O Capítulo Provincial, realizado em janeiro de 1983 sugeriu que se comprasse uma casa adequada para os idosos que queiram gozar de seu otium cum dignitate num local aprazível. Para este fim foi adquirido, no final do mesmo ano, um sítio em Ribeirão das Neves, a 27 quilômetros do Provincialado. O local se prestará otimamente bem para uma casa de idosos, casa de repouso para confrades, nosso futuro eremitério e talvez outros projetos ainda. Essa compra foi realizada com recursos que a Província mantém para a manutenção e cuidados dos frades idosos ou doentes (SC 1983, pág. 408).
Frei Lourenço Tollenaar foi o primeiro frade a se mudar para a nova residência, lá chegando em maio de 1984. Além de dar assistência em Ibirité, Frei Lourenço também foi auxiliar o vigário de Justinópolis, bairro vizinho ao sítio (SC 1984, pág. 165). Logo a fraternidade provincial tratou de dar uma passadinha no sítio para conhecê-lo e também se servir das frutas, que tinham em quantidade.
Frei Osório da Silva Santos se mudou para Areias no dia 2 de junho do mesmo ano, para um merecido descanso (SC 1984, pág. 248), permanecendo por dois meses.
A chegada de Frei Aristides Kasbergen se deu em 06.06.1984. Já chegou arregaçando as mangas e dinamizando o sítio, atuando em duas frentes: a reforma da casa e a plantação. A casa ganhou um novo forro e dois quartos foram adaptados com banheiros. Surgiu uma pequena plantação de milho. Frei Aurélio esperou o término das obras para se mudar para lá, o que se deu pouco tempo depois. (SC 1984, pág. 496).
O Capítulo Provincial realizado em janeiro de 1986 nos deu a seguinte composição da Residência Sítio Rivotorto: Frei Rogério Firmo dos Santos, como administrador do sítio, Frei Aristides Kasbergen, Frei Aurélio Peters e Frei Lourenço Tollenaar (SC 1986, pág. 15). Frei Rogério já era bastante conhecido pela sua organização administrativa e, ao chegar por lá, rapidamente encaminhou os trabalhos de horticultura, provendo algumas casas franciscanas de Belo Horizonte e Betim com verduras e legumes frescos, além de ovos e frangos.
Quando a Província pensou em construir um eremitério franciscano em 1986, uma das escolhas, claro, caiu sobre Areias, mas este acabou sendo construído na Colônia Santa Isabel, em Betim.
Em 1988 o Congresso Definitorial aprovou a ampliação do prédio de residência dos nossos confrades da Comunidade Rivotorto. Para esta obra Frei Rogério Santos foi assessorado pelos seguintes confrades: Frei Aristides, Frei Aurélio, Frei Hildeberto Polman, Frei Constâncio Mallens e Frei Geraldo van Buul (SC 1988, pág. 66).
Em 1989 a ampliação da residência de Areias continuou firme. Foram construídos oito quartos com banheiros, capela, refeitório e salão para encontros. Uma das dificuldades que apareceram foi o terreno. Foi preciso cavar fundo para colocar os fundamentos. Frei Lourenço começou a atuar como capelão na Penitenciária de Neves em janeiro de 1989.
Acabada a reforma, é hora de chegarem mais frades para compor a fraternidade. Frei Fernando Stokman e Frei Hubertino Backes chegaram em abril de 1990. No dia 27 de setembro de 1990, ao final do encontro da I Faixa Etária, que contou com a presença de 30 frades, a nova Casa de Areias recebeu a sua bênção (SC 1990, pág. 195). Frei Helano van Koppen chegou em agosto de 1990, mas para uma curta estadia, em novembro do mesmo ano já se encontrava em Carlos Prates. Frei Agostinho van Loon foi convocado para ajudar na horta e no pomar e por lá chegou em outubro de 1991. Com o fim das reformas em Areias, Frei Rogério, um ótimo administrador, foi enviado para Santos Dumont, em dezembro de 1991.
