Podemos dizer que um homem verdadeiramente santo viveu entre nós, deixando a todos, clero e povo, ilustres exemplos de abnegação, humildade, zelo e ardor pela causa de Deus e do Evangelho. Seu desejo ardente era levar todos para o céu, formar uma família humana onde todos fossem irmãos, e seu Deus fosse a primeira preocupação.
Frei Isidoro de Telve (José Borgogno) nasceu no mês de São José, a 28 de março de 1888, na paróquia de Telve di Sopra, no Trentino. Era filho de Pedro Batista Borgogno e Isabel Campestrini, santos e laboriosos agricultores. Foi batizado no dia seguinte ao nascimento, na matriz local. Crismado em outubro de 1894 por Dom Eugênio Carlos Valussi. Primeira comunhão em abril de 1897.
Com vivas, simples e emocionantes palavras o futuro frei nos deixou retratada sua vida e a de sua família nos bons tempos de sua infância e juventude. Posteriormente, sobre sua vida dedicada ao bem, no Convento.
Por ocasião de umas missões pregadas por dois Menores em sua terra, impressionou-se muito com o sermão em que o padre abordou o adágio muito comum em sua região: “Mille e non piú mille”, i.e. “o mundo está para terminar”, ou: chegará a mil e não a dois mil. Então, disse a um colega vizinho: “Nós somos ainda crianças, e acontecendo o fim do mundo neste século – 1900 – o que faremos nós, estando num mundo no meio de tantos perigos? É melhor recolher-nos num convento”!!
Foi uma das motivações de sua vocação. E de fato, concluídos seus estudos primários e pouco mais, decide-se a entrar para a Ordem capuchinha. O pai mandou-o pensar bem. Depois, disse: “Vai, meu filho; mas, se não se sentir bem lá, pode voltar, que as portas estarão sempre abertas”.
Dia 11 de abril de 1904 foi levado a Trento, pelo Vigário, para fazer o exame de latim... Depois, o almoço de despedida em casa.. Depois, a viagem em trem com o irmão Antônio, até Trento e de lá a Condino. No trem, ao chegar a São Cristoforo que é o final da Valsugana, exclama: “Adeus, Valsugana, não te verei mais”, pois sua intenção era ir à China, e lá ficar até morrer...
Com imensa alegria vestiu o hábito capuchinho aos 20 de abril de 1904, tendo como mestre Frei Eusébio de Condino. Como observa, “estando no Noviciado e vendo-me lá fechado numa cela o dia todo, no terceiro dia fui ter com o Mestre, dizendo: eu me fiz frade para ir à China, como missionário”. – “Agora não é tempo de pensar nisso, mas poderá ir ao Brasil, mais tarde”, respondeu aquele.
Feito o Noviciado, professa aos 20 de abril de 1905. E solenemente, professa a 3 de maio de 1909. Fez os estudos filosóficos em Ala, Trento e Rovereto, de 1908 a 1910 e de 1910 a 1913. Ordenação sacerdotal em Trento, na Basílica São Virgílio, a 6 de julho de 1913, por Dom Celestino Endrici. Concluiu os estudos em Rovereto, – junho de 1914.
No ministério sacerdotal foi sempre dedicado e zeloso. Além dos trabalhos no convento e auxiliando vigários, exercia também o trabalho manual reservado mais aos não-clérigos. Sempre disponível e no silêncio...
Manteve sempre a chama e o desejo missionário, sempre sonhando com as Missões. Ainda na Itália, propaga a devoção à Pia União do Trânsito de São José a favor dos moribundos e à Obra da Santa Infância...
E certo dia vem-lhe o convite do Provincial que pedia até por favor se não queria vir para o Brasil. Nesses tempos a Missão não tinha boa propaganda na Província. Ninguém queria vir. Por isso, respondeu ao Provincial: “Querer, não quero, mas, se se trata de fazer um favor, irei. E assim se fez. “Faça-se a vontade de Deus”, pensou consigo. Não que menosprezasse a Missão, mas temia muito essa delicada empresa e não se julgava bem preparado, desconhecendo a língua, costumes e tudo o mais. Além do que ouvia muitas vezes: “fate bene perché si nó i ve manda in Mérica”.
