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Place of presence and action

  • Identifier:
    11958
    Descripcion:
    OFM/PSC Paróquia Franciscana São José
    Type of presence:
    Place: Caraí, MG
    Initial date:
    1936
    Final date:
    1986
    Notes about this place of presence/action:
    Para a nossa orientação alguns dados: carahi: uma espécie de símio; ou carahy: o rio dos acarás. Em 1911, no povoado de São José dos Coimbras, foi criado o distrito de São José do Caraí, do Município e Paróquia de Araçuaí. Seu nome atual Caraí data de 17/12/1938; a paróquia foi criada em 1922, mas retificada em 17 de dezembro de 1942; foi feito Município e cidade a 31/12/1943, com os Distritos Marambainha e, só até 1962, Padre Paraíso. (Joaquim R. Costa em Toponímia de Minas, p.192).

    Quem diz Caraí, diz também frei Egídio Söntjens, pois ali trabalhou sozinho de 1938 a 1986. É ele também que, em resumo, nos conta a história da sua São José do Caraí (SC. 1946, p.137ss): Quando o nosso Frei José de Haas, em 1912, chegou a Araçuaí como coadjutor do velho vigário, Cônego Florêncio Rodrigues de Moura Terra, constava na sua Provisão certa liberdade, concedida pelo bispo de Diamantina, D. Joaquim Silvério de Souza, para morar em Araçuaí ou em São José do Caraí, a cujos moradores S. Exa. Já tinha prometido um padre. Mas Frei José julgou mais oportuno residir na cidade ... E Frei Olavo acrescenta: apenas nomeado coadjutor de Araçuaí, achamos Frei José em visita às capelas da extensa freguesia: Caraí 12 léguas, São Bento 15, Lufa 9. (SC.1973, 9.37).

    Seu padre residente Quando em 1913 o Sr. Cônego se aposentou, Frei José foi nomeado vigário de Araçuaí e ganhou um coadjutor, Frei Flaviano van Liempt que tomava conta das capelas. Em 1918, o novo bispo de Araçuaí, Dom Serafim Gomes Jardim, em sua primeira visita pastoral, prometeu ao povo de são José a criação da sua freguesia que, de fato, foi criada só em 1942. Mas paróquia ou não, o povo queria seu padre residente. Foi em novembro de 1921 que Frei José, já vigário paroquial e vigário geral da diocese de Araçuaí, comunicou ao nosso superior, frei Júlio, que em Araçuaí apresentara-se um padre para ser vigário em São José do Caraí; Lufa e Itaipé já tinham seu padre residente e São José do Caraí também queria ser paróquia com o trecho de Marambainha, que ainda era de Teófilo Otoni. Frei Júlio respondeu para Frei José mandar para lá por algum tempo seu coadjutor, Frei Onésimo Timmermans, para não perder o lugar; que o povo arranjasse uma casa paroquial e um bom pasto. (SC.1974, p.335).

    Como já vimos na história de Itaipé, em 1922 a paróquia de Lufa foi feita paróquia central com Caraí e Itaipé, a qual seria a residência dos três frades, cada qual com sua região. Esse projeto bonito foi, de fato, difícil a realizar-se. São José tinha de esperar o padre só de dois em dois meses, apesar de ser uma vila mais importante, mais progressista do que Lufa e Itaipé que já tinham seu vigário. Neste meio tempo, o povo de São José já tinha comprado uma casa para o vigário, tão desejado. Frei Lamberto van Beckhoven, coadjutor de Itaipé, que chegou em fevereiro de 1930 como quase-vigário de São José, fez uma reforma nessa casa e gastou 15 mil cruzeiros. Quando saiu em princípios de 1931, deixou uma dívida de 12 mil cruzeiros, que depois foram pagos com as rendas de uma festa. A alegria do povo, de ter seu quase-vigário, durou pouco...

    Frei Quirino, o novo vigário de Itaipé desde 1930, ficou sozinho para tudo e começou a tomar conta de São José, fazendo sua visita paroquial a esta vila de 3 em 3 meses. Essa situação continuou até o fim de 1936, quando Frei Celestino van de Kerkhof chegou para tomar conta da vila e de toda a região, com residência em São José...

