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Filho de família operária, nasceu José Hielscher a 14 de agosto de 1855, em Schõnwiese, na Silésia, Alemanha. Desde pequeno manifestou vocação sacerdotal, mas a família não tinha como custear os estudos. Com 17 anos começou a receber aulas particulares, de um caridoso sacerdote e, sendo talentoso e esforçado pôde quando começou a frequentar a escola, ingressar no quarto ano ginasial e terminar o curso de humanidades. Fez também o serviço militar, com distinção, e, ao deixá-lo, já era oficial. Colegas e amigos insistiam para que ele continuasse na carreira militar; os ideais de José eram outros. Seguiu para Roma, Itália, onde deu início aos estudos eclesiásticos no "germanicum", seminário destinado aos candidatos ao sacerdócio, de origem alemã. O bispo de St. Gallen, Suíça, Dom Egger, vendo nele uma vocação promissora, levou-o consigo para a sua diocese. Lá concluiu os estudos e recebeu a unção sacerdotal em 21 de março de 1885, com quase 30 anos. Foi em seguida professor de religião e coadjutor em Rapperswil, cantão de Zurique (Zürich), Suíça, até no tempo da Páscoa de 1888. O ideal e a aspiração constante do padre José era a de consagrar-se numa vida mais austera, e por isso resolveu tornar-se franciscano. Dirigiu-se assim para o convento de Harreveld, Holanda, pedindo admissão, depois de ter tomado para isso as providências necessárias. Tornou-se folclórica sua entrada na Ordem. Quando se apresentou no noviciado estava somente com a roupa do corpo e, na mão o breviário; o inseparável guarda-chuva, ele o esquecera no trem. Indagado da bagagem, disse que recebera a orientação de que "não precisava levar nada; bastava a boa vontade" e, disse ao superior: "Boa vontade eu a trago comigo". Recebeu o hábito do Pai Seráfico no dia 3 de maio de 1888 e o nome religioso de Frei Ciríaco. Após o noviciado foi reitor do seminário de Bleyerheide, Holanda, onde faziam estágio os candidatos que pretendiam participar da missão brasileira. Em 12 de maio de 1892, fez a profissão solene dos votos. Embalado pela animação missionária embarcou em 1894 para o Brasil, com mais 51 religiosos. Chegaram a Salvador, BA, na data de 10 de julho de 1894. Inicialmente foi mestre de noviços no antigo convento de São Francisco, em Salvador, depois diretor do recém fundado colégio-seminário franciscano, em Olinda, PE. Devido às febres que atacaram a quase totalidade dos alunos, transferiu todos os seminaristas para o sul do país, para Blumenau, SC, isto a 1 de maio de 1895. Em 16 de janeiro de 1896, foi nomeado superior do novo convento de Petrópolis, RJ. "Datam dos tempos do seu guardianato, os humildes e despretensiosos começos da Editora "Vozes", em 1901" (Vt. F, p. 64). Em 14 de setembro de 1901, com a restauração canônica das Províncias franciscanas de Santo Antônio e da Imaculada Conceição, tornou-se dela o primeiro Custódio, nomeado por Roma. Nesta época mudou-se para Curitiba, PR, onde ficou três anos. "Para combater os vís e contínuos ataques que um jornal ateu dirigia contra a Igreja católica e os bons costumes, com grande escândalo dos fiéis de origem alemã, fundou Frei Ciríaco o periódico em língua alemã "Der Kompass" (A Bússola) cujo primeiro número veio a publicidade em 3 de julho de 1902" (Vt. F, p. 64). Nomeado Comissário da Terra Santa no Brasil, em 12 de novembro de 1907, ficou nesse cargo até 1917. A sede ficava no bairro de Cascadura, igreja do Santo Sepulcro, no Rio de Janeiro, RJ. Viajou, então por todo o Brasil, do Amazonas ao Rio Grande do Sul, divulgando e despertando entre o povo o amor e o interesse pelos lugares Santos. Visitou também a Palestina. Esteve depois nos conventos de São Francisco, em São Paulo, em Guaratinguetá, SP, e Blumenau. Estando neste último convento foi surpreendido pela nomeação para visitador da Província de Santo Antônio, no norte do Brasil. Desde 1930 encontrava-se no convento de Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, RJ. Foi nessa época escalado para ser o capelão das Irmãs Clarissas, na Gávea. Fizesse sol ou chovesse estava ele no seu posto. "Acabando de celebrar, não aceitava café para não perder a missa 242 n / das 8:00 horas, na matriz da Gávea. Voltava a Ipanema, assistia à missa das 9:00 horas, e só depois tomava café. Frei Ciríaco mesmo disse que nos últimos 25 anos, não perdia uma só missa, que pudesse alcançar" (Vt. F, p. 64). Seus modos eram sempre afáveis e bondosos. Com um permanente sorriso nos lábios conseguia cativar as almas para Deus, (lembramos o quadro a óleo que se encontra na portaria do "Sagrado", em Petrópolis). Sua piedade era também notável. A 1 de janeiro de 1941, despediu-se das Irmãs Clarissas e do compromisso com elas assumido durante 10 anos. Motivo: não conseguia mais vencer a ladeira que levava ao mosteiro. Estava então com 85 anos completos. Pediu poder voltar a Petrópolis, onde desejava morrer. Sentia-se doente e sumamente debilitado. Dia 19 de fevereiro celebrou a última

Fonte: JEILER, Inácio. Confrades da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, falecidos nos primeiros 50 anos da restauração (1891-1941). São Paulo: Província Franciscana Imaculada Conceição, 1990, p. 241.