Partiu de Genova com Frei Camilo de Valda aos 8 de setembro de 1921, festa da Natividade de Maria. Chegam a Santos no dia 25. Chegando a São Paulo, ali reside até 6 de maio de 1922. Embora desconhecendo a língua mandavam-no a pregar e a confessar. Assim escreve: “Sofri bastante por não ter quem me ensinasse a Língua vernácula da Missão.. Barbaridade!”
Aos 6 de maio foi transferido para a paróquia de Bom Jesus dos Perdões, como coadjutor. Foi-lhe dado um professor com pouco resultado, pois o mestre não entendia o italiano e o aluno não compreendia o português. Era intenso o trabalho e nem sequer restava tempo para estudos.
Taubaté é sua nova morada desde 6 de dezembro de 1922. Percorria as capelas, horas e horas a cavalo, sempre no desgosto de não ter capacidade de bem pregar, além de um defeito natural da língua. Em suas demoradas excursões adoeceu gravemente, apanhando uma doença molesta que o seguiu durante toda vida, verdadeira cruz a perturbá-lo a cada segundo.
Aos 6 de setembro de 1924 está em São Paulo, onde reside até 17 de dezembro de 1938. Ali trabalha incansável especialmente na difusão da Pia União pelos moribundos, tendo sido nomeado primeiro Diretor da mesma, no Brasil, a lº de fevereiro de 1927. Conseguiu com ingentes esforços que o Centro Nacional dessa associação fosse sediado no convento Imaculada Conceição.
No ano de 1938 vai para Piracicaba onde reside por 4 anos e muito lutou pela construção do Lar Franciscano. Isso de tal forma que pode ser chamado o Pai ou o Patrono dessa obra, embora sem sair de seu cantinho. Em 1942, é transferido para Mococa.
Em dezembro de 1944 é transferido de Mococa para São Paulo. Ali foi confessor de quase todos, se não de todos os frades da comunidade.
Depois de São Paulo, é transferido para Mococa (1948), Botucatu (1949), Taubaté (1950). Em 1953 vem para São Paulo, aí ficando até o fim de sua vida..
Traduziu sua vida nas últimas palavras de suas MEMÓRIAS, dois meses antes do falecimento, quando ainda tinha forças para escrever.
No dia 6 de novembro de 1962 escrevia, entre outras:
“Senhor meu Deus, se eu posso servir para Vossa Maior Glória e para o maior bem desta Província, eis-me aqui, Vítima de Caridade. Jesus, Maria, José, São Francisco”.
E no dia 16, escrevia: “Senhor meu Jesus Cristo, que acabastes vossa Vida Mortal na cruz, dai-me a graça de imitar-vos, porquanto me for possível”...
E a 19: “Cupio dissolvi et esse cum Christo... (desejo desfazer-me deste corpo e estar com Cristo). Ora, se assim São Paulo Apóstolo, por que não eu também? Santa Isabel Rainha da Hungria, por caridade alcançai-me a graça de imitar-vos: imitar-vos na imitação do meu tempo, tudo, tudo... Sei que devo morrer e então devo e quero preparar-me bem, bem sim, e depois, venha a morte, que será bem vinda. E morrer quero por amor de Deus e para imitar Jesus, Maria e os santos todos. E assim seja”.
Foram as últimas palavras escritas por Frei Isidoro.. Mais preciosas ainda terão sido suas últimas palavras vividas e pronunciadas.
E assim veio a falecer a 19 de janeiro de 1963, após devota recepção de todos os sacramentos.
Frei Isidoro foi uma riqueza e uma preciosidade para nossa Missão e Província.
Sua consagração foi total: corpo e alma.
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Identificador:20711Nome:Fr. Isidoro de Telve, OFMCapSexo:Data de nascimento:28/03/1888Data de ingresso:20/04/1904Data de falecimento:19/01/1963Lugar de nascimento: Telve di Sopra, ITLugar de falecimento: São Paulo (São Paulo de Piratininga), SPGrupo Religioso: OFMCap – Ordem dos Frades Menores CapuchinhosEstado eclesiástico:Notas Biográficas:
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como citar este conteúdoCONFERÊNCIA dos Capuchinhos do Brasil. Fr. Isidoro de Telve, OFMCap. Rede Internacional de Estudos Franciscanos no Brasil. Disponível em: http://riefbr.net.br/pt-br/content/fr-isidoro-telve-ofmcap. Acessado em: 19/01/2025.