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As festividades comemorativas em homenagem a Santo Antônio, padroeiro do convento e do colégio de Blumenau, SC, foram pelas 16 hora/s, bruscamente interrompidas pelo dobre fúnebre do sinal dos mortos. E que neste momento, em silêncio e sem agonia, passara para a vida melhor, o religioso jubilado e enfermeiro, Frei Humberto Themans. Em Spiel, próximo à cidade de Colônia, Alemanha, nasceu ele aos 8 de janeiro de 1859, e com 17 anos apresentou-se no convento de Harreveld, Holanda, pedindo ingresso na vida religiosa, no estado de irmão leigo. Recebeu em 29 de setembro de 1876 o hábito franciscano. O temperamento aberto e amável, unido a uma sensibilidade delicada, o faziam querido dos superiores e dos coirmãos. Senhor de uma não só extraordinária cultura, mas também de muitas habilidades manuais, prestava com isto ótimos serviços aos conventos. Não é de admirar que o Provincial da Saxônia, Frei Gregório Janknecht ao formar o grupo pioneiro que viria ao Brasil, para iniciar a "restauração da Ordem Franciscana, se lembrasse de Frei Humberto, sabendo igualmente entusiasmá-lo para este empreendimento. Os resultados vieram confirmar que a escolha foi plenamente acertada, sobretudo devido a situações difíceis e inesperadas que no começo foram encontradas, e que devido ao seu bom senso, humor e presença de espírito, puderam ser contornadas ou superadas. Cultivou sempre e em todas as ocasiões uma convivência fraterna, que unia os irmãos e os fazia enfrentarem reveses e dificuldades. Na sua caridade procurava ajudar a todos, não só aos confrades, mas também aos colonos nas suas inúmeras doenças. Dispondo de conhecimentos de enfermagem auxiliava aqui e ali, pois, os camponeses não tinham como se socorrer ou a quem recorrer. Dos que o conheceram ficou a lembrança de um distinto e desinteressado religioso, que soube semear ao seu derredor, amor e benemerências. Depois de ter trabalhado por mais de 20 anos no norte e no sul do país, os familiares começaram a urgir que fosse rever a pátria. De boa vontade os superiores acederam a este desejo, e em julho de 1914 iniciou na companhia de três sacerdotes a aventurosa viagem (surpreendidos que foram pela deflagração da primeira guerra mundial em agosto de 1914) cheia de dificuldades, perigos e contratempos, e que só terminou 6 meses depois, quando obtiveram passe livre para entrarem na Alemanha. Para o conseguirem, passaram por sete países e quatro ilhas, e estiveram embarcados em cinco diferentes navios. A direção da Província da Saxônia bem que teria gostado da permanência dele na Alemanha, mas Frei Humberto insistiu, ao término da guerra, em voltar para sua segunda pátria, o Brasil, já tão querida, e para a qual tinha dado os melhores anos de vida. No ano de 1926 pôde, física e mentalmente ativo, festejar o jubileu áureo de vida franciscana, no convívio dos confrades e dos numerosos amigos e conhecidos. Mais alguns anos de vida que o Senhor lhe concedeu, foram dedicados aos compromissos de enfermeiro do convento e do colégio Santo Antônio de Blumenau, apesar de neste tempo ser ele já muito atacado pela asma. Também se formou na parte posterior da cabeça apostema que se revelou canceroso e inoperável. Passava as noites sentado à mesa apoiando o rosto nas mãos, já que não podia sequer recostar a cabeça no travesseiro. Nunca demonstrou impaciência, ou queixa e sempre ficou agradecido por todas as visitas. Poucas semanas antes do desenlace pediu ao redator da Vita Franciscana (Frei Cleto Espey), que não publicasse o seu necrológio, mas que a todos transmitisse suas últimas saudações e o pedido de orações. Seu falecimento ocorreu dia 13 de junho de 1933. De Frei Humberto Themans temos um saboroso relato das peripécias pelas quais passaram os 4 primeiros frades restauradores, na sua vinda ao Brasil; a viagem, a chegada a Teresópolis (agora: Vila Teresópolis, SC) no dia 10 de julho de 1891, às 19 horas de uma sexta-feira, e os começos da vivência e do apostolado na nova terra. Encontraram-se em Vita Franciscana e.

Fonte: JEILER, Inácio. Confrades da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, falecidos nos primeiros 50 anos da restauração (1891-1941). São Paulo: Província Franciscana Imaculada Conceição, 1990, p. 141.