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Franciscan

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    Identifier:
    20673
    Name:
    Fr. Angelo Maria do B. Cons. de Taubaté, OFMCap
    Sex:
    Date of birth:
    01/09/1887
    Date of admission:
    04/02/1904
    Date of death:
    19/06/1953
    Place of birth: Taubaté, SP
    Ecclesiastical state:
    Biographical Notes:

    Frei Ângelo Maria do Bom Conselho (José Luís de Rezende) nasceu em Taubaté, a 1º de setembro de 1887. Filho de Paulino José Gonçalves e Cecília do Rosário de Rezende. Entrou para o Seminário Seráfico em Taubaté, aos 8 de dezembro de 1901. Vestiu o santo hábito aos 4 de fevereiro de 1904 com seus colegas Frei Luís de Santana e Frei Vital de Primiero. Professou solenemente a 26 de fevereiro de 1908. Ordenado Sacerdote em Campinas aos 12 de março de 1910 por Dom João Néry, bispo diocesano.
    Concluídos os estudos dedicou-se com ardor e zelo ao ministério e ao magistério, trabalhando na formação de seminaristas e clérigos.

    Logo após sua Ordenação nós o encontramos, a 25 de abril de 1912, como vigário em Pederneiras, por dois meses. De 30 de setembro a 13 de dezembro do mesmo ano, paroquiou Cananéia.
    Por mais de um ano, de 21 de abril de 1913 a 31 de julho de 1914, percorreu, com Frei Damião de Grumes, as capelas da cidade e dos bairros de Taubaté. Suas pregações eram vibrantes e prolixas. Desagradