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Place of presence and action

  • Identifier:
    11974
    Descripcion:
    OFM/PSC Casa e Paróquia Franciscana São Bernardo
    Type of presence:
    Place: Alcobaça, BA
    Initial date:
    1950
    Final date:
    2016
    Notes about this place of presence/action:
    Para nos guiar nos primórdios da presença franciscana na região do Sul da Bahia, nos serviremos da grande ajuda de Frei Helano van Koppen, em seu livro Nossas Paróquias de: Caravelas, Alcobaça e Prado - BA; Cascadura e Cavalcante - RJ, nos últimos 25 anos do Comissariado Franciscano da Santa Cruz - 1925 a 1950, impresso em 1991, páginas 4 a 24, cujo exemplar se encontra no Arquivo provincial. Servimo-nos também das preciosas referências de outro frade, o nosso conhecido Frei Olavo Timmers, que durante muitos anos foi o arquivista provincial e pronto socorro histórico, além de participante dos fatos. Outra importante fonte de pesquisa é a Revista Santa Cruz, publicada pela Província desde 1936 até os dias atuais, que, no texto, terá a referência SC.

    Segundo Frei Helano, a história desses lugares do Extremo Sul Baiano (Caravelas, Alcobaça, Prado, Mucuri, Viçosa e outras) é tão interdependente em geral e particularmente para os franciscanos, que pode ficar um pouco difícil separá-las. Procuraremos neste relato, o mais possível, destacar a presença e atuação dos frades em Alcobaça.

    Coisa interessante é anotada por Frei Olavo: Naquele tempo, quando o Sul da Bahia pertencia eclesiasticamente ao Rio de Janeiro (1675-1854), todas as paróquias tinham seu vigário: Mucuri, Viçosa, Caravelas, Alcobaça, Prado e Porto Seguro. Começou a sentir falta de padres quando foi pertencer à Arquidiocese de Salvador, o que piorou ainda mais, quando foi incorporado à nova diocese de Ilhéus (1913), diocese pobre de sacerdotes. Acontece que, naquele tempo por falta de estradas, o único jeito de se chegar ao nordeste mineiro, do centro de Minas ou do resto do mundo, era pegar um vapor, que passasse entre o Rio de Janeiro e Caravelas e, de lá, continuar pela estrada de ferro até seu destino. Acontecia que os padres, superiores e visitadores franciscanos tinham de esperar em Caravelas dias e até semanas a passagem dum navio costeiro para o Rio de Janeiro. Assim a boa gente tinha toda oportunidade e razão de apelar para as autoridades competentes que ao menos um padre, de tantos passageiros, permanecesse no Sul da Bahia (SC 1964, pág. 88). Assim, o 1º bispo de Ilhéus, Dom Manuel de Paiva (1913-1931), pelejou diversas vezes com nossos Superiores, pedindo Franciscanos para Caravelas, com suas paróquias anexas Viçosa e Mucuri. E não era possível. Seu sucessor, o santo Dom Eduardo Herberhold (ex-provincial da Província Franciscana do Norte), lutou até cansar, até apelar, em 1934, ao Papa Pio XI, ao nosso Padre Geral de Roma, Frei Leonardo Belo, e, ainda, ao Capítulo Provincial da Holanda. Mas finalmente conseguiu, em 1935, que nosso Superior Frei Serafim Lunter prometesse mandar um padre. Nosso Frei Teodoro Ouwendijk, de Carlos Chagas, MG, já acompanhou Dom Eduardo, em 1936, na sua visita pastoral em Caravelas, Alcobaça e Prado. Alcobaça ganhara, em 1932, um padre mineiro de Araçuaí, o Padre Emiliano Gomes Pereira (O Pretinho), o qual o bispo queria e devia despachar... mas não tinha outro! (SC 1964, págs. 236 e 260).

    Finalmente, em 22.09.1936, o nosso Conselho aceitou a paróquia de Caravelas, com suas paróquias anexas Viçosa e Mucuri, nomeando vigário ao pioneiro do Nordeste Mineiro, Frei Feliciano Smitz e coadjutor ao novato Frei Peregrino Loerakker (SC 1936, pág. 81 e SC 1965, pág. 23).

