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Lugar de presença e atuação

  • Identificador:
    12001
    Descrição:
    OFM/PSC Paróquia Franciscana São Cristóvão
    Tipo de presença:
    Lugar: Lajeado, RS
    Data inicial:
    1964
    Data final:
    1966
    Notas sobre este lugar de presença/atuação:
    Foi em janeiro de 1964 que a Província Santa Cruz aceitou se encarregar da cura de almas na Paróquia de São Cristóvão, em Lajeado, no Estado do Rio Grande do Sul.

    Foi nomeado primeiro vigário o Frei Lucas Corbellini e como cooperador Frei Rodolfo Wilges.

    Em uma crônica da Revista Santa Cruz de 1964, Frei Lucas nos conta um pouco sobre a nova paróquia:

    Com a entrada de novas indústrias e fábricas, aumentou também a população, sobretudo na zona norte da cidade. E com isto surgiu o problema religioso. Aonde esta gente irá assistir à missa? Onde arrumar um sacerdote para eles?

    Já antes da criação da nova diocese de Santa Cruz, o Sr. Arcebispo de Porto Alegre encarregara o pároco de lajeado da compra de terrenos necessários à construção de obras paroquiais. É realmente o que se fez, comprando 18 terrenos num dos pontos mais vistosos e centrais. Foram, porém, em parte demolidos pela construção da estrada da Produção. Mesmo assim sobraram, como agora se verificou, quinze terrenos.

    Diante disso o novo pároco de Lajeado achou melhor fazer nova compra e guardando in péctore a esperança fagueira de vender os colocados junto à estrada da Produção, para um lucrozinho e pagar a nova compra. Saiu daí a colocação atual. Num lugar baixo, sem vista, ladeira, mas com a vantagem de já possuir uma construção mais ou menos adaptável à matriz e casa paroquial, e ser topograficamente central.

    Está a matriz situada junto à faixa Lajeado-Arroio do Meio, a cem metros da estrada da Produção e rodeada pelos bairros: Americanos, Piraí, Bela Vista, Vila Suzana, de fronte ao posto Ipiranga.

    São três as raças que formam a nova paróquia: lusos, ítalos e teuto-brasileiros. Estes últimos talvez formem a maioria. Poucas são as moradias de alvenaria e grande parte paga aluguel. Vivem de salário mensal e trabalham, na maioria, na fábrica de cigarros Souza Cruz. Já há uns anos fechou-se a filial de papel para cigarros de Barra do Piraí ER. e desde então há boa soma de famílias que vivem de emprego flutuante. O território paroquial tem 3 km de comprimento por dois e meio de largura. Afora os 4 núcleos residenciais, as terras são ocupadas na agricultura, por uns poucos capitalistas que vivem lá no centro. Não há capelas rurais.

    Temos 341 famílias que se dizem católicas. Apenas 213 têm vivência cristã. Os luteranos são fortes e financeiramente muito bem situados. Já adquiriram duas quadras para a construção de suas futuras obras sociais, e dizia o presidente do sínodo lajeadense que estão para receber 50 milhões de marcos da Alemanha.

    No ano passado construíram belo templo no fim da R. Maurício Cardoso, que cruza ao lado da nossa matriz e dista apenas 900 metros daqui. Foi construído em tempo recorde e nada falta nele! Não pertence ao território desta paróquia. Existem 4 famílias da famigerada Assembleia de Deus. Para seu culto saem lá para o centro. Aqui não existem espíritas, mas os supersticiosos não faltam. O único comunista, que habitava esta paróquia e era o administrador do posto agropecuário, a polícia acaba de engaiolá-lo.

    Nossa moradia é um anexo do salão, onde atualmente funciona a matriz. Tudo é bem provisório e de madeira. Temos dois quartos, uma sala, refeitório, cozinha e um puxado coberto. Não existem capelas rurais.

    O único grupo escolar, construção recente e moderna, com a matrícula de 380 alunos, consoante os últimos planos, deverá ser demolido para ceder lugar ao trevo de acesso à estrada da Produção. Graças a Deus, o professorado é excelente e coopera maravilhosamente na instrução religiosa, hoje obrigatória.

