Henrique Neuhaus, terceiro filho do casal João Geraldo Neuhaus e Cristina Haddick, nasceu aos 29 de novembro de 1863, em Borken, Alemanha, num ambiente familiar religioso de muito respeito e piedade. O quarto e último filho tornou-se também franciscano na Província da Saxônia, Alemanha: Frei Lindolfo Neuhaus. Conhecendo os franciscanos pelos frades esmoleres que regularmente visitavam Grütlohn, lugarejo onde residiam os Neuhaus, e com vontade de tornar-se também religioso, apresentou-se aos 17 anos no convento de Harreveld, Holanda, onde foi aceito. No dia 3 de maio de 1881 recebeu o burel e o nome de Frei Rogério, iniciando com fervor a escalada para a santidade. Na catedral de Paderborn, Alemanha, foi ordenado sacerdote, aos 17 de agosto de 1890, pelo bispo Dom Agostinho Gockel. Levado pelo ideal missionário, associou-se à segunda leva de restauradores da Província da Imaculada Conceição no Brasil: 4 sacerdotes e 4 irmãos religiosos leigos. Aportaram a 2 de dezembro de 1891 em Salvador, BA, mas já no dia seguinte prosseguiram viagem para o sul, desembarcando no Desterro (antigo nome da capital do Estado de Santa Catarina: Florianópolis) e chegando dia 12 de dezembro de 1891 em Teresópolis (agora: Vila Teresópolis, SC), a primeira residência dos frades restauradores no sul do Brasil. Em 13 de fevereiro de 1892, foi enviado a Lages, SC, seguindo com tropeiros para o novo destino, que seria por longos anos seu campo de ação e de santificação, tornando-se verdadeiramente o "Apóstolo do planalto catarinense". A ignorância religiosa, a indiferença, a frieza, a maçonaria, a falta de tradição familiar, a pobreza, foi o que Frei Rogério encontrou ao iniciar o seu pastoreio de almas, quase tudo resultado da longa falta de assistência religiosa e sacerdotal. Ele enfrentou esta luta pelo reino de Deus, sem um instante de esmorecimento, mourejando, dia e noite, pelo longo espaço de 30 anos nos Estados do Paraná e Santa Catarina. As contínuas viagens pastorais no lombo da mula, por dias e semanas seguidos, através de picadas intransitáveis, por rios a serem vadeados, em meio ao mau tempo e às enchentes, sempre o perigo de ser assaltado pelos bugres, ou acometido pelas doenças e febres, enfrentando o frio cortante, tudo isso foram situações que se repetiam. Mas seu amor às almas, sua afabilidade, sua piedade e zelo, seu coração voltado para Deus, o faziam sempre mais e mais querido pelos fiéis e lembrado até os dias de hoje, pois, realmente viveu com o povo e pelo povo, ou como diríamos hoje, inserido no povo de Deus. Relembrando ligeiramente o episódio dos fanáticos, que nos anos de 1912-1916 conturbaram regiões fronteiriças entre o Paraná e Santa Catarina, e que insuflados por um pretenso monge José Maria de Santo Agostinho (Miguel Lucena de Boaventura, desertor do exército e da polícia paranaense), deram origem à guerra do Contestado. Frei Rogério teve contato com esse "profeta", e apesar de toda a caridade e heroísmo, seu papel de pacificador resultou inútil. Em 1922, estando lotado em Palmas, PR, percebeu Frei Rogério que estava perdendo a visão. Consultado o médico, este constatou a gravidade do mal e o aconselhou a procurar recurso em centros mais bem equipados. Assim veio ele, primeiramente para São Paulo e depois para a cidade do Rio de Janeiro, então capital da República. Aqui seu apostolado aparentemente obscuro e escondido foi o do confessionário, onde atuou com resultados surpreendentes e maravilhosos, visitava também com muita frequência, e na cidade toda, os doentes nas casas, nos hospitais, nos asilos e nas casas de caridade. Só o Senhor é testemunha do imenso bem que ele realizou silenciosamente nos 12 últimos anos de vida. Tornou-se sempre mais o homem de Deus, voltado unicamente para esse Deus que de contínuo se manifestava na sua generosidade ilimitada para com o próximo. Sua piedade, sua confiança em Deus, eram realmente notáveis. O ano de 1934 trouxe sinais evidentes de que a caminhada de Frei Rogério estava terminando. No dia 1 de março de 1934, foi internado na Casa de Saúde São José, com câncer generalizado, nos intestinos. Sem esperança de cura, os médicos resolveram colostomizá-lo, a fim de lhe darem certo alívio, no que ele não consentiu, desejoso que estava de levar a cruz até o fim. Na madrugada do dia 23 de março de 1934, Frei Rogério entrou em agonia. O corpo banhado em suor, revolvia-se na cama. Inquieto tentava levantar-se. foi posto numa cadeira; voltou ao leito. O rosto se contorcia e desfigurava pelas dores atrozes. Por volta das 5 horas a luta chegou ao fim. Dezoito minutos- antes das 6 horas uma grande serenidade se derramou sobre seu semblante. "Um santo acabava de chegar à casa do Pai". A notícia do passamento, comoveu toda a cidade. O funeral foi uma verdadeira apoteose para este humilde, modesto e desprendido filho de São Francisco. Todos que com ele conviveram ou dele se aproximarem,
Fonte: JEILER, Inácio. Confrades da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, falecidos nos primeiros 50 anos da restauração (1891-1941). São Paulo: Província Franciscana Imaculada Conceição, 1990, p. 147.
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Identificador:57234Nombre:Fr. Rogério Neuhaus, OFMSexo:Fecha de nacimiento:29/11/1863Fecha de entrada:03/05/1881Fecha del fallecimiento:23/03/1934Lugar de nacimiento: Borken, DELugar del fallecimiento: Rio de Janeiro (Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro), RJGrupo Religioso: OFM ― Ordem dos Frades MenoresEstado eclesiástico:Notas Biográficas:
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cómo citar este contenidoJEILER, Inácio. Fr. Rogério Neuhaus, OFM. Red Internacional de Estudios Franciscanos en Brasil. Disponible en: http://riefbr.net.br/es/content/fr-rogerio-neuhaus-ofm. Accedido en: 07/02/2025.