    Ainda Frei Egídio com a palavra, agora como autobiógrafo: Frei Egídio foi seu sucessor de 07 de outubro de 1938 até 8 de agosto de 1941, quando chegou Frei Olavo Timmers. Este pelejou muito com dom José de Haas para que ele criasse a nova freguesia, mandando cartas e mais cartas, alegando que a Vila se tinha aumentado muito e que a região era muito povoada e merecia um vigário para tomar conta. Dom José sempre respondia: Paciência! Ainda não posso criar a freguesia, porque ainda não foram nomeados os Conselheiros Diocesanos e, sem estes, não posso fazer nada.

    Em outubro de 1942, Frei Quiriano foi transferido para Pelotas (RS) e substituído por Frei Joaquim e depois por Frei Hildebrando; Frei Olavo foi para Araçuaí e Frei Egídio voltou de Teófilo Otoni para Caraí e teve a honra de ser o 1º vigário da nova paróquia de Caraí (dezembro de 1942) (nossos parabéns ao senhor vigário, que é pequeno, mas... resolve!) E ele continua a sua história: A freguesia de Caraí é bastante grande. Seu território tem uma extensão de 25 x 15 léguas (=150 x 90 km) e deve ter aproximadamente 30.00,0 habitantes. No ano passado fiz 1.011 batizados e 195 casamentos...

    Frei Celestino começou o trabalho na nova matriz em 1937. A primeira coisa que fez foi mandar serrar linhas e ripas. Assim em1938 encontrei linhas tortas, ripas podres e, pior, dinheiro nenhum. O povo, porém e os garimpeiros começaram a ajudar muito: e assim pude continuar o serviço. Quando fui transferido para Teófilo Otoni (1941), as paredes já estavam com um metro de altura. Frei Olavo continuou o trabalho durante um ano.

    Em outubro de 1942, quando voltei, encontrei as paredes raspadas, as colunas prontas e os arcos feitos de um lado, porque tinha caído um pedaço da construção com as abundantes chuvas de novembro daquele ano.

    Vendo que o material não prestava, eu queria desmanchar as colunas prontas e os arcos e fazer uma construção mais baixa. Os homens do comércio, porém se revoltaram, dizendo que o serviço estava muito bonito e muito bom e que eles não ajudariam mais, se eu fizesse isso. O construtor também garantiu que não havia perigo. Assim continuamos o serviço.

    Em novembro de 1945 a igreja estava quase pronta, e nela, já durante dois anos, celebrava-se a missa, embora ainda não estivesse rebocada por dentro. Dia 09 de novembro foi o dies ater, o dia fatal. As colunas, que sustentavam quase todo o peso da construção, trincaram debaixo do peso, e tudo veio abaixo, só as paredes de fora ficaram em pé. Os tijolos não prestavam, estavam crus. A Vila sem matriz. Mandei fazer uma pequena capela, forrada e assoalhada que cabe só o altar, para assim poder celebrar a santa missa. O povo fica no tempo, do lado de fora. O movimento religioso já era bem grande e a freqüência à Santa Missa satisfatória. Agora tudo isso sofreu muito e diminuiu bastante.

    Com a história de lavras de pedras preciosas e a estrada Rio-Bahia, que passa aqui perto, não pude arranjar gente que quisesse trabalhar na construção. Não se encontra quem faça tijolos, telhas ou serre a madeira. Também não tinha mais dinheiro suficiente. Depois das águas quero continuar ou melhor, começar o trabalho de novo, se Deus me der vida e saúde, como diz o groteiro. A vila está um pouco parada; pouco negócio. Mas isso é queixa geral, parece. A pedra preciosa está cara, de maneira que o povo não fica sem dinheiro e os pedristas dão bastante dinheiro de promessas.

    A respeito do trabalho do vigário, só quero repetir as palavras de Frei Peregrino Loerakker de Machacalis: O padre viaja nas grotas e nas matas, toma sol e chuva, batiza, casa e confessa gente, dá catecismo etc. Temos aqui em Caraí, como também nos outros Comércios, a Ordem Terceira, o Apostolado e a Cruzada com bastante freqüência. O povo de Caraí tem vigário e, ao mesmo tempo, não tem, porque ele está sempre viajando. Talvez um dia apareça mais um padre para trabalhar nesta vasta freguesia, que o povo seja melhor servido. Frei Egídio. (SC. 1946, p. 137-139).