    A região era muito insalubre pelo impaludismo, que, logo em 1938, prostrou Frei Peregrino. Nesse meio tempo, os freis de Caravelas ficaram encarregados também da paróquia de Alcobaça e, provavelmente, também com a de Prado (SC 1938, pág. 146).

    Que beleza, escreve Frei Feliciano Smitz, se as três freguesias: Caravelas, Alcobaça e Prado pertencessem ao nosso Comissariado! Manda, Senhor, operários à tua messe (SC 1939, pág. 137). De fato, por carta de Dom Eduardo (24.04.1939), os Franciscanos de Caravelas ficaram encarregados das mesmas (SC 1966, pág. 17).

    Alcobaça, antigo arraial de Itanhém, foi criado pelo desmembramento de partes dos Municípios de Prado e de Caravelas e instalado em 03.03.1755; uma extensão de 5.034 km² e uma população de 20.000 habitantes; sita ao rio Itanhém, com os afluentes Itaitinga, Água Preta (Itanhém) e Água Fria (Medeiros Neto); Vila em 12.11.1777, cidade a 20.06.1896. Tem a melhor praia do Sul da Bahia; grande templo barroco, dedicado a São Bernardo de Claraval; foi uma primitiva capela, ereta pelos PP. Portugueses, reconstruída, anos depois, pelo Padre José Porfírio da Silva, que lhe deu a importância atual. Em 1937, sob a direção do Padre Emiliano Gomes Pereira (O Pretinho) sofreu uma reforma geral. Seu rio é navegável e piscoso, com fazendas de criação, cacau e cereais, entre elas: Cascata, Serrania, Angelim, Cana Brava, São Gonçalo, Providência, São Bernardo, Santo Antônio, etc. Suas florestas são exuberantes de madeira de lei, ainda inexploradas. No Alto Sertão exploram-se jazidas de águas-marinhas e grafite. Sua população (ainda) é católica, não existindo seita nem culto estranho (Nação Brasileira, Dr. Joaquim Almeida, cópia autorizada de Frei Celestino em SC 1940, pág. 118 s).

    A grande perda

    Em meio às suas preocupações com sua diocese de Ilhéus em geral e especialmente com o Sul da Bahia, Dom Eduardo foi participar, em julho de 1939, do Concílio Plenário dos bispos brasileiros, no Rio de Janeiro. Terminado o concílio, os bispos baianos desembarcaram, no dia 24 de julho, bem cedo, no porto de Salvador. Do Eduardo acompanhou o Arcebispo Primaz para seu palácio. Pelas nove horas, Dom Eduardo teve uma síncope, vindo a falecer na mesma tarde.

    A morte deste homem apostólico, escreveu Frei Feliciano Smitz na sua Crônica, pág. 45, é uma grande perda para esta diocese; será difícil achar um sucessor competente para esta zona tão árdua (SC 1966, pág. 19).

    Confusão

    Frei Olavo opina: Com o enterro do grande amigo dos Franciscanos, parece enterrada em Ilhéus também a boa vontade para com os Frades Franciscanos. Veja, ainda não passou o funeral de Dom Eduardo e já dois padres da Cúria de Ilhéus nomearam ao Padre Antônio Avelino vigário de Prado e encarregado de Alcobaça. Ele mesmo em Prado, dia 31.07.1939, comunicou sua nomeação por provisão da autoridade (?) diocesana do dia 26 (Livro de Tombo de Caravelas, pág. 37v, em SC 1966, pág. 19s).

    Consternação geral em Alcobaça: telegramas para Ilhéus: do Prefeito, dos comerciantes, do povo em geral, do antigo Prefeito, das Irmandades e ainda de todo o professorado, pedindo a permanência dos Franciscanos. E veio a resposta ao Prefeito: Aguardar nomeação Vigário Capitular para resolver caso vigário aí, farei o possível satisfazer população Alcobaça (SC 1966, pág. 20).

