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Franciscan

  • Alt
    Identifier:
    20680
    Name:
    Fr. Bernadino de Lavalle, OFMCap
    Sex:
    Date of birth:
    30/10/1843
    Date of admission:
    22/10/1862
    Date of death:
    15/04/1930
    Place of birth: Áustria, AT
    Ecclesiastical state:
    Biographical Notes:

    Frei Bernardino ( João Molling ) nasceu em Lavalle (Wengen), no Tirol Austríaco, aos 30 de outubro de 1843. Seus pais eram piedosos e robustos agricultores de Badia, um dos tantos vales do antigo Tirol, onde a fé representava luz, vida, força e freio.
    Fez os estudos ginasiais na episcopal cidade de Bressanone e, sentindo o chamado à vida religiosa, após ferventes preces decidiu-se a abraçar a Ordem franciscana dos Capuchinhos, atraído pelo espírito de simplicidade e de pobreza que sempre foi a característica dos filhos de São Francisco.
    Obtida a graça, vestiu o hábito aos 28 de outubro de 1862 e professou solenemente aos 30 de outubro de 1866.

    Como noviço e estudante edificou a todos pela sua piedade.

    Ordenado sacerdote a 2 de fevereiro de 1867, foi distinguido pelos superiores com diversos cargos de responsabilidade e confiança.

    Como Provincial de Trento (1889-1892), enviou os primeiros missionários Frei Félix de Lavalle, Frei Luís de São Tiago, Frei Caetano de Pietramurata e Frei Virgílio de Trento, para nossa Missão de São Paulo. Concluído seu mandato provincial, ele mesmo quis unir-se a seus irmãos e partiu para o Brasil no dia 9 de outubro de 1894 e chegando a Piracicaba a 7 de novembro.
    Aqui assumiu o cargo de Superior Regular desempenhando-o a contento de todos, com muita prudência e caridade, por 13 anos (1894-1907).

    Foi ainda Guardião de Taubaté, de 1909 a 1911; de São Paulo, de 1911 a 1913. Conselheiro da Missão, de 1907 a 1911 e de 1916 a 1924.

    Frei Bernardino era homem de ampla visão, profundo zelo pela observância regular, e de grande capacidade de organização. Durante seu mandato levou à frente o projeto de fundação do Colégio Seráfico para formação de religiosos nacionais, inaugurando-o já em 1896. Grande foi sua alegria quando em 1900 vestiam o hábito os primeiros Noviços brasileiros.
    Empenhou-se também, e muito, pela Catequese Indígena, um dos principais objetivos da nova Missão; para tanto seguiu os primeiros missionários para a abertura da Catequese Indígena em Campos Novos do Paranapanema e reivindicou do Governo uma área especial a ser reservada a nossos índios. Essa Catequese foi aberta em maio de 1903.
    Aos 10 de dezembro de 1907, acompanhado de Frei José de Cassana, visitou a região quase totalmente deserta da Noroeste, a procura de um local para fundar casa religiosa próxima aos índios e que se tornaria a atual Penápolis. Nesse mesmo ano celebrou Missa no antigo Lageado, futura fazenda Ríllo. Aos 25 de outubro celebra primeira Missa para a fundação de Santa Cruz do Avanhandava, Penápolis, ali deixando os missionários Frei Boaventura de Aldeno, Frei Sigismundo de Canazzei e Frei José de Cassana.
    Com grande zelo Frei Bernardino sempre protestava contra tudo o que ferisse a pobreza e a simplicidade. Julgava impossível manter tais virtudes e a regular observância, aceitando-se paróquias. Daí suas palavras ao arcebispo Dom Duarte Leopoldo e Silva: “ Excelência, se ama os capuchinhos, não queira que eles assumam paróquias”...
    Dele escreveu Frei Tiago de Cavêdine, superior regular: “Não devemos queixar-nos se o pobre velho protesta, pois devemos a ele o não ultrapassarmos os limites de nossa pobreza e simplicidade franciscanas. Conservemos seu espírito”...
    Após uma vida toda dedicada a Deus e aos irmãos, vigilante e rezando o santo Terço, Frei Bernardino expirou placidamente no ósculo do Senhor à meia-noite do dia 15 para 16 de abril de 1930. No dia 11 havia recebido o Santo Viático. Dia 15, às 16 horas, estando presente toda a família religiosa, administraram-lhe a Santa Unção. Às 9 da manhã o superior Frei Tiago celebrou Missa de corpo presente. Rezado o “Officium Defunctorum”, às 13 horas deu-se o Enterro no Cemitério do SSmo. Sacramento, estando presente a Ordem Terceira Franciscana, Irmandades, representantes de muitas casas religiosas, coirmãos e muito povo.
    Dele deixaram escrito:

