Frei Angelino (Louis Steverink), nasceu na Holanda, na pequena cidade de Megen, durante dois séculos e mais o posto mais avançado dos missionários franciscanos que iam trabalhar na terra das missões, que então era a Holanda. Estudou no ginásio franciscano da sua terra natal, onde brilhou pelos seus conhecimentos do grego, principalmente de Homero. Entrou para a nossa Ordem em 1920, ordenou-se em 1927 e embarcou rumo ao Brasil, em 1938. Sobre a sua atividade durante onze anos na Holanda, não posso dar muitas informações. Certo é que trabalhou na cura de almas, e foi por algum tempo coadjutor numa paróquia. Depois de passar 4 meses em Belo Horizonte para aprender a língua, foi nomeado coadjutor em Cordisburgo, (1938-41), e depois professor no seminário de Taquarí, coadjutor em Divinópolis, Monte Belo, Cordisburgo e Corinto (1941- 47). Em seguida foi nomeado vigário em Águas Formosas e coadjutor de Machacalis. Depois das férias em 1950, trabalhou em Teófilo Otoni como coadjutor da paróquia de Nossa Senhora da Conceição. Em julho de 1953 foi transferido para o Rio, para tomar conta da capela do Amparo, da paróquia de Cavalcante, onde trabalhou até 1954.
De índole tímido e acanhado, escrupuloso até, frei Angelino era um bom confrade, que gostava da convivência com os outros, contribuía para a alegria comum com as suas modinhas, cantadas com a sua voz sonora, ou declamando em grego os hexâmetros do seu adorado Homero. Nas paróquias de Minas, trabalhou com grande dedicação, pregando por sua palavra e pela sua vida as verdades cristãs ao povo do interior. No entanto, com o tempo começou a sofrer de certos ataques. A primeira vez foi em Taquarí, se não me engano. Mais grave foi o caso nas suas primeiras férias na Holanda, onde sofreu uma depressão bem grave. Os Superiores de lá não queriam que voltasse para o Brasil, mas o psiquiatra foi de opinião contrária, e assim frei Angelino embarcou. No meio da viagem sobreveio a crise, de modo que foi preciso interná-lo logo depois do desembarque. Passados diversos anos, o caso se repetiu. Submeteu-se então a um tratamento psiquiátrico no Instituto Juliano Moreira, em Jacarepaguá. Restabelecido do seu estado depressivo, ficou em Cascadura, e quando a sua cura parecia estável, foi nomeado capelão do Hospital de Nossa Senhora das Dores. Como estava satisfeito com essa nomeação, e com quanta alegria desempenhou o seu cargo! Gostava realmente do Sanatório, tornando-se mais intenso ainda o seu contentamento, quando a Diretoria construiu para ele uma nova residência, em cima da sacristia.
Em 1960 foi pela segunda vez à Holanda. Visitou sozinho os célebres santuários de Fátima e de Lourdes, passou por Paris, e assim chegou à casa de seus irmãos em Megen. Voltou muito alegre e disposto para continuar o seu ofício de capelão do Hospital, até o dia trágico da sua morte. Descanse agora em paz a alma do nosso caro confrade.
Faleceu dia 20/10/1961, na Santa Casa de Misericórdia no Rio de Janeiro, com 59 anos de idade, 41 anos de vida franciscana e 34 anos de sacerdócio.
Por Frei Respício van Valkenhoef
Fonte: RSC 1961, p. 205-206