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Franciscan

  • Alt
    Identifier:
    20738
    Name:
    Fr. Silvério de Rábbi, OFMCap
    Sex:
    Date of birth:
    24/07/1847
    Date of admission:
    16/08/1864
    Date of death:
    16/07/1918
    Place of birth: Itália, IT
    Ecclesiastical state:
    Biographical Notes:

    Frei Silvério (João Zanon), que deixou fama de grandes virtudes, nasceu aos 24 de julho de 1847. Filho de Carlos Zanon e de Luísa Zanolli, vestiu o hábito capuchinho em Condino, aos 16 de agosto de 1864. Fez sua primeira profissão em 1865; votos solenes aos 21 de setembro de 1868. Foi ordenado Sacerdote aos 30 de novembro de 1869.
    Logo após a ordenação foi nomeado professor e em 1885 veio para o Brasil, indo trabalhar em Pernambuco, na antiga Colônia Santa Isabel. Lá percorreu os mais distantes rincões pregando missões.
    Em 1890, Frei Silvério uniu-se a seus co-irmãos trentinos que se estabeleceram em Piracicaba; aos 12 de março desse ano, foi com Frei Félix até essa cidade, sondando as possibilidades de ali abrir residência. Não estava com os primeiros frades que ali chegaram definitivamente aos 16 de abril, pois chegou apenas em meados de maio.
    Esse humilde e virtuoso frade trentino austríaco, “como professo e como estudante, sempre se distinguiu pela sua singular piedade, aplicação nos estudos e empenho que fazia em não se afastar sequer uma linha da observância de nossa Regra, das Constituições e do regulamento dos estudantes”.
    Após residir por certo tempo em Piracicaba, foi para Taubaté e lá desenvolveu intensa atividade. Ficaram célebres nessas cidades as Missões pregadas por ele e seus colegas nos anos de 1892 e 1893. Em Piracicaba, pregou com Frei Félix, Frei Virgílio e Frei Luís de São Tiago; enormes foram os frutos espirituais colhidos. Como registrou Frei Damião no livro CRÔNICA de Piracicaba, “os missionários não pregavam a si mesmos ou para conquistar fama de grandes oradores; não pregavam ninharias, poesias ou inutilidades... mas a palavra de Deus, as verdades eternas, o prêmio que será dado aos justos e o castigo que será dado aos maus. – “Fazei dignos frutos de penitência, – tonitroavam com a voz forte e ardente no púlpito –, detestai as faltas cometidas e chorai as culpas passadas; cessai de ofender o nosso Deus, pois quando menos pensardes a morte poderá surpreender-vos em pecado mortal e serdes precipitados no abismo infernal.. Se hoje o Senhor vos chamar amorosamente, não endureçais os vossos corações, mas, humilhados e arrependidos, retornai a Ele e vereis e provareis o quanto Ele é bom e misericordioso!!
    “E quanto mais a missão se prolongava, tanto mais abundantes eram os frutos de penitência e de vida eterna que produzia”. (fls.33-34).

    Foram 20 dias de grandes conversões em Piracicaba.

