São Bento toda tem umas 15.000 almas, espalhada sobre uma região montanhosa, em grande parte mata de 80x60 km.
A população, quase só gente simples da roça, dedica-se quase exclusivamente à lavoura e pecuária, sem que chegue a certo grau de prosperidade. Com efeito, a região está ligada, pela estrada de ferro Bahia - Minas (via Teófilo Otoni e Urucu [Carlos Chagas]) ao litoral, contudo ela não dá melhor aspecto à região como se podia esperar e, por isso, o lugar em muitos aspectos não é diferente de outros lugares que estão privados de todos os meios de comunicação mais modernos.
Quando então, o padre em suas viagens, três ou quatro vezes por ano, está em contato com todos os seus paroquianos, encontra muita coisa que propriamente devia ser diferente, mas sente-se recompensado em seus esforços pela generosa hospitalidade, boa vontade, simplicidade e espírito religioso.
O conteúdo religioso e moral desse povo não são ruins.
A mudança da residência de Lufa para São Bento tinha a vantagem que ela ficou localizada numa vila mais povoada, mas também teve a desvantagem que se afastou do centro da paróquia e ficou na beirada.
Em 30 de dezembro de 1930, Frei Letâncio Vaske aqui chegou para ajudar por algum tempo o vigário Frei Cirino Teernstra que estava se restabelecendo de uma grave doença. Mais tarde foi nomeado vigário Frei Ubaldo Verdegaal.
Frei Ubaldo Verdegaal foi o vigário durante 20 anos. Em 1933 ele lançou os fundamentos da nova matriz. E quando, em 1935, Frei Serafim Lunter lá fez sua visita canônica, achou a matriz prontinha, quase totalmente construída com esmolas de amigos e parentes da Holanda, onde Frei Ubaldo esteve em 1932.
O movimento religioso era bastante grande, como mostra o relatório de 1938: 3 freguesias, 42.000 habitantes, 14 igrejas e capelas, 260 pregações, 1.700 batizados, 14.000 confissões, 16.000 comunhões, 207 casamentos. 73 extrema-unções, 13 terciários.
Em 1943 Frei Ubaldo chegou a ser nomeado vigário de Corinto. Mas seus paroquianos, principalmente os comerciantes sírios, conseguiram com seu abaixo-assinado telegráfico, apoiado pelo pedido pessoal de Dom José de Haas, que essa nomeação fosse cancelada.
Novo Cruzeiro tem de novo só o nome, mas na realidade é a velha e tão conhecida São Bento. São Bento desapareceu do mapa, foi arrasada por um simples decreto do Governo em 1944. Surgiu gloriosamente a cidade de Novo Cruzeiro.
Em 1951, porém, Frei Ubaldo, já com 60 anos de idade, pediu e obteve exoneração do cargo de vigário de Novo Cruzeiro, sendo sucedido por Frei Celestino van Kerkhof.
Foram muitos os frades que trabalharam em São Bento - Novo Cruzeiro, são eles: Frei Sabino Staphorst, , Frei Gualberto Schoonhof, Frei Luís Geldens, Frei Simeão van den Akker, Frei Cirino Teernstra, Frei Letâncio Vaske, Frei Ubaldo Verdegaal, Frei Celestino van den Kerkhof, Frei Manuel Smeltink, Frei Roberto Geusen, Frei Marino van Vondelen, Frei Antonelo de Gruijter, Frei Aurélio Peters, Frei Cristóvão Pereira e Frei Francisco Prick foi seu último vigário, até que, numa hora infausta, numa conferência em que o Padre Provincial (Frei Diogo Reesink) e o Padre Lídio Murta - como administrador da Diocese de Araçuaí - reunidos com os confrades da Diocese no ano de 1972, estando de novo a paróquia de Novo Cruzeiro sem titular, o Padre Provincial num gesto, parece de desespero, entregou-a de novo ao bispado.
Segundo informações, o vizinho mais próximo, Frei Fernando Stokman, já sobrecarregado com seus compromissos em Itaipé, visita de vez em quando o rebanho sem pastor.
Fonte: Neerlandia Seráfica (não editada) págs.173, 174 - Tradução de Frei Helano van Koppen ofm
Nossas Paróquias Mineiras - págs. 55,56,57.
Autor: Frei Helano van Koppen ofm
RSC, 1973 - pág. 38.
