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Frei Afonso (Emílio Butterini) nasceu a 19 de setembro de 1866; vestiu o santo hábito a 18 de agosto de 1882; professou simplesmente no ano seguinte, a 20 de agosto; solenemente, a 4 de setembro de 1887. Aos 6 de julho de 1890 recebia a sagrada Ordenação. Era filho de Tancredo e Bona Butterini.
Amado e estimado de todos os seus confrades, foi ocupando vários cargos de destaque no governo de seus co-irmãos, chegando a ser eleito Provincial de Trento para o triênio de 1904-1907 e depois, de 1910-1913. No segundo triênio, aos 8 de abril de 1911 chegava a São Paulo para a visita canônica à Missão; finda esta, após percorrer todas as casas e certificar-se da vida missionária, aos 17 de julho, perante os Conselheiros e o Superior Frei Camilo de Valda, declara sua decisão de permanecer na Missão. Data de então a sua estadia entre nós. Encerrado seu período como Provincial, em 1913 foi eleito Superior Regular até 1916. Em seguida passou a residir em vários Conventos: Taubaté, Piracicaba, Penápolis; aqui, tomou posse em setembro de 1924; a 31 de maio Penápolis tornou-se Paróquia e Frei Afonso foi o primeiro vigário paroquial; então, sentindo sua saúde bastante abalada, retirou-se para São Paulo onde veio a falecer no Hospital Santa Catarina aos 10 de maio de 1926. Era também Conselheiro da Missão; foi professor de filosofia e de teologia em Piracicaba.
Sua morte, ocorrida por volta das 9 horas de uma segunda-feira, foi precedida de longa e dolorosa moléstia: câncer no piloro; ficou reduzido a estado esquelético, baldados todos os esforços médicos. A calma, a serenidade, a resignação, a freqüente postura de oração, demonstradas nos últimos dias, dias de verdadeiro martírio, vieram dar novo lustre às já conhecidas virtudes.
Seu desejo sempre foi ser útil aos outros. “Coração bondoso em extremo, nunca supunha qualquer maldade nos outros; em sua grande boa fé foi iludido – no triênio 1913-1916 – por um seu patrício que o emaranhou de tal forma em questões financeiras, que disso resultou grande prejuízo à Ordem. Tão magoado ficou o bondoso superior, que a melancolia passou a substituir, no rosto amável, o ar de ternura jovial e inspiradora de confiança, que sempre o distinguiu”, dizem Frei Modesto de Rezende e Frei Fidélis de Primiero na citada obra. (*)
O Superior Regular Frei Salvador de Cavêdine escrevia, por ocasião da morte desse nosso irmão:

“Religioso exemplar, sacerdote zelante, sempre soube sacrificar-se pela glória de Deus, honra da Ordem e salvação das almas. Desprendido por completo de tudo, até mesmo de sua própria pessoa e saúde, sabia ocultar seus sofrimentos debaixo de um semblante sempre alegre e jovial. Primou sempre pela sua humildade, bondade, espírito de fé e de sacrifício.
“Pobre de nosso Frei Afonso! O céu no-lo tirou ainda cedo, mas já maduro para os Tabernáculos Eternos. Sua memória ficará gravada em nossas mentes e corações juntamente com os preclaros exemplos que nos deixou em suas virtudes religiosas”. (**)
Frei Afonso deixou, de fato, exemplos de austeridade e de fé. Conforme testemunhas, muito sofreu, pois por ocasião de seu governo eram bem grandes as dificuldades que enfrentava a Missão. Muitos trabalhos, religiosos em número insuficiente para as tantas obras, novas fundações de casas, missões indígenas, alguns missionários que pretendiam voltar para a pátria, e outros obstáculos. Teria até pensado em retirar-se e tornar-se monge.
Em sua morte, conforme “Anais Franciscanos”, seus confrades “lastimaram a perda de um irmão, de um amigo, de um forte auxiliar, consolando-se pela certeza de terem... mais um protetor junto de Deus e do Pai São Francisco”. (A. F. junho 1926 – pp. 185-186).
Após sua morte, confrades e povo velaram seu corpo; após Missa cantada e recitação do Divino Ofício, feitas as Exéquias com a Presença de numerosa assistência e representantes do clero, às 10 horas do dia 11 os seus despojos foram conduzidos ao Cemitério do Santíssimo Sacramento... Estavam presentes o Colégio Seráfico, a Ordem Terceira Franciscana e numerosos amigos de Frei Afonso.
Descansa em paz, no gozo de teu Senhor, bela e feliz alma de Frei Afonso e ora pelos teus que te acompanham com saudosa recordação... (Cf. AOMC, 42, 226).