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Em Haaren, Holanda, localidade que faz fronteiras com a Alemanha, nasceu a 1 de junho de 1866, Frei Niceto Peters. Após o primário e o ginasial, dedicou-se ao estudo da arquitetura, tornando-se mestre de obras e perito desenhista de plantas. Aos 27 anos ingressou em Harreveld, Holanda, na vida franciscana como irmão religioso em 8 de setembro de 1893. Ali permaneceu pelo espaço de 10 anos, trabalhando ativamente na sua especialidade, que eram as construções. Temporariamente exerceu também o ofício de sacristão. Em 20 de novembro de 1899 iniciou o noviciado na Ordem Primeira e professou solenemente a 31 de janeiro de 1903. Para participar da renovação franciscana, iniciada já há mais de um decênio, viajou para o Brasil, onde chegou em 11 de novembro de 1903. Dedicado ao ofício de construtor, encontramos Frei Niceto nos primeiros anos de Brasil, ativo em Santo Amaro do Cubatão, atual Santo Amaro da Imperatriz, SC; São José, SC; Paranaguá, PR; Curitiba, PR, e Blumenau, SC. Com facilidade aprendeu a língua portuguesa e a usava fluentemente, o que muito lhe valeu no seu futuro apostolado. A seu pedido, recebeu em 22 de maio de 1909, do Padre Geral da Ordem Franciscana, a obediência de poder participar do Comissariado da Terra Santa, em terras brasileiras. Passou a residir então na cidade do Rio de Janeiro, RJ, no bairro de Cascadura, tendo como superior da Custódia da Terra Santa no Brasil a Frei Ciríaco Hielscher. Grande foi sua ajuda ali na construção da igreja matriz do Santo Sepulcro. Iniciou logo depois longo período de viagens para a divulgação dos Lugares Santos da Palestina. Percorreu Minas Gerais, bem como os Estados sulinos e muitas regiões do nordeste. Sua atividade não se limitava em arrecadar fundos, nas cidades portuárias ou nas vilas e localidades servidas por estradas de ferro. Seu zelo o fazia palminar o interior do Brasil, qual tropeiro, divulgando a Terra Santa do Cristo e deixando em toda a parte, pessoas responsáveis, interessadas e capazes de continuarem o trabalho de divulgação. Fazia inúmeras reuniões, dava conferências e palestras ilustradas sempre por projeções de um aparelho (antecessor do audiovisual) que levava consigo, com slides dos lugares e das atividades dos franciscanos na Terra Santa. No ano de 1925 recebeu licença de associar-se a uma peregrinação aos Lugares Santos da Palestina. Na cidade de Belém pôde fazer seu retiro anual e lá até participar do Natal do Senhor. Depois do seu retorno, o entusiasmado por este apostolado ainda aumentou. Seu talento de arquiteto também não ficou esquecido nestes anos. Muito vigário preocupado com a construção ou reforma da matriz e de capelas, recebeu dele orientação valiosa e sugestões oportunas e proveitosas. Até completar 70 anos continuou firme na sua benemérita campanha. Aí as forças começaram a falhar. Morando agora habitualmente em Cascadura, passava os meses mais quentes do ano, no convento de Petrópolis, RJ. Em 1938 esteve às portas da morte, mas a bondade divina e a arte médica do sempre abnegado amigo dos franciscanos Dr. Nélson Sá Earp (+1989) o fizeram restabelecer-se. Foi tratado com muito carinho pelos confrades de Petrópolis nos quatro meses que durou a doença. Era ele muito dado à oração. Do coro do órgão participava de quantas missas eram celebradas na igreja do "Sagrado". Durante o dia fazia frequentes visitas ao Santíssimo. Pôde depois da convalescença retornar a Cascadura, mas houve logo reincidência da doença e, assim, voltou para Petrópolis. Depois do Natal definhou de vez. Foi chamado para a eternidade no dia 19 de janeiro de 1940.

Fonte: JEILER, Inácio. Confrades da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, falecidos nos primeiros 50 anos da restauração (1891-1941). São Paulo: Província Franciscana Imaculada Conceição, 1990, p. 227.