    Igualmente, em Taubaté, foram frutuosíssimas as Missões que Frei Luís, Frei Gregório de Rumo, Frei Mansueto de Valfloriana e nosso Frei Silvério deram em 1892. Como referem Frei Fidélis e Frei Modesto na já citada obra, “se a eloqüência de Frei Luís arrebatava, a santidade de Frei Silvério impressionava profundamente a todos. Dias houve em que o povo, não podendo dominar-se, tomado de entusiasmo pelos virtuosos missionários, levaram-nos em triunfo pelas ruas da cidade, desde a Matriz até o Convento, erguendo “vivas” à Igreja, à Religião Católica, ao Papa, aos Missionários Capuchinhos.
    “O confessionário de Frei Silvério estava sempre apinhado de gente. Aporfiavam-se todos para ouvir uma palavra do Padre Santo (era Frei Silvério).
    “Percorreu, pregando missões, grande parte do litoral paulista, levando consigo Frei Crispim de Rallo e o irmão Frei Vicente de São Tiago. Quando suas forças já não lhe permitiam viajar a cavalo, pôs-se a fazer o bem de toda maneira na Capital. Era o confessor procurado de preferência pelo Clero, a começar dos srs. Bispos. Era o diretor espiritual de muitas consciências, principalmente das Religiosas. Pregava muito, e os seus sermões eram simples e muito proveitosos. Fez larga propaganda de bons livros, bons jornais e boas revistas. Visitava os pobrezinhos e os encarcerados e tinha especial cuidado dos doentes.
    “Devotíssimo de Nossa Senhora do Sagrado Coração de Jesus, fez de sua devoção grande propaganda. Incentivou muito entre os Capuchinhos a idéia de se redigir um jornal católico, destinado aos italianos do interior e ajudou muito eficazmente o Frei Damião de Grumes na fundação do “La Squilla”.
    “Agraciou-o Deus com o dom de converter pecadores refratários ao arrependimento. Chamado pelas pessoas piedosas à cabeceira de algum enfermo renitente, dificilmente se retirava sem ter conseguido que o doente se confessasse. Todos o tinham como um santo. Quantas vezes o encontramos, em horas avançadas da noite, a rezar de joelhos, a meditar, a suspirar diante de Jesus no Sacrário, velado apenas por uma lâmpada?
    “Na sua cela, estava sempre de joelhos a desfiar o rosário. Vivia sempre a se mortificar. Dificilmente se encontrará quem diga qual era a cor de seus olhos.
    “Há pessoas que, quanto mais se mortificam, mais ríspidas se manifestam; ele, não; sempre foi muito amável, muito obsequioso, muito compassivo dos males alheios. Jamais se ouviu dele uma queixa do muito que sofrera no seu longo peregrinar pelos lugares mais afastados, em contínuas missões.
    “Era verdadeiramente um santo! Orçava pelos seus 70 anos, quando Nosso Senhor, querendo premiá-lo, mandou-lhe uma longa enfermidade, cujos aguilhões sofreu sempre com uma paciência inalterável. Por fim, confortado pelos últimos Sacramentos, cercado de seus confrades, entregou sua alma a Deus, em sua pobre e humilde cela do Convento da Conceição em São Paulo, no dia 16 de julho, dia de Nossa Senhora do Carmo, de 1918. Era uma terça-feira. Durante todo o dia e à noite, foi uma romaria de gente que acudiu ao Convento para ver o virtuoso extinto, velar-lhe o cadáver e orar por ele.
    “Na manhã seguinte, o Sr. Arcebispo Dom Duarte Leopoldo e Silva celebrou, na Igreja do Convento, Missa de corpo presente, seguindo-se-lhe a Missa da comunidade, com exéquias. Seu enterro foi concorridíssimo. Celebraram também no mesmo dia, por alma de Frei Silvério, os Srs. Bispos Dom Benedito de Souza, do Espírito Santo, e Dom Joaquim Mamede, auxiliar de Campinas.
    “Muitas pessoas, pediram com insistência qualquer coisa que tivesse sido usada por Frei Silvério, para conservar como uma espécie de “relíquia”, tal a veneração em que o tinham.
    “Se sobre a campa que guarda seus ossos se houvesse de colocar uma lápide e nela um epitáfio, sou de opinião que se haveria de gravar estas palavras: ‘Vivi e morri de amor por Deus e pelas almas’ “.(*)
    Conforme registrou também o Documento Oficial da Ordem, Frei Silvério “foi incansável até a morte, exercendo seu ardente zelo pela salvação do próximo, nos vários gêneros de pregação, no atendimento de confissões, nas visitas aos enfermos, percorrendo todo o sudeste e outras regiões de nosso Estado e algumas de Minas Gerais, deixando em todos os lugares uma bem viva e grata recordação pelo seu zelo apostólico, por suas preclaras virtudes e inúmeras conversões conseguidas por ele”.
    “Em seu trabalho na Imprensa, alertava contra os “danos dos jornais, revistas, livros irreligiosos e imorais, que procurava eliminar das bibliotecas populares e das famílias”.
    “Mantinha ativa correspondência com muitas livrarias católicas da Itália e de Portugal a fim de conseguir, a preços reduzidos, bons livros de instrução e de piedade e divulgá-los entre o povo.”..
    Como pregador Frei Silvério brilhou nos púlpitos trentinos, brasileiros e em púlpitos célebres como da Catedral de Trento e de São Justo em Trieste”.
    “Porém, o que mais ressaltava essas e muitas outras virtudes do incansável missionário, era a sua modéstia, rara humildade, que o levavam a agir sempre sem ostentação, esquivando-se totalmente às honras e louvores humanos, e a atribuir a outros os méritos que lhe eram devidos, tanto que poder-se-ia aplicar-lhe as palavras da ‘Imitação de Cristo’: amabat ne sciri et pro nihilo reputari”...
    “Debaixo de chuva, grande multidão veio trazer suas últimas despedidas a Frei Silvério. ‘Quem se humilha será exaltado!’ disse Cristo.(**)