    Minha igreja caiu toda - assim Frei Egídio se expressou numa carta, escrita no dia do desastre e dirigida à Redação da Santa Cruz para explicar o acontecido: Foi hoje, 08 de novembro de 1945, às 2 horas... E tudo isso devido a uma grande modificação da planta (quando fui transferido para Teófilo Otoni em agosto de 1941), fazendo-se construção muito alta e com material (tijolos) ruim e podre... Não ficou imagem nem bancos nem altar nem nada. Até a pedra d'ara foi despedaçada; o sacrário com o Santíssimo ficou ileso. Não morreu ninguém. Eu tinha saído da igreja fazia seis minutos. Deus nos ajudou. Agora vamos levantá-la de novo e conforme a planta antiga. O prejuízo é de 80 mil cruzeiros. São José nos dará outros! A igreja velha já foi desmanchada, estou por enquanto celebrando missa na minha casa. Quanto tempo durará esta situação para atender um movimento religioso que, 1944, acusava 777 batizados, 11.500 confissões, 13.000 comunhões e 132 casamentos. (SC, 1945, p.194s).

    Frei Osório, construtor, veio substituir Frei Egídio, quando este, em fins de 1948, foi curtir férias na Holanda. Frei Osório da Silva Santos, já nosso conhecido, escreveu sobre os oito meses que passou em Caraí o seguinte: Logo de início passei umas vistas no livro de Tombo. Muito me impressionou a triste história da igreja de Caraí, na qual trabalharam Frei Celestino, Frei Olavo e Frei Egídio... a bela igreja caiu na hora que estava fechada... No livro de Tombo Frei Egídio escreveu: Sou o vigário mais pobre que há, mas não percamos a confiança em Deus. E Frei Osório continua: Frei Egídio foi descansar na sua terra... Seu substituto, com a boa vontade e cooperação de todo o povo, mas principalmente com a proteção patente de São José, conseguiu neste curto espaço de tempo, construir a igreja de São José do Caraí. E quando Frei Egídio voltou da Holanda, em setembro de 1949, encontrou a igreja que sonhava ou desejava, faltando somente o ladrilhamento do centro e as janelas da frente. Em tempo. Tivemos a honra de receber a visita a visita de S. Exa. D. José de Haas que veio batizar a nova matriz. S. Exa. Se fez acompanhar por Salésio Heskes, coadjutor de Araçuaí. Aos 21 de setembro de 1989 deixamos a freguesia de Caraí, tendo Frei Egídio novamente voltado. Frei Osório da Silva Santos. (SC.1948, p.93)

    E Frei Egídio voltou alegre e satisfeito, despreocupado e retomou seus trabalhos pastorais, viajando a cavalo e, mais tarde, de pesada moto, de capacete e tudo, nas grotas e matas, ainda por muitos anos. Teve uma época que ele com os colegas de Itaipé e de Novo Cruzeiro formava uma turma com sua pastoral regional. Na lista capitular de dezembro de 1949, ele ficou confirmado em São José do Caraí. Naquele ano a estatística da sua paróquia foi assim: uma paróquia 35.000 habitantes, 6 igrejas e capelas, 310 pregações, 1.119 batizados, 11.500 confissões, 12.800 comunhões, 238 casamentos, 34 E. Unções, 130 Terciários. Atualmente (outubro de 1988) ele reside em Caravelas que está sem vigário e sem bispo; D. Filipe, doente. Agradeço os Freis Egídio, Osório e Olavo suas publicações que tanto me ajudaram nesta história de São José do Caraí.. Atenção: Caravelas agora tem seu pároco= Frei Venâncio e Frei Egídio voltou para Alcobaça.

    Por Frei Helano van Koppen Fonte:Nossas Paróquias Mineiras, p.54-55. .

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SATLER, Fabiano Aguilar. OFM/PSC Paróquia Franciscana São José. International Network of Franciscan Studies in Brazil. Available in: http://riefbr.net.br/en/content/ofmpsc-paroquia-franciscana-sao-jose-1. Accessed on: 19/01/2025.