O Governo Provincial optou por transferir estes cursos para Belo Horizonte, onde os frades teriam aulas no Instituto Central de Filosofia e Teologia - ICFT, já iniciando no ano letivo de 1968. Mas a equipe de formação continuou procurando um melhor direcionamento para esta etapa de formação tão importante.
A Revista Santa Cruz de 1972 nos conta um pouco mais sobre esta questão:
Nova Comunidade de Formação em Petrópolis
Petrópolis torna-se sempre mais um centro de estudos, reflexão e aprofundamento da vida franciscana, aberto para todas as Províncias.
Em nossas revisões sobre a Formação em nossa Província, constatamos como parte fraca, a fundamentação teológica e a reflexão sobre a vida religiosa franciscana. Ora, é nossa convicção, e certamente o é também de todos os confrades, que é essencial na formação e para todos nós, a reflexão sempre mais aprofundada de nossa vida como religiosos franciscanos e, portanto como homens de fé. É esta convicção que nos motiva a fundação da nova comunidade de formação em Petrópolis, como lugar que, no momento, oferece melhores condições para tal aprofundamento.
Para realizar esse objetivo a Equipe Provincial resolveu alugar uma casa naquela cidade.
Frei Basílio de Resende foi nomeado primeiro mestre dos estudantes da nova Fraternidade São Pedro de Alcântara.
No início de 1973 a turma já estava chegando por lá. O endereço deles: Rua Montecaseros, 95, apto 401 - Petrópolis, RJ.
Em agosto de 1973, depois de estudados os relatórios das várias casas de formação, a equipe de formação e a provincial chegaram a uma importante conclusão: Considerando o aumento do número de formandos que no próximo ano deverão morar em Petrópolis para fazer o curso de teologia, foi indicado o definidor Frei Antônio Francisco (Blankendaal) para verificar a possibilidade da compra de uma casa maior na mesma cidade.
A casa adquirida acha-se na Rua Paulino Afonso, 206 - C, é de 2 pavimentos e apresenta um bom estado de conservação, dando lugar para confrades estudantes. No ano de 1974 teremos em Petrópolis 6 estudantes de Teologia e um dirigente.
Em dezembro de 1973, Frei Geraldo van Buul foi nomeado formador da comunidade de teólogos, com isto Frei Basílio pôde voltar a Belo Horizonte e seguir seu curso de psicologia.
Os estudos superiores feitos em Petrópolis, além de oferecerem um bom curso de Filosofia e Teologia, favorecem também a reflexão e estudo sobre a vida religiosa e franciscana. A opção por Petrópolis trouxe bastante segurança e tranquilidade.
É uma casa muito visitada pelos confrades e, ao contrário do que se poderia pensar, os formandos não se sentem desligados da Província. Os estágios feitos em algumas de nossas paróquias contribuem muito para a integração, levando-os ainda a tomar contato com nossa realidade pastoral. A comunidade não é uma simples comunidade de estudantes (república), mas um convento com sua vida regular.
O Capítulo Provincial de 1977 foi também um momento de reflexão e avaliação. A grande pergunta sobre esta etapa de formação era se ela deveria continuar em Petrópolis ou voltar para Minas Gerais. Pediu-se um prazo de dez anos, para que a estabilidade dos estudos fosse favorecida e, neste meio tempo, a Província pudesse se organizar neste sentido. A moradia dos formandos também apresentava problemas.
O mesmo Capítulo de 1977 transferiu Frei Geraldo van Buul e agora Frei Raul Ruijs assumia como Mestre. Frei Metódio de Haas também foi morar lá, foi nomeado ecônomo da casa. Agora eram 13 os frades residentes em São Pedro de Alcântara, a casa estava ficando apertada, mas a Equipe Provincial estava atenta. Imediatamente os frades saíram à procura de uma nova residência, várias casas foram visitadas e avaliadas.
No segundo semestre de 1977 chegaram ao fim as negociações para a aquisição de uma casa maior, na Rua Monsenhor Bacelar, 400. Depois de efetuadas algumas reformas, a casa já estava pronta para acolher os moradores em fevereiro de 1978.
Em janeiro de 1979 Frei Basílio de Resende volta para a Comunidade dos Estudantes, agora como cooperador do Mestre.
Em Petrópolis os formandos usam o tempo integral para os estudos de filosofia e teologia. Os estudantes do sexto ano podem também atuar como coadjutores de fim de semana nas paróquias de Cascadura e Cavalcante, no Rio de Janeiro. Durante as férias, os formandos têm a oportunidade de realizar estágios em paróquias da Província.