    Outra grande Missão pregada por Frei Silvério foi nos anos de 1896 e 1897, pelo litoral, com Frei Crispim de Rallo e Vicente de São Tiago. Delas deixou escrito interessantíssimo relato cujo resumo pode ser lido no livrinho que já publicamos: PASTORAL MISSIONÁRIA” - 1890-1980 – pp. 13 a 15. Ali podemos ler ainda dados sobre outras atividades de Frei Silvério.
    Segundo deixou escrito seu colega Frei Damião de Grunes no Livro Tombo do Largo São Francisco, antes de pregar, Frei Silvério orava, “fazia longa oração, pois mais do que de seus dotes e qualidades oratórias, era da oração que dependia o fruto de seus fortes, robustos, eloqüentes discursos morais. Sua pregação era acompanhada do bom exemplo, de uma vida intemerata, pois sabia que é desprezada a pregação daquele que tem vida relaxada”.
    Ouvindo a leitura da vida do Servo de Deus Frei Rogério O.F.M. no refeitório, em São Paulo, alguns frades que conheceram Frei Silvério comentaram, – como escreve Frei Isidoro-: “Frei Silvério fez tudo isso e muito mais”...
    Embora Frei Silvério não se esquivasse de pregar em grupo, tinha sua preferência por um trabalho mais individual.

    Nos seus últimos dias, refere Frei Isidoro em manuscritos avulsos, talvez tocado pela delicadeza de sua consciência, Frei Silvério vivia a repetir:
    “Vae mihi quia tacui”. (ai de mim, que calei ). O motivo, somente ele e Deus conheciam. E conclui Frei Isidoro:

    “Espero que ele já estará no Céu, muito embora o mundo e seus confrades o tenham quase esquecido... Alcançai-nos, ó São Silvério, bons e santos superiores zelosos da glória de Deus, do bem da Ordem e da Missão, e da salvação das almas.” (17 – julho de 1937, 19º aniversário do sepultamento).
    Como já afirmamos ao falar de Frei Bernardino de Lavalle, os capuchinhos atenderam por muito tempo Traviú, Louveira, Passarinhos, Fazenda Santa Clara (dos Roveri) e outros locais.
    Entre os mais antigos desta última fazenda, conta-se que tendo que ir rezar missa noutro sítio vizinho à mesma, iam de trole. Certa vez, em pleno caminho, levanta-se negro temporal que ameaçava desabar. Além dos estragos à lavoura pela provável chuva de pedras, a Missa não aconteceria.
    Frei Silvério mandou parar o trole, tirou seu Ritual e água benta, rezou, aspergiu os quatro cantos. O tempo clareou e não choveu...

    Celebrou a santa Missa, fez todos os serviços sacros, voltou para a fazenda Santa Clara e então começou a chover torrencialmente, mas sem chuva de pedras. O povo considerou isso um milagre devido à santidade do padre, aumentando ainda mais a estima que todos já nutriam por ele.
    Manifestou-se, então, a grande fé que esse nosso coirmão trazia dentro de si, unida à caridade para com os pobres agricultores, fé e caridade que andam sempre juntas e produzem o grande Milagre da união de todos na vivência da mesma Religião que santifica e eleva o Homem..
    “Se tiverdes fé como um grão de mostarda e disserdes a este monte: transporta-te para lá, isso será feito”, disse Jesus.

    (*) “OS MISSIONÁRIOS”‘. pp. 560-562.

    (**) “Analecta Ordinis Fratrum Minorum Capuccinorum” – Roma, 1918, p 185.

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CONFERÊNCIA dos Capuchinhos do Brasil. Fr. Silvério de Rábbi, OFMCap. International Network of Franciscan Studies in Brazil. Available in: http://riefbr.net.br/en/content/fr-silverio-rabbi-ofmcap. Accessed on: 19/01/2025.