    “Foi sempre o nosso pai carinhoso e o nosso guia experimentado nas lutas a que está sujeito o missionário no árduo desempenho de sua missão. Quando consultado, os seus conselhos transpiravam sabedoria e prudência, como soem partir dos lábios de quem conhece a fundo a humanidade e suas misérias. Interessou-se muitíssimo pela catequese dos índios do Estado de São Paulo, quando os havia, e muito mais ainda pela formação dos capuchinhos brasileiros. Sempre se mostrou incansável no confessionário e na direção espiritual das religiosas da Capital.
    “O clero paulista o procurava de preferência para as suas confissões. Ultimamente já se sentia muito acabrunhado e seriamente minado no seu organismo ao qual não poupou mortificações. Até a última hora, conservou plena lucidez de espírito. Como a lâmpada que bruxoleia prestes a extinguir-se, ele, nos seus últimos dias deixava transparecer nos seus conselhos aos que de mais perto privavam consigo, os últimos lampejos de um coração boníssimo que sempre amou a sua Ordem e os seus irmãos.
    Ninguém o excedera na observância da Regra e das Constituições Capuchinhas; ninguém amou tanto como ele a pobreza franciscana. Frei Bernardino era um santo! A sua fisionomia de asceta edificava a todos os que o viam e mais ainda aos que o conheciam de perto.
    “Com muita antecedência reconheceu que ia morrer. Se por um lado manifestava pezar em deixar os seus irmãos de hábito, a quem muito amava, por outro lado acatava com respeito os desígnios da Providência. A aproximação da morte não o assustava; antes, esperava por ela com plena confiança de que iria para o céu. O relógio batia meia-noite de terça-feira Santa para quarta-feira de 1930, quando placidamente exalou o último suspiro o Frei Bernardino de Lavalle. Esperamos que no céu nos assista sempre com sua bênção confortadora”...(*)
    Também no jornal da Missão, “La Squilla”, em seu número 17, de 1930, temos dados sobre Frei Bernardino, dentre os quais destacamos: “Humilde e paciente, sempre coerente consigo mesmo, de inexaurível bondade e simplicidade de criança, o M.R.P. Bernardino soube conquistar, por toda a parte, o respeito, a devoção, a simpatia de quantos tiveram oportunidade de aproximar-se dele.
    Embora de compleição bastante delicada, conservou agilidade e entusiasmo juvenil até a mais avançada idade. Com 86 anos de vida natural e 63 de vida sacerdotal, corria ainda, contente e alegre, de paróquia em paróquia, de sítio em sítio, trabalhando infatigavelmente pelo bem das almas e a todos edificando com o exemplo de suas virtudes, de sua alegria santa e comunicativa.
    “Em Julho do corrente ano, os superiores descobriram nele os primeiros sintomas de deficiência cardíaca que o minava e somente então foi possível induzi-lo a renunciar ao trabalho apostólico fora do Convento.
    “Mas, no Convento, continuou a desenvolver sua notável atividade, sempre pronto, de dia e de noite, a todos os exercícios de austeridade própria da vida religiosa, sempre muito pronto a atender ao Confessionário, embora os superiores procurassem persuadi-lo da necessidade de um repouso absoluto.
    “A isto, porém, não se submetia e não era raro o caso em que após ter-se dedicado de quatro a cinco horas ao confessionário, se sentisse tão prostrado em suas forças, que fizesse temer pela sua preciosa vida.
    Nestes últimos meses, sentia verdadeiro martírio ao celebrar a Santa Missa, mas se consolava dizendo que o Santo Sacrifício do Calvário havia custado imensamente mais ao Sumo Sacerdote Nosso Senhor Jesus Cristo. Por fim, teve que renunciar também a esse conforto, pois as forças não mais o sustentavam.
    “Com a consciência tranqüila do justo, o M.R.P. Bernardino, como se não houvesse uma doença que o afligia excessivamente, a olhos vistos ia de encontro à morte como uma libertadora. Dela falava continuamente e a sua única aflição era a de não poder mais auxiliar os confrades religiosos nos misteres divinos e de servir-lhes de peso ou de incômodo.
    “Provido de todos os SS. Sacramentos, como uma criança que adormece segura nos braços maternos, o M.R.P. Bernardino adormeceu sereno e plácido, no ósculo do Senhor, sem um gesto, sem uma contração dos membros e do rosto, quando o relógio batia as badaladas da meia-noite, hora em que os Religiosos Capuchinhos dirigem-se ao coro para recitar os divinos ofícios de louvor ao Senhor. Tal coincidência, seja ela casual, quis significar a prontidão com que o M.R.P. Bernardino executou, durante toda sua longa vida essa obra tão bela mas também tão pesada da vida capuchinha.
    “Nós, e todos os que o conheceram, certamente diremos que, àquela noite, os anjos do bom Deus o chamaram, realmente, do doloroso sono da vida, a cantar os louvores do Senhor entre os coros angélicos do Céu.
    “Os Religiosos Capuchinhos do Estado de São Paulo perdem, nele, um Sacerdote que foi modelo perfeito de todas as virtudes sacerdotais e religiosas, entre as quais refulgiu, de maneira especialíssima, seu espírito eminentemente franciscano de pobreza, doçura e simplicidade.
    “Descanse em paz!”

