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Caçula de seis irmãos, nasceu o Guilherme, nosso Frei Olivério Aps, a 7 de janeiro de 1874, na aldeia de Huckingen, que fica nas proximidades de Duisburg, Alemanha. Terminada a escola primária, foi ser aprendiz de alfaiate, em sua própria terra natal. A boa formação religiosa que recebeu fez dele já na juventude um pequeno apóstolo, tanto entre os familiares, como entre os companheiros. Sempre se alegrava quando podia ajudar à Santa Missa e rezar diante do tabernáculo. Esta vocação religiosa que nele se manifestou desde a infância, foi orientada e dirigida pelo seu confessor, que também o encaminhou e apresentou ao convento franciscano de Harreveld, Holanda. Ficou-lhe gravada na lembrança esta primeira viagem de trem que fez sozinho pois, nela encontrou um sacerdote o franciscano com o mesmo destino: Harreveld. Alegremente sacrificou os parcos recursos que, com dificuldade ajuntara, e pagou-lhe a passagem; tanto assim que, no regresso, com pouco dinheiro, teve que fazer grande parte do trajeto a pé, e quase sem poder alimentar-se. A primeira e grande decepção que sofreu no convento foi a recusa de ser aceito como seminarista. Seu ardente desejo era tornar-se sacerdote e poder servir mais tarde ao povo de Deus. Foi-lhe dito que, como religioso leigo, poderia ser útil ao Senhor e ao convento do mesmo modo. (Creio que queriam mesmo, era aproveitá-lo como mestre alfaiate). De coração pesaroso aceitou esta decisão, ainda que, o anseio pelo sacerdócio o acompanhasse durante anos a fio. Ingressou na milícia seráfica em 17 de julho de 1892. Ainda irmão terceiro apresentou-se como voluntário para a missão e assim veio para o Brasil com mais cinco confrades, em 1897, ficando em Blumenau, SC. Trabalhou ali como alfaiate e enfermeiro, iniciando lá mesmo o tirocínio para a Ordem Primeira. Durante diversos anos esteve em Rodeio, SC, onde foi incansável como porteiro, sacristão, alfaiate e padeiro. Aos reiterados rogos seus de ser enviado para um campo de ação mais missionário, os superiores o transferiram para, na época longínqua cidade de Palmas, PR. Os muitos e pesados sacrifícios que dele exigiram nesta nova fundação, sobretudo o isolamento a que estava relegado, pois, dos dois sacerdotes da casa, um deles ficava geralmente ausente durante meses em viagens apostólicas, e o outro ocupado nas lides paroquiais, o fizeram cair em melancolia tão profunda, que pediu poder retornar a um convento maior. Voltou a Rodeio, e retomou os antigos afazeres. Nos trabalhos para a ampliação do convento do noviciado, contraiu grave resfriado que se transformou em afecção pulmonar. As sequelas deste mal o acompanharam o resto da vida. Os últimos 16 anos de vida passou-os em Curitiba, PR, trabalhando com dedicação na grande alfaiataria, apesar dos ataques constantes da asma que o castigavam. Em fins de novembro de 1937 contraiu resfriado e pneumonia. Instado a recolher-se ao leito, após breve descanso julgou poder retornar aos trabalhos. O religioso enfermeiro chamou-lhe a atenção para seu melindroso estado. Aceitou a sugestão e pediu ao Padre Provincial Frei Marcelo Baumeister, 1934-1941 - o convento de Curitiba era o do Provincialado - que lhe administrasse os sacramentos dos enfermos. Passou acamado somente três dias. Dia 2 de dezembro de 1937, às 5:30 horas, o Senhor veio buscá-lo. A missa exequial esteve presente o Sr. Arcebispo Dom Ático Eusébio da Rocha (1935-1950), que fez a encomendação. Somente poucos confrades ficaram cientes de que este religioso sempre dedicado ao trabalho e jovial para com todos, sofreu durante anos, além dos sofrimentos físicos, grandes angústias espirituais devido ao seu escrúpulo exagerado, aridez, temores e idade conscienciosa exacerbada. Ainda assim, seu inalterado espírito de oração, sua piedade filial, seu extraordinário amor à pobreza, fizeram dele um verdadeiro frade menor.

Fonte: JEILER, Inácio. Confrades da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, falecidos nos primeiros 50 anos da restauração (1891-1941). São Paulo: Província Franciscana Imaculada Conceição, 1990, p. 197.