O ambiente do sítio é de pura tranquilidade. A casa, bem espaçosa e arejada, conta com uma bonita capela conventual, biblioteca, salas de recreio e de jogos, além de um jardim de inverno bem no centro da construção; é circundada por gramados bem cuidados. Ao lado da casa de hóspedes encontra-se a piscina, bem grande e azul, dando refresco aos dias ensolarados de verão. No entorno, pouco afastado da casa, chegamos a um pomar. Inúmeras jabuticabeiras, laranjeiras e outras árvores, fazendo a alegria de homens e animais que se aproveitam de seus frutos em abundância. Logo os frades de Belo Horizonte e região descobriram que lá encontrariam não apenas uma boa opção de laser, com sua piscina e churrasqueira, mas também um ambiente propício para retiros e grupos de reflexão.
Em janeiro de 1992, novos moradores foram chegando: Frei Egídio Söntjens e Frei Raul Ribeiro de Mello. Frei Hubertino em março e Frei Agostinho em junho, se despediram da comunidade. Frei Hubertino acabou retornando em setembro do mesmo ano. E a vida seguia sem pressa no Sítio Rivotorto. Por ser uma residência formada por frades aposentados, as consultas médicas e exames frequentes faziam parte da agenda da fraternidade.
Frei Helano van Koppen, em uma crônica da Revista Santa Cruz de 1994, conta sobre a construção e bênção de um Campo Santo em Areias:
Desde abril do ano passado (1993), Frei Raul Ribeiro de Mello ficou-nos informando na Revista Santa Cruz sobre a ideia de fazer-se em Areias nosso cemitério. E a ideia pegou mesmo. Frei Lourenço foi encarregado de pedir a devida licença à Prefeitura de Ribeirão das Neves (SC 1993, pág. 27), a qual concedeu sua autorização, porém exclusivamente para nossos frades. Frei Raul logo demarcou a área, um terreno acima da piscina, e desenhou a planta; tudo muito simples: as árvores lá existentes, entre as quais ipês amarelos, permaneceriam; um gramado seria implantado, no fundo seria construído um grande ossário (120 gavetas) e, em sua frente, um altar de pedra. Dito e feito. Para sua inauguração foi marcado o dia 8 de junho de 1994, às 9 h. Estiveram presentes, além dos moradores da casa, o Ministro Provincial Frei Luciano Brod, Frei Luiz Fernando Peixoto, vários confrades da Comunidade de Carlos Prates, inclusive Frei Helano van Koppen, também o Ministro Provincial da Holanda - Frei João van Duijnhoven, o engenheiro André Mauro responsável pela obra e o Sr. Luiz Capuccio, amigo dos frades e conselheiro financeiro. Trazidas do Cemitério do Bonfim, em Belo Horizonte, estavam alí também cinco urnas dos falecidos confrades: Hildebrando van Petten, José da Silva, Gamaliel van Emmerik, Cristiano Teunissen e Abel Snel. Defronte do paredão do ossário, de cor bem clara, com cinco gavetas abertas, em redor do altar e das cinco urnas, formamos nas duas calçadas um grande círculo, entre os dois gramados, já com diversos jazigos de mármore preto, numerados, para futuros sepultamentos. A seguir Frei Luciano iniciou a celebração em louvor de Deus e em homenagem aos nossos irmãos falecidos. Em poucas palavras Frei Luciano agradeceu a presença de todos, especialmente de Frei João, Provincial da Holanda, que durante muitos anos enviou inúmeros missionários para ajudar na evangelização do Brasil. Gratidão também à comunidade local, que realizou este cemitério ideal e também ao engenheiro responsável e seus esforçados pedreiros. Após a bênção final, as urnas foram definitivamente colocadas em suas gavetas e seladas. Todos, comovidos, uns às lágrimas, foram se retirando para a casa, onde foram servidos café, biscoitos e bolos (SC 1994, págs. 155-158).
Aos poucos, todos os frades sepultados em Divinópolis e outros cemitérios seriam trasladados para o novo cemitério provincial.
A reforma da casa antiga também aconteceu em 1994. A cozinha e demais áreas de serviço foram modernizadas, o refeitório se tornou mais amplo e construiu-se uma sala de visitas (SC 1994, pág. 218).
O ano de 1995 foi de Capítulo Provincial e as transferências tornaram-se necessárias. Já em fevereiro Frei Aristides e Frei Aurélio foram enviados para outros trabalhos. Chegaram agora Frei Guilherme van Wordragen e Frei Metódio de Haas. A composição da casa ficou assim: Frei Guilherme como guardião, tendo Frei Metódio como vigário da casa. Os residentes: Frei Lourenço, Frei Rogério, Frei Fernando Stokman, Frei Egídio, Frei Raul e Frei Hubertino.