    Nada mais existe de obra social nesta paróquia; temos sim, uma religiosa do Imaculado Coração, que atende aos pobres, às alfaias da matriz, e à catequese dominical, ela com o grupo da Secretaria da Fé.

    Os freis, um empenha-se na formação e fundação do movimento jacista (JAC - Juventude Agrária Católica) em várias paróquias da diocese e, além disso, presta serviços relevantes à paróquia e aos párocos vizinhos, como também, volta e meia, atende às capelas da velha paróquia de Lajeado (imaginem!). O outro procura erguer a nova paróquia nos moldes do Plano de Emergência, dividindo as responsabilidades sobre a Comissão Administrativa, sobre o Secretariado da Fé, sobre a Comissão do Culto e, finalmente, sobre o Movimento de Caridade. Atende também às noviças da escola Madre Bárbara, com conferência e confissões semanais e às confissões das Irmãs e leigos no hospital.

    Quanto a associações, existe o apostolado das senhoras e o movimento da devoção das capelinhas. Tudo nas mãos das senhoras! Parece que os homens não precisam de religião. Apenas iniciamos o movimento do Pão de Santo Antônio, ao encargo só de homens e, de saída, a coisa vai bem. Dando responsabilidades, até os frios sabem trabalhar por Cristo. Estamos terminando um curso de formação de noivos; falta apenas a última conferência: um médico que falará sobre a fisiologia dos sexos. A assistência aumentava conferência por conferência.

    Existem atualmente duas paróquias nesta cidade: a primeira, fundada pelos PP. Jesuítas e agora ocupada pelo clero secular, e a outra, a recém-fundada paróquia de São Cristóvão. A cidade possui 21 mil habitantes e na criação desta paróquia souberam apenas repartir 1.594 almas! Será mesmo que os religiosos pegam tudo? Andam aqui os PP. espanhóis dos SS. Corações que querem fundar um seminário... já compraram as terras.

    No mais somos uma paróquia estratégica. É o que nos anima. Ela serve de elo de união das nossas casas do sul do país. Afora os 3 párocos do norte do Estado, todos os demais já cruzaram aqui, por estar isto à mão. Dista-se de Porto Alegre 100 km, de Taquari e de Daltro Filho 50 km, e igual distância vai entre as nossas 4 paróquias desta diocese: Fão, Pouso Novo, Progresso e Sério. Ocupamos o centro deste grupo de casas. Para alcançar as paróquias do norte do Estado, breve teremos a estrada da Produção, que cruza por Ernestina, Não Me Toque, Três Passos...

    Sim, de fato, a casa é acanhada, mas temos bons vizinhos. Não há condução própria e o ônibus urbano só cruza de hora em hora, podendo levar-nos à estação rodoviária em 10 minutos.

    Bem, quanto a construções, por ora não se deve falar.

    Diante do exposto, resta-nos ainda a oportunidade de escutar, olhar, estudar e dialogar e fazer todo o possível, para que o futuro não lastime ou condene o que hoje se está fazendo.

    Frei Lucas

    O Capítulo Provincial, realizado em dezembro de 1964, transferiu Frei Lucas e Frei Sérgio Diel foi nomeado pároco na mesma ocasião, sendo que Frei Rodolfo continuou como cooperador da paróquia e assistente do JAC.

    Em março de 1966, com a criação da Custódia de São Francisco de Assis, a Paróquia São Cristóvão, em Lajeado, foi entregue aos cuidados pastorais dos frades gaúchos.

    Fonte: Revista Santa Cruz

    1964 - págs. 2, 6, 76-78

    1966 - pág. 29.

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como citar este conteúdo
SATLER, Fabiano Aguilar. OFM/PSC Paróquia Franciscana São Cristóvão. Rede Internacional de Estudos Franciscanos no Brasil. Disponível em: http://riefbr.net.br/pt-br/content/ofmpsc-paroquia-franciscana-sao-cristovao. Acessado em: 01/02/2025.