Em janeiro de 1980, a comunidade sofreu um grande choque. Pouco tempo após voltar do Capítulo Provincial, Frei Raul Ruijs começou a sentir mal e veio a falecer no dia 19, vítima de um tumor cerebral, na idade de 47 anos. Frei Basílio assumiu então o cargo de Mestre Formador.
Em 1982 a Província sinaliza que o curso de Filosofia será transferido para Belo Horizonte e, realmente, os formandos saídos do noviciado em 1983 já não foram enviados a Petrópolis. Quem já estava cursando a filosofia continuou em Petrópolis até a conclusão do curso.
Em fevereiro de 1984, Frei Basílio foi transferido para Betim, como Mestre dos estudantes de filosofia e em seu lugar foi nomeado Frei Celso Márcio Teixeira, como Mestre dos teólogos.
A 1º de março de 1984, abriu-se o ano escolar em Petrópolis. O número de confrades da casa de formação diminuiu bastante. São nove estudantes de Teologia, 1 estudante do Triângulo Mineiro e os Freis Celso Márcio e Metódio. Os motivos da diminuição são simples: a transferência da Filosofia para Betim e os egressos, além de dois frades que foram continuar os estudos em Minas Gerais.
Em fevereiro de1986, a comunidade se enriqueceu com a chegada de Frei Antônio da Silva Rocha. Em dezembro do mesmo ano, houve a troca de Mestres, com a saída de Frei Celso Márcio, Frei Basílio retorna para conduzir a formação dos clérigos.
No Capítulo Provincial de 1986, o Padre Visitador, Frei Edgar Weist, em seu relatório se refere à Comunidade de Petrópolis com as seguintes palavras: Fiquei emocionado com a visita no clericato de Petrópolis, seja na vida de oração, seja na vida de serviço fraterno, na vida de estudos e pesquisas, no trabalho pastoral da Baixada (Fluminense), no lazer e no recreio. Tendo sido a última casa por mim visitada, foi de fato um fecho de ouro em minha caminhada. Parabéns!
Também a partir de 1986, a Província começou a manifestar o interesse de retornar os estudos de Teologia para Belo Horizonte. Estava chegando ao fim o prazo de dez anos pedidos em 1977. Uma Comissão foi criada para este fim. Esta transferência se daria de forma gradual.
Curiosidades sobre a fraternidade:
Durante as chuvas de fevereiro de 1988, a cerca dos fundos do Convento São Pedro de Alcântara foi destruída e a terra começou a entrar no terraço. A Defesa Civil foi chamada e recomendou que se evitasse o uso desta parte da casa. Sustos para quem mora em uma cidade serrana.
A Revista Santa Cruz de 1988, em sua seção Umas e Outras, nos conta uma história interessante ocorrida com os frades:
A Luta pela Habitação
Por causa de sua atividade junto aos flagelados pelas chuvas do último verão, em Petrópolis, vários franciscanos foram parar na cadeia: Frei Leonardo Boff, Frei Basílio de Resende, Frei José Américo, Frei Paulino van Wijk, Frei Flávio Silva Vieira, Frei João Batista Begnami, Frei Wilson e outros estudantes da Província da Imaculada Conceição. Após quatro horas foram liberados, mas permaneceram no prédio da delegacia, passando a noite em vigília a fim de chamar atenção para a lamentável situação dos desabrigados. Na manhã seguinte ocuparam o prédio da Prefeitura junto com várias famílias para reclamar providências urgentes.
Com a transferência definitiva do curso de Teologia para Belo Horizonte, no início de 1989, ficaram em Petrópolis Frei Basílio, que aguardava seu envio para o Projeto África (Moçambique), Frei Metódio, Frei Antônio Rocha e os três frades que concluiriam o curso de teologia no fim do ano: Frei Adelmo Francisco Gomes da Silva, Frei Flávio Silva Vieira e Frei João Bosco Resende.
Em dezembro de 1989, com a transferência de todos os moradores, a casa foi entregue a seus novos donos e a fraternidade foi supressa.
Fontes: Revista Santa Cruz
1967 - pág. 186
1972 - pág. 76
1973 - págs. 25, 109, 111, 120
1977 - págs. 42-43, 61, 138, 164
1979 - pág. 179
1980 - págs. 7, 11
1983 - pág. 408
1984 - pág. 145
1986 - págs. 16-17, 489, E 116
1988 - pág. 55, 105, 275.