Frei Valério Heisen chegou para morar no sítio em julho de 1996 (SC 1996, pág. 109).
Em julho de 1997, Frei Hubertino precisou dedicar mais atenção à sua saúde e foi, para isto, transferido para o convento em Carlos Prates (SC 1997, pág. 322). O final de 1997 trouxe também mais um Capítulo Provincial, que nomeou Frei Pedro Martinho Peeters como residente em Areias. Frei Rogério Firmo dos Santos, que há alguns anos vinha sofrendo um complicado problema de saúde, foi transferido para Carlos Prates a fim de ser mais bem acompanhado (SC 1997, págs. 493-494).
Falecimento de Frei Metódio de Haas
Na semana que antecedeu a morte de Frei Metódio, Frei Raul telefonou a Carlos Prates comunicando que no dia 14 de junho de 1999, o Frei Metódio iria completar mais um ano de vida e que ele contava com a presença das comunidades vizinhas. O próprio Frei Metódio fazia questão de convidar os formandos de Betim para a sua festa.
Não tem festa mais por aqui conosco, mas temos certeza que há uma lá no céu. Todo mundo se assustou com a notícia de seu falecimento. Como foi? O que aconteceu?
Achamos bom de colocar vocês a par dos últimos acontecimentos.
Na quarta-feira passada (dia 09/06), celebramos o aniversário do nosso Provincial, Frei Dario Campos, com a presença de muitos confrades da vizinhança. Frei Metódio veio também. Participou, mas um dia depois comentamos aqui em casa (Carlos Prates), que ele não estava ligando mais coisa com coisa, o que não era de hoje, não era novidade. No dia seguinte, ele vomitou muito, mas isto já havia acontecido em outras ocasiões. Frei Raul então providenciou um remédio para ver se parava o vômito e se alguma coisa ficava em seu estômago. Melhorou um pouco, tanto que no sábado ele tomou mingau sem problemas. Frei Raul precisou viajar a Pará de Minas para dar assistência. O Nilson, caseiro do sítio, foi vê-lo mais tarde e desconfiou, porque Frei Metódio sentia dores no peito. Rapidamente colocou o frei no carro para trazê-lo para Belo Horizonte, dando preferência ao atendimento no Hospital Felício Rocho. O Frei Valério veio junto com eles. Durante a viagem, a dor estava aumentando e foi tanta que o Nilson foi para o Hospital Dom Bosco, logo ali em Venda Nova, sabendo que este hospital tinha também convênio com a Unimed.
O Frei chegou lá ainda falando e andando e sempre se queixando de muita dor. Os médicos ligaram logo os aparelhos, insistindo para que ele fosse levado para um CTI, que faltava naquele hospital. Entraram em contato com o Hospital Felício Rocho, que comunicou que tinha vaga e uma ambulância com toda uma equipe médica pronta para buscá-lo. A situação dele estava, porém, tão crítica, que os médicos da ambulância acharam muito arriscado levá-lo neste estado. Esperava-se uma pequena melhora. Infelizmente, agravou-se aos poucos a situação e o Frei Metódio nos deixou no dia 12 de junho de 1999, às 18:05 horas.
No dia seguinte, dia 13 de junho, às 15 horas, nos reunimos em Areias e Frei Dario presidiu uma bonita missa de corpo presente. Sendo domingo, foi difícil para os confrades sacerdotes estarem presentes em grande número. Mas o que deve ter alegrado Frei Metódio, foi a presença maciça dos formandos de Betim, que animaram a celebração com seus cânticos e levaram o nosso querido irmão ao cemitério, para o descanso.
Fica, então, este início de saudade de um confrade que sempre nos alegrou com o seu bom humor e presença fraterna. Ele, que chegou aos seus quase 83 anos de idade, 63 de Vida Franciscana e 57 de Vida Presbiteral, descanse em paz! (SC 1999, págs. 213-214).
Frei Fernando Stokman foi transferido para Carlos Prates no início do ano 2000.
O Novo Milênio trouxe, além de grandes expectativas, mais um Capítulo Provincial, e este realizou mudanças em Areias. A partir de agora alguns frades formandos irão viver seu tempo de presença franciscana (um ano) no Sítio Rivotorto. A composição da casa a partir de novembro de 2000 é a seguinte: Frei Moisés José Bastos - guardião; Frei Francisco van der Poel foi para, em meio à tranquilidade, dar prosseguimento à sua pesquisa e organização de seu dicionário de religiosidade popular; Frei Laércio Jorge de Oliveira foi cumprir seu tempo de presença; os Freis Egídio, Valério e Pedro Martinho também continuaram na casa. Frei Guilherme, Frei Francisco Prick e Frei Raul se despediram de Areias (SC 2000, pág. 428-429).
No dia 17 de fevereiro de 2001, a fraternidade sofreu uma grande perda. Frei Valério Heisen faleceu em decorrência de um câncer generalizado na bexiga, depois de longos meses de sofrimento (SC 2001, pág. 7). Frei Valério foi um confrade sensível, espirituoso, meigo com crianças e animais. Excelente sacerdote e bom pastor. Grande fisicamente, grande espiritualmente, magnífico missionário. Era irônico e muito perspicaz em tudo que dizia e ouvia. Daí nosso cuidado ao dizer alguma coisa perto dele: caso descuidássemos, a gozação através de trocadilho deixava o falante corado da bobagem que dissera. Assim, brincava o confrade com as palavras, com as ideias e com as pessoas (In Memoriam de Frei Valério Heisen, por Frei Moisés José Bastos, SC 2001, pág. 171-172).
Mas a vida continua... A fraternidade de Areias está renovada. Ano novo, vida nova. Frei Moisés não cessa um segundo de fazer seus consertos nas coisas da casa. Frei Laércio não para de fazer suas típicas limpezas. Frei Chico se dedica cada vez mais ao seu dicionário da religiosidade popular. Tudo está tão bom, que acho que estou no Paraíso - comentou um dos frades.
A Revista Santa Cruz, em sua sessão Umas e Outras publicou o seguinte classificado: Devido ao falecimento de Frei Valério, está aberta uma vaga no sítio Rivotorto. Os interessados, favor entrar em contato com o Guardião. Como dizia Frei Joaquim van Kesteren: lá tem pichina! (SC 2001, pág. 102).
Um dia formidável
O sol despontou, o galo cantou, a casa arrumada, a mesa preparada e os convidados com aquela alegria esperada se apresentaram, para juntos, entoarem o Parabéns Pra Você! Foi assim naquele dia 15 de agosto de 2001, na comunidade do Sítio Rivotorto, onde todos cumprimentaram Frei Lourenço pelos seus quarenta anos de vida sacerdotal. Na celebração de ação de graças, caiam flores do céu, na terra, louvando ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo pelo momento tão especial na vida deste nosso irmão.
Nesta data querida! (16/07/1961) Mais um escolhido foi ungido para o santo serviço, a um santo desafio, o de fazer ressoar a palavra de Deus em todo lugar.
Muitas felicidades! Foram os votos naquele ano e hoje se repetiu o desejo, muitas felicidades Frei Lourenço, em todo lugar desse Brasil, destas Gerais, onde por anos já exerce seu magistério.
Muitos anos de vida! Mais quarenta, quem sabe? ... Mais quarenta anos de história a ser escrita, seja com pedras, seja visitando os encarcerados, seja sofrendo de hipocondria, ou mesmo servido ao Reino a cavá-lo. O que importa mesmo é que a disposição de pegar minha viola e ir cantar noutro lugar seja conservada, pois o que importa não é onde eu dormi e sim onde irei dormir....
Foi assim aquele formidável dia 15 de agosto de 2001!
Um dia mais que formidável.
A comunidade do Rivotorto, 27 dias depois, ou seja, dia 11 de setembro, preparou-se para mais uma festa: Os 70 anos de vida franciscana de Frei Egídio Söntjens. Além de muitos confrades, se fez presente um grupo de caraienses, ex-paroquianos do confrade jubilando. Durante a homilia, Frei Egídio descreveu, com detalhes, seus 66 anos vividos no Brasil (SC 2001, pág. 195).
No dia 13 de dezembro de 2001, foram nomeados para residir em Areias os frades formandos Frei Gabriel José de Lima Neto, estudante de música na UFMG e Frei Geraldo Luciano Claret Chaves, estudante de teologia (SC 2002, pág. 4). Na mesma data, Frei Laércio se despediu da comunidade.
Vida no campo
Frei Moisés, desde que chegou em Areias, não se cansa mais de dizer: Êta! trem bão é a vida do campo, sô!
Portanto, não estranhe se virem um frade, sotaque carioca, de chapéu, fumando cigarro de palha, chegando de carroça em Carlos Prates. Podem ter certeza de que é o guardião de Areias que foi à cidade comprar uns suprimentos para a casa e levar alguns queijinhos para os confrades da Casa Mãe (SC 2002, pág. 14).
No dia 15 de março de 2002, a comunidade do Sítio Rivotorto preparou uma merecida festa para comemorar os 60 anos de vida presbiteral de Frei Pedro Martinho Peters. A casa esteve lotada de confrades e amigos do jubilando (SC 2002, pág. 42).
O frade e o maiô
Lili, funcionária do Sítio, às vezes, dava banho em um certo frade idoso. Todavia, acabava sempre ensopada...
O frade, percebendo a situação da dedicada funcionária, deu alguns reais a outro frade para adquirir um maiô para Lili. Entretanto, Lili achou por bem que o frade comprasse uma capa e já resolveria o problema.
Dia do banho. Expectativa do maiô... Mas, de repente, vem Lili vestida com uma capa. O ancião, sem entender o que era aquilo, chama aquele frade e pede-lhe o dinheiro de volta, afirmando que era para comprar um maiô e não uma capa! (SC 2002, pág. 67).
Ô... Boiada
Não se assustem, caso encontrem o guardião de Areias triste e acabrunhado. Isso passa; é uma questão de tempo! Afinal de contas, a transferência de 15 vaquinhas do Sítio Rivotorto para o Postulantado, em São João del Rei, foi uma baixa irreparável no rebanho de Areias!
Não é brinquedo não!. A comunidade do Rivo Torto promoveu no último dia 14 de junho de 2002 - é o segundo ano - mais uma festa junina. Foi uma noite de confraternização entre os confrades de diversas casas da grande BH, os funcionários e amigos do Areias de Baixo (SC 2002, pág. 70).
No dia da Santa Cruz - 14 de setembro, ainda de 2002 - o guardianato de Rivotorto reuniu-se, para comemorar o dia da Província Santa Cruz. Houve a bênção da Cruz nas proximidades do cemitério ao som de muito foguetório. Na ocasião, foram lembrados nossos confrades falecidos e todos os confrades da PSC, nas suas mais diversas atuações a serviço do Reino (SC 2002, pág. 138).
Frei Adelmo Francisco Gomes da Silva chegou a Areias em dezembro de 2002. Lá ele encontrou um bom ambiente para se dedicar a seus estudos da língua italiana, antes de viajar a Roma para fazer mestrado em espiritualidade. Ficou em Areias até agosto de 2003 (SC 2003, pág. 10).
O porco do Frei Moisés
O pobre frade acordou de noite com o bichinho aos prantos. Era um ladrão que queria roubar o porquinho que seria assado no natal dos frades. Só que ele não contava com a surpresa: o porquinho rebelou-se e lascou-lhe uma mordida. Frei Moisés não teve como acudir a pobre criatura que, após ter sido ferido pelo ladrão, já havia morrido. No entanto, o ladrão fugira, mas a vizinhança o reconhece por causa do ferimento e não cessa de caçoar dele por tentar roubar o porco do padre (SC 2003, pág. 17).
Prece de um ancião
No convento de Rivotorto, em Areias, há 4 aniversariantes de abril. Em 2 de abril, Frei Pedro Martinho, velho guerreiro, entrou na casa de seus 86 anos. No mesmo dia Frei Raul entrou na casa dos 79 anos. Este, ao acordar de manhã, sentou-se na cama e compenetrado disse a si mesmo: - Frei Raul, cuidado, estás entrando na faixa etária de alto risco. Quer queiras, quer não, és um ancião! Ah, é? Pois não! Seja como Deus quiser!
Senhor, pedimos a cada dia,
Sabedoria do coração;
Jovem, idoso construiremos
Senhor teu Reino: mundo
Novo-irmão.
Glória ao Pai, Glória ao menino,
Deus que veio e Deus que vem;
Glória seja ao Divino
Que nos guarde sempre. Amém!
(SC 2003, págs. 58-59).
No convento há 3 cachorros: China, uma cadelinha vira lata, exímia caçadora de rolinhas e lagartixas, sempre atenta a qualquer movimento suspeito na grama; e suas duas crias: Pituxo e Pituxa. O trio defende, com unhas e dentes, o território que ocupam. Já se perdeu a conta de quantos gambás tiraram de circulação. Este animal, por ser lerdo e sem defesa, é presa fácil. No início do ano, mataram uma raposa de avantajado porte e em abril foi a vez de uma bela paca.
A agressividade canina pode ser causa de preocupação para os frades do convento, gerando problemas com os funcionários do Ibama, protetores dos animais silvestres. Por outro lado, se coibirem o violento instinto dos cães com castigo e confinamento, a briga seria com a turma dos protetores dos animais domésticos (SC 2003, pág. 96).
Morar no sítio requer um constante aprendizado, Frei Moisés que o diga! As abelhas do Sítio Rivotorto estão em festa. É que o Guardião daquela fraternidade, encantado com essas criaturinhas, resolveu fazer um verdadeiro aggiornamento em apicultura, no último mês de julho de 2003, para recuperar a produção de mel do sítio. É isso aí, Frei Moisés, as abelhas agradecem.
Engana-se quem pensa em algum frade andando a cavalo por aí. Nada disso. Até mesmo porque para o frade de quem falamos, o galope de um cavalo seria pouco para ele percorrer todo trajeto que faz, diariamente, de casa até à faculdade. Trata-se do Frei Geraldo Luciano, mais conhecido como Frei Lucianinho, que anda às carreiras para - saindo de Areias, Ribeirão das Neves - chegar pontualmente à Escola Guignard, no Alto das Mangabeiras, em BH - para seu curso de licenciatura em Artes Plásticas (SC 2003, págs. 136-137).
Em 27 de julho de 2003, o Definitório da Província achou por bem transferir Frei Pedro Martinho e Frei Egídio para Carlos Prates (SC 2003, pág. 161).
O ano de 2003 foi marcado por mais um Capítulo Provincial e a composição da residência, a partir de janeiro de 2004 passou a ser a seguinte: Frei Moisés, Guardião; Frei Lourenço Tollenaar, residente e Pastoral Carcerária; Frei Francisco van der Poel, residente e Pesquisador da Religiosidade Popular; Frei Raul Ribeiro de Mello, residente; Frei Gabriel José de Lima, estudante e vigário da casa; Frei Valdair Augusto, estudante e administrador do sítio; Frei Gilberto Martins Custódio, estudante e Frei Elias Januário Júnior, também estudante (SC 2003, pág. 165).
A partir de 2004, os restos mortais dos confrades, sepultados em Divinópolis, foram transferidos para o cemitério em Areias (SC 2004, pág. 6).
Frei Valdair Augusto, que já chegou em Areias, está animadíssimo e em pleno exercício de seu serviço de administrar o sítio. Nota-se pelos seus gritos e seus constantes passeios pelo pasto com uma prancheta à mão. Mas não pára por aí. Ele também está entrosado com a vizinhança. Inclusive está sendo disputado pelos times de futebol da redondeza. Seria bom a Província cuidar do passe dele (SC 2004, pág. 17).
Desde o último dia 24 de janeiro de 2004, encontra-se na comunidade o padre Carlos Antonio Sanches, da Diocese de Bauru (SP). Ele está buscando os encantos do franciscanismo e experimentando a fraternidade na Província Santa Cruz. A ele nossas boas vindas e que sua estadia seja moradia entre nós (SC 2004, pág. 18).
No dia 7 de maio de 2004, chegaram ao convento Rivotorto 14 confrades transferidos de Divinópolis, ou melhor, 14 urnas com restos mortais de confrades falecidos e enterrados no cemitério do convento Santo Antônio. Frei Teodoro desativou o cemitério de lá, exumando os cadáveres e os enviando para o campo santo ecológico de Areias. Frei Jorge Geerlings, o único vivo da turma, chegou ao convento com as urnas zincadas contendo os ossos às 15 h. (SC 2004, pág. 90).
Frei Elias Januário de despediu de Areias e da Ordem em 17 de outubro de 2004 (SC 2004, pág. 178).
Num clima de esperança e de alegria, os frades da comunidade celebraram a Memória dos Fiéis Falecidos no último dia 2 de novembro de 2004. A celebração foi realizada no Cemitério Provincial, com a presença de confrades de diversas casas da Grande BH e pessoas das comunidades acompanhadas pelos frades de Areias (SC 2004, pág. 198).
Frei Clézio Ferreira de Lacerda, outro frade estudante, foi residir em Areias a partir de janeiro de 2005 (SC 2005, pág. 13).
Frei Gilberto Martins Custódio passou a exercer seu ministério diaconal na Paróquia São Francisco das Chagas, em Carlos Prates, a partir de junho de 2005. E a partir desta data, a fraternidade passou por reformas gerais (SC pág. 103). Ainda em agosto de 2005, Frei Gilberto foi transferido de Areias para Betim e, em dezembro, foi a vez de Frei Raul, que foi residir em Carlos Prates (SC 2005, págs. 180, 380).
No dia 17 de dezembro de 2005, Frei Moisés José Bastos celebrou com a fraternidade Rivotorto e comunidade de Areias os seus 25 anos de Vida Presbiteral. Além do Provincial (Frei Luciano Brod) e do Vigário Provincial (Frei Eduardo Metz), alguns confrades da região de Belo Horizonte, familiares, paroquianos de Santos Dumont, Pequena Família, OFS e comunidade local estiveram presentes na celebração eucarística e jantar festivo. Frei Moisés foi ordenado Presbítero no dia 17 de dezembro de 1980, em Cavalcante, no Rio de Janeiro, tendo como bispo ordenante Dom Cláudio Hummes (SC 2006, pág. 26).
Em agosto de 2006 foram nomeados para o sítio, onde residiriam até o início de 2007, os seguintes frades: Frei Erotides Antônio de Melo e Frei José Geraldo da Silva Marques (SC 2006, pág. 218).
Frei Valtair Augusto de despediu de Areias e da Ordem Franciscana em dezembro de 2006 (SC, Especial do Capítulo 2006, pág. 261).
A composição da fraternidade do Sítio Rivotorto, após o Capítulo Provincial de 2006 é a seguinte: Frei Francisco van der Poel - guardião; Frei Fernando Resende da Silva - vigário do guardianato; Frei Feliciano van Sambeek; Frei Geraldo van Buul; Frei Lourenço Tollenaar; Frei Edvaldo Kemmeren (SC, Especial do Capítulo 2006, pág. 266).
No dia 2 de fevereiro de 2007, no Sítio Rivotorto, em Areias, o Vigário Provincial Frei Gilberto Teixeira da Silveira, recebeu a renovação de votos dos seguintes confrades: Frei Edson Máximo Ribeiro, Frei Eron Costa Cerrato, Frei Francisco Alexandre Viana, Frei João Ricardo Teodoro, Frei Tiago Luís Teixeira de Oliveira, Frei Erotides Antônio de Melo, Frei Reinaldo Pereira Gomes e Frei Vanderson Roberto da Silva (SC 2007, pág. 7).
Festa de Santo Antônio em Areias
No dia 12 de junho, véspera de Santo Antônio, a fraternidade comemorou com muita animação o padroeiro do sítio. A festa junina aconteceu em frente à capelinha-eremitério (construída pelo guardião, Frei Moisés) dedicada a Santo Antônio e contou com a presença dos moradores próximos ao sítio e de frades de Carlos Prates e do CEFE - Betim. Às 20 horas, foi rezado o terço em frente à capelinha, seguido da bênção e levantamento do mastro com a bandeira do Santo. Assim que a grande fogueira foi abençoada e acesa para esquentar os presentes do frio, começou a distribuição dos alimentos preparados para a ocasião. Uma animada quadrilha formada pelos jovens da região ajudou a animar ainda mais as comemorações. Foi tão bom que já tem gente esperando pela próxima... (SC 2007, pág. 158).
Em julho de 2009, Frei Geraldo van Buul foi autorizado pelo Governo Provincial a dedicar um tempo de vida e trabalho na Terra Santa (Jerusalém). Desejamos a ele uma fecunda experiência de missão na Terra Santa, respondendo aos apelos da nossa Ordem (SC 2009, pág. 125). Frei Geraldo viajou para Israel em dezembro de 2009.
Frei Fernando Resende também se despediu de Areias em dezembro de 2009, quando foi transferido para Jequitinhonha.
Frei Dari Bernardino Pinto chegou, para ser o vigário do guardianato, administrador do sítio e tesoureiro em dezembro de 2009.
Nos últimos anos, muitas benfeitorias foram realizadas no sítio, visando o conforto e segurança dos frades. Todo o terreno foi murado; o galinheiro foi reformado, mais que dobrando seu tamanho, o que aumentou a criação de aves e a produção de ovos; a pocilga também mereceu atenção, assim como o gado leiteiro. Foi construído um novo ambiente para a fabricação de queijos.
Dicionário de Religiosidade Popular
O filho de Frei Chico van der Poel finalmente está para nascer, após uma gestação de mais de uma década. Conforme o ultrassom realizado, a criança passa bem, mas apresenta um problema de obesidade e deve nascer acima da média (SC 2009, pág. 262).
No ano de 2010, Frei Francisco van der Poel (frei Chico) celebrou o jubileu áureo de vida religiosa franciscana. Dedicou sua vida à missão no Brasil, na Província Santa Cruz. Tornou-se referência na área da religiosidade popular, escrevendo livros, artigos e ministrando cursos. Entre inúmeros trabalhos desenvolvidos pelo Frei Chico, está pronto o Abecedário da Religiosidade Popular: vida e religião dos pobres no Brasil, ainda a ser publicado. É fruto de 40 anos de pesquisas e de 20 anos de dedicação especial a esta obra, que ele considera ser o começo do princípio do início de alguma coisa. São 8500 verbetes, com seis mil notas de roda-pé. Frei Chico sempre contou com o apoio dos Ministros Provinciais para o desenvolvimento de seus projetos da cultura popular, sendo, para isto, dispensado de compromissos paroquiais. Frei Chico atua como professor, propagador da cultura e folclore popular, se apresentando frequentemente num mundo onde a Igreja não alcança. Sempre vestido com o burel franciscano, considera seu uso importante para a pastoral vocacional; acha o hábito um símbolo forte, muito positivo e conhecido no mundo inteiro (SC 2010, pág. 19-27).
Frei Edvaldo Kemmeren é outro frade que comemorou seu jubileu em 2010. São 50 anos de ministério presbiteral. Frei Edvaldo foi ordenado presbítero em 1960 e, desde dezembro de 2006, reside na comunidade do Sítio Rivotorto. Além de assistente espiritual das Irmãs da Pequena Família, Frei Edvaldo ocupa boa parte de seu tempo cuidando do jardim e plantas ornamentais do convento de Areias. Frei Edvaldo passou por várias paróquias e, para um frade de vida paroquial, a ida para Areias foi uma mudança radical, como ele mesmo nos relata: Moro agora no retiro da Província e vivo constantemente em retiro. Experimento isso, benéfico para um velho encostado. Vivemos bem em comunidade. Prestamos assistência à paróquia da qual fazemos parte como moradores. Na medida do possível, atendemos ao pároco quando ele solicita alguma ajuda. Afinal, não cabe a nós interferir na pastoral. Isso cabe ao pároco. Depois da saída de frei Geraldo van Buul dou assistência à Pequena Família Franciscana. Pelo resto, trabalho em casa e procuro enfeitar um pouco, alegrando o ambiente com flores no jardim, como um jardineiro não profissional (SC 2010, págs. 80-83).
Os bichinhos de estimação também são notícia: Para quem associa o nome Dunga à derrota do Brasil na Copa do Mundo de 2010, é hora de conhecer a nova alegria dos frades do sítio. Trata-se de um bichano adotado pelos frades e que faz a festa no recreio da noite. Os frades tratam-no muito bem: amarram penduricalhos no rabo do animal, jogam água nele com uma seringa, e o fazem literalmente de gato e sapato. Agora, o bichinho tem uma nova companheira: a gatinha Wanderleia, homenagem a outro técnico de futebol (pois no início se achava que se tratava de um gato). Nada como uns bichinhos para alegrar a vida fraterna! (SC 2010, pág. 172).
Frei Leto de Azevedo chegou a Areias, vindo de Divinópolis, em agosto de 2010.
Em fevereiro de 2011, Frei Feliciano van Sambeek foi transferido para Carlos Prates.
E a vida vai correndo tranquila em Areias, cumprindo sua missão e fazendo história na Província. .