Pregador. Filho da Província de Sto. Antônio de Portugal. É um dos oito fundadores da Custódia de Sto. Antônio do Brasil. Chefiados pelo Custódio Fr. Melchior de Santa Catarina partiram eles de Lisboa dia 1º de janeiro de 1585. Demoraram-se algum tempo no Cabo Verde (Ilha de Santiago?), por ter a nau sofrido sérias avarias numa tempestade. Grassava então na ilha uma epidemia. Os religiosos acudiram aos contagiados. Distinguiu-se neste afã Fr. Antônio dos Mártires que era moço e robusto. Continuaram os frades a viagem e sem mais novidade aportaram à Vila de Marim (Recife) a 12 de abril de 1585. Passaram para Olinda, onde deram início ao convento de Nossa Senhora das Neves. Frei Antônio dos Mártires, sendo apenas corista, “mas já religioso perfeito na observância regular”, foi ordenado sacerdote por D. Antônio Barreiros, bispo de S. Salvador da Bahia, que no ano de 1586 para 87 se achava em visita pastoral das partes de Pernambuco. Autorizado por Fr. Francisco Gonzaga, Ministro Geral da Ordem Seráfica, Fr. Melchior de Santa Catarina lhe passou patente de pregador. Nos fins do ano de 1588 foi despachado pelo dito Custódio para a Vila da Vitória no Espírito Santo, cujos moradores pediam uma fundação. Chegaram ele mais o companheiro Fr. Antônio das Chagas (nº 3) pelo mês de janeiro de 1589. Foram otimamente recebidos pelas autoridades e pelo povo e instalaram-se provisoriamente. Em 1590 estavam novamente no norte para informar o Custódio do que se tinha feito. Este aceitou definitivamente a fundação na Vila de Vitória, em vista das informações positivas, e tornou a mandar os mesmos religiosos para aquela vila, com patente de prelado (ainda com o título de presidente in capite) do recolhimento e oratório ao Fr. Antônio dos Mártires. Trataram logo de preparar a construção do convento definitivo de São Francisco, em sítio oferecido por moradores. Em 1591 se lançou a primeira pedra. Ainda em 6 de dezembro de 1591 receberam a doação da ermida de Nossa Senhora da Pena (= o Santuário de Nossa Senhora da Penha). No início do ano seguinte estavam no Rio de Janeiro, onde se pedia uma fundação. Entre os chãos oferecidos escolheram a ermida de Santa Luzia, passando-se a carta de doação em 28 de fevereiro de 1592. Faleceu prematuramente na Vila da Vitória em 1592, esgotado pelas pregações contínuas que fazia pelo bem das almas do próximo e por todos venerado por causa de suas grandes virtudes. Foi chorada a sua falta e seu corpo foi sepultado no oratório do recolhimento, que lhe serviu de jazigo até que o novo convento se pôr em forma, e para a sua igreja se trasladaram os seus ossos.
Na referência bibliográfica Religiosos Franciscanos da Província da Imaculada Conceição do Brasil na Colônia e no Império, de Fr. Sebastião Ellebracht, é o frade nº 001.
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Na referência bibliográfica Livro de Óbitos da Província de Sto. Antônio - 1584-1957, de Fr. Menandro Rutten, tem a seguinte descrição:
Frade sacerdote, natural de Portugal. Faleceu no dia 29 de março de 1592, com notável sentimento de todos e fama constante de varão virtuoso.