A primitiva capelinha (em Curralinho Velho) era de dimensões insignificantes. A capela de São Sebastião, que os primeiros Franciscanos já encontraram aqui em 1917, no centro da vila, era já de 15x6. Em 07.09.1922 lançou-se a pedra fundamental da nova igreja grande (Imaculada Conceição) e foi inaugurada em 24.08.1930 por Dom Joaquim.
Logo fez sentir-se a falta de uma igreja no outro lado, pois as vilas Gomes Carneiro, Operária e Maciel tinham crescido muito. Celebrava-se, aos domingos, no Asilo de São Vicente, mas não satisfazia.
Frei Luís (Geldens) teve a feliz ideia de construir uma grande igreja, dedicada a Santo Antônio, no velho cemitério eclesiástico, que fica no centro do outro lado. Andou, escreveu e providenciou tudo muito, ajuntou uns cobrinhos, mas não teve o prazer de começar a obra.
Mesmo agora, tínhamos ainda de esperar por uma decisão da prefeitura e das famílias a respeito dos seus defuntos, etc. Mas nada de atitude decisiva. Tínhamos de resolver o caso. Autorizados por Dom Serafim (Gomes Jardim - Arcebispo de Diamantina), íamos transformar o velho cemitério abandonado em praça da nova igreja.
E de fato, no dia 06.04.1944, começou o serviço. Foi bem marcada a nova Avenida Independência que vinha (na planta) do fim do Curralinho Velho, cortando ao meio o velho cemitério, continuando até o novo. Inventamos uma modificação. A avenida, chegando ao cemitério velho, podia fazer um grande círculo, contornando o campo santo, deixando no meio uma moderna praça com a igreja no centro e continuava para a cidade. A prefeitura aprovou.
Em poucos dias, o esforçado engenheiro progressista, Dr. Renato Roselli, transformou o cemitério, com seus monumentos, muro e mato, em praça com avenida contorno, marcou a igreja e fez as escavações, aproveitando de muito material: pedra, tijolos, mármore, ferro e madeira. Fez um depósito bom para material, cisterna (rasa, pois de 6 m.) e começou os alicerces. Ninguém reclamou e foi verdadeira surpresa geral, quando no dia 19 de março já houve a bênção da 1ª. pedra fundamental.
Procissão, saindo da capela São Sebastião, com a pedra, discursos, chamada, bênção, ata e fechamento da urna com documentos da atualidade. Missa campal nos alicerces da torre. Estava exposta a planta, projetada pelo engenheiro Dr. Renato Roselli e todos gostaram do estilo e do tamanho (livre 30,50x10) do futuro Santuário de Santo Antônio. A festa estava muito animada e deu um bom saldo. Alegres como estavam todos neste dia, assim ficaram tristes alguns no dia seguinte. Pois, após muitas reflexões, conversações e propostas sem resultado, foi resolvido desmanchar a capela de São Sebastião: obra sem arte, sem alicerces, sem utilidade atual, abandonada, fraca, fora do alinhamento, etc. e o povo na impossibilidade de consertá-la e conservar direito, como o Arcebispo exige. No dia 20 de março começou este serviço e agora (27) está terminado. Ganhamos assim para o novo Santuário muitos e bons tijolos, telhas, ferros e um madeiramento de aroeira, como hoje é difícil encontrar.
Muitas famílias ferroviárias (de José Chico, Pio Nono, José Pereira Pinto, D. Duca, D. Cecília, etc.) incansavelmente organizaram suas boas festas com barraquinhas, fizemos até uma procissão de telhas e, assim quase brincando, Santo Antônio ganhou seu santuário.
Fonte:
Revista Santa Cruz
1944 - págs. 70-71.