    Essas palavras traduzem muito do que foi Frei Bernardino. Apostolado unido à vida de oração, mais conventual do que um missionário que perambulasse, foi missionário e apóstolo orante.
    Interessante observar que, afora o triênio em que foi Guardião em Taubaté, Frei Bernardino residiu apenas em São Paulo.

    Com os demais frades atendia também Traviú, Louveira, Barreiro, Passarinhos, Luís Gonzaga, Abadia, Monte Serrat, Rio Acima, Fazenda Santa Clara ou dos Roveri. Era muito considerado pelo povo, imigrante italiano, que, segundo Frei Afonso Lorenzon, viera de Treviso, Maserada, Rovigo, em 1883, fixando-se na antiga Fazenda Sete Quedas onde trabalharam por 9 anos. Após conseguirem algum dinheiro compraram terras onde fica o atual bairro de Traviú, município de Jundiaí, km. 70 da Via Anhanguera. A primeira preocupação daquelas famílias foi construir capela. Em 1894 alguns senhores vão a São Paulo bater às portas do convento São Francisco onde se achavam os capuchinhos e pedindo que algum deles os atendesse espiritualmente, o que aconteceu. Frei Bernardino foi um dos que atendiam aquele bom povo. Iam até à Estação de Louveira e de lá, por volta das 15 horas até Traviú. Os sinos anunciavam a chegada do frade e começava de imediato o atendimento às confissões. Pelas 19 h., Terço, a pregação; em seguida prosseguiam as confissões. No domingo, missa às 7 e às 10 horas, esta última cantada no estilo da época, com harmonium tocado pelo sr. Scheledron. Às 13 h., catecismo para as crianças. Às 19, geralmente havia Hora Santa com Bênção do Santíssimo. Na segunda-feira bem cedo, missa pelos falecidos. Em seguida, comunhão levada aos velhos e doentes. Quando acontecia a festa de Nossa Senhora das Vitórias, o frei vinha à sexta-feira. Tal imagem veio de Maserada, presente do vigário de lá e vinda da capela freqüentada por esse povo na Itália, e que ainda existe, quase ao lado do Piave.
    Todos se lembram ainda dos antigos frades que por lá passaram naqueles tempos. Eram: Frei Manoel de Seregnano, Frei Bernardino, Frei Isidoro de Telve, Frei Liberato de Gries, Frei Ricardo de Denno, Frei Luís de Santa Maria, Frei Silvério de Rabbi, Frei Policarpo de Lévico, Frei Vitorino de Malé, Frei Victor de Dovena, Frei Vito de Martignano, Frei Ângelo de Taubaté, Frei Angélico de Roseira, Frei Aurélio de Smarano, Frei Lourenço de Piracicaba, Frei Salvador de Cavêdine, Frei Fernando de Seregnano, Frei Felicíssimo de Prada, Frei Anselmo de Moena, Frei Damião de Valda, Frei Modesto de Rezende.
    Uns calmos, dados, bondosos, como Frei Salvador, Frei Isidoro, Frei Bernardino, outros mais nervosos e exigentes, como Frei Vigílio de Breguzzo, Frei Luís de Santa Maria ou Frei Angelo de Taubaté, todos porém zelosos e homens de oração.
    Em Louveira atendiam poucas vezes por ano e depois foi atendida pelos Salvatorianos de Jundiaí. Traviú foi atendido regularmente até ano de 1939. Helvécia, onde no final do século Frei Bernardino benzeu a primeira capela, foi atendida por pouco tempo. Quanto à fazenda Santa Clara, como conta o sr. Estêvão Roveri, atendiam-na Frei Bernardino, Frei Isidoro e Frei Silvério.
    Em relação a Frei Isidoro, Frei Silvério e Frei Ricardo, contam casos interessantes, que veremos oportunamente, quando deles falarmos...

    O esquema seguido nessas capelas, era o que seguiam também, em geral, em outras de outros municípios.

    (*) Frei Modesto Rezende de Taubaté - Frei Fidélis Motta de Primiero - “OS MISSIONÁRIOS CAPUCHINHOS NO BRASIL “, 1929, pp. 571-572.

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CONFERÊNCIA dos Capuchinhos do Brasil. Fr. Bernadino de Lavalle, OFMCap. International Network of Franciscan Studies in Brazil. Available in: http://riefbr.net.br/en/content/fr-bernadino-lavalle-ofmcap. Accessed on: 19/01/2025.