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Filho primogênito do conhecido mestre pintor Georg Goldkuhle de Wiedenbrück, Alemanha, nasceu o José aos 12 de novembro de 1874. Sendo o pai síndico do convento dos frades desta cidade, o nosso Juca já desde pequeno entrou em contato com os filhos de São Francisco. Grande foi a alegria dos pais, quando o adolescente ainda com 16 anos incompletos, pediu para participar da milícia seráfica. No dia 4 de maio de 1890 recebeu o hábito em Harreveld, Holanda, e continuou, depois do ano de provação, os estudos eclesiásticos, recebendo aos 17 de abril de 1898 com mais 15 colegas, na igreja conventual de Düsseldorf, Alemanha, o presbiterato das mãos do mais tarde cardeal Fischer. Seu primeiro campo de trabalho, foi o de lente do seminário da Província da Saxônia. Apesar de sua extraordinária capacidade, a atividade escolar não o entusiasmou, pois, seu interesse estava voltado mais para a ação missionária. No ano de 1904 recebeu a almejada licença de se agregar à missão brasileira. Em 30 de setembro do mesmo ano chegou a Blumenau, SC, então sede da Província. Sua primeira atuação foi em Santo Amaro do Cubatão (agora: Santo Amaro da Imperatriz, SC). Aplicou-se com empenho no aprendizado da língua portuguesa, tanto assim que logo pôde assumir o cargo de pároco. Esteve também em Quiçamã, RJ, e depois de ter sido transferido para São Paulo, SP, dedicou-se exclusivamente às missões populares. Foi um pregador privilegiado e de muitos recursos oratórios, mas, sua inclinação à crítica o levou com frequência a uma rigidez muito grande, raiando à intolerância, sobretudo no combate aos exageros da moda e das superstições. Seu arraigado senso de dever o fazia esbravejar contra tudo o que considerava errado ou injusto. Conscienciosidade escrupulosa foi o seu modo de ser e de agir, unindo a isso um propósito férreo de nunca ceder à ociosidade. Pilhas e pilhas de sermões, esquemas e anotações ocupavam as estantes de sua cela, tudo rubricado e ordenado, atestando eficientemente esse esforço. Queremos inserir neste relato o que dele escreveu Frei Benvindo Destéfani em artigo "Reminiscências": "Era um zeloso missionário franciscano de marcante personalidade, distinguindo-se por qualidades características. Em suas numerosas missões, revelava toda a pujança de seu ser, agir e pensar. Aparentemente ríspido e austero, tinha rasgos de condescendência, mormente com as crianças... Era um bom coração, numa casca áspera". Durante toda a sua laboriosa e incansável atividade, nunca lhe faltou a alegria, também não, quando as forças começaram a declinar, consequência de diversos achaques. Ele, que em dias de saúde não procurou o descanso, não queria entender que, agora, já com mais idade, e sobretudo pelos ataques de asma torturante deveria refrear um pouco a intensidade do trabalho. Com entusiasmo juvenil iniciou com seu companheiro Frei Rainério Rive em agosto de 1933, nova sequência de missões populares em paróquias do litoral sul catarinense. Sobre o êxito desse trabalho relatou ainda no dia 22 de janeiro de 1934, em carta, ao secretário da Província: "Deus seja louvado! A primeira série de missões, 16 ao todo, foi concluída. O resultado foi excelente. Foi superado tudo o que anteriormente já realizamos. A Deus louvor e gratidão. Estamos descansando um pouco em São José, SC, para recomeçarmos dia 26 de janeiro". O Senhor, porém, alterou os planos. Seu mau estado de saúde, que ele ignorava, e que atribuía unicamente à asma, agravou-se subitamente. Internado no hospital em Florianópolis, SC, o médico constatou fraqueza do coração, rins afetados e hidropisia. Uma ferida mal cuidada degenerara em gangrena. Não havia mais possibilidades de socorro e recursos humanos. Dia 30 de janeiro de 1934 o Pai chamou esse incansável obreiro da messe, para a merecida recompensa. O sepultamento realizou-se no cemitério de Santo Amaro.

Fonte: JEILER, Inácio. Confrades da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, falecidos nos primeiros 50 anos da restauração (1891-1941). São Paulo: Província Franciscana Imaculada Conceição, 1990, p. 145.