira, suas dívidas foram-se tornando muito grandes. Com seu repentino falecimento apresentaram-se os credores, exigindo o que ele lhes ficara devendo. O montante passou dos 800 mil contos de réis, soma elevadíssima para a época, deixando um problema moral angustiante para a Província. Seu estado de espírito agravava-se sempre mais e mais e, apesar de aconselhado por confrades e amigos a procurar médico especialista no Rio de Janeiro, achava sua presença em Florianópolis, indispensável e não queria deixar a cidade. Negava desesperadamente que estivesse enfermo. Só aceitou a ideia de ir para o Rio, como uma pequena viagem de recreio, querendo voltar o quanto antes. No Rio só lhe restou uma semana de vida, sendo arrebatado por um ataque apoplético no dia 26 de junho de 1939. A notícia de sua inesperada morte tomou de surpresa os moradores da capital catarinense. Foram celebradas solenes exéquias na catedral. Circular de Monsenhor Baron, bem como os jornais relembravam passagens de sua vida e sobretudo suas muitas benemerências praticadas até para com pessoas mal intencionadas.
Fonte: JEILER, Inácio. Confrades da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, falecidos nos primeiros 50 anos da restauração (1891-1941). São Paulo: Província Franciscana Imaculada Conceição, 1990, p. 213.
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Identificador:57260Nombre:Fr. Evaristo Schürmann, OFMSexo:Fecha de nacimiento:19/09/1878Fecha de entrada:09/05/1897Fecha del fallecimiento:26/06/1939Lugar de nacimiento: Alemanha, DELugar del fallecimiento: Rio de Janeiro (Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro), RJGrupo Religioso: OFM ― Ordem dos Frades MenoresEstado eclesiástico:Notas Biográficas:
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cómo citar este contenidoJEILER, Inácio. Fr. Evaristo Schürmann, OFM. Red Internacional de Estudios Franciscanos en Brasil. Disponible en: http://riefbr.net.br/es/content/fr-evaristo-schurmann-ofm. Accedido en: 31/01/2025.