    Casualmente, nosso Superior Frei Serafim Lunter, veio a Caravelas em visita canônica. Frei Feliciano mandou de Alcobaça telegrama para Ilhéus: Nosso Superior quer saber quem está encarregado de Alcobaça. Não veio resposta. No dia seguinte, Frei Serafim, acompanhado de Frei Peregrino e de Frei Leobino, foi visitar Frei Feliciano em Alcobaça. Foram recebidos por grande festa popular. Duas horas depois, os freis voltaram para Caravelas; só Frei Leobino ficou, aguardando resposta do telegrama. No domingo, dia 6 de agosto, ele celebrou às 7 horas e foi para Caravelas. Às 11 horas chegou de Prado o Padre Antônio Avelino, foi celebrar a Missa, na qual leu sua provisão. A posse estava tomada. No dia 07 de agosto chegou a Alcobaça o telegrama de Ilhéus: Freguesia continua regida vigário Caravelas. Padre Barreto. Satisfação do povo e dos freis. O Padre Antônio voltou no mesmo dia para Prado (SC 1966, pág. 47).

    Frei Feliciano escreveu satisfeito; Alcobaça ficou sendo mesmo paróquia nossa e, no dia 09 de agosto de 1939, Frei Peregrino Loerakker entrou lá festivamente ao dobrar dos sinos, e continua a trabalhar pelo bem das almas de um povo que tantas provas deu da sua estima com a gloriosa Ordem Franciscana (SC 1939, pág. 139s). Ele fez também a novena e a festa do venturoso Abade de Claraval, Padroeiro de Alcobaça (20 de agosto).

    Alcobaça (30 a 40 mil habitantes) não é tão indiferente em matéria de religião como Caravelas. Sua zona da mata (Água Preta=Itanhém) é habitada por muitos bons católicos. Mas o chamado Sertão de Alcobaça, umas 20 léguas rio acima, apresenta uma situação dolorosa com suas uniões ilícitas e grande número de pagãos já crescidos.

    Frei Celestino van de Kerkhof veio suceder a Frei Peregrino, que fora nomeado vigário de São Sebastião do Norte (=Machacalis). Com a palavra Frei Celestino: Cheguei a Alcobaça no dia 23 de outubro de 1939. É uma cidadezinha de uns 1.500 habitantes. Visto do lado do porto, causa uma impressão agradável. Visitando depois a igreja, ampla e asseada, e a praia (que é a melhor do Sul da Bahia), a gente sente a vontade de passar aqui o resto de seus dias. O povo todo é católico, gosta da sua igreja de São Bernardo e das suas Irmandades, com grande devoção a Nossa Senhora do Rosário.

    No mês de novembro fiz o giro, ainda marcado por Frei Peregrino. Rio acima, até o córrego do Sumidouro, encontra-se (no sertão e na mata) pouca gente e ainda menos religião. Daí para cima parece ser Minas Gerais. Tal viagem, que dura pelo menos 30 dias, é agradável, quando as estradas (Frei Olavo diria trilhos) estão enxutas, mas em tempo chuvoso luta-se com as maiores dificuldades: ladeiras escorregadias; nas várzeas, atoleiros, onde o burro pode afundar-se até a barriga e custa então para sair; ribeiros e córregos cheios, onde, para não molhar a bagagem e selas, os animais devem passar desarreados e os viajantes, até o pescoço na água, têm de carregar na cabeça arreios e malas, roupa e botas; pior ainda, atravessar rios bravos com todos os apetrechos, balançando numa fraca canoa, puxando os animais que, nadando, lutam contra a correnteza das águas (SC 1966, pág. 48).

    No fim de 1939, Frei Feliciano residia em Caravelas, Frei Celestino tomava conta de Alcobaça e Frei Leobino de Viçosa, Mucuri, das capelas de Caravelas e do Comércio de Chapéu Velho (Itupeva). Em Prado estava o Padre Antônio Avelino e em Porto Seguro o Padre Emiliano... Tranquilidade... futuro próspero... Progresso religioso.

    A estatística sobre 1939:.

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how to quote this content
SATLER, Fabiano Aguilar. OFM/PSC Casa e Paróquia Franciscana São Bernardo. International Network of Franciscan Studies in Brazil. Available in: http://riefbr.net.br/en/content/ofmpsc-casa-e-paroquia-franciscana-sao-bernardo. Accessed on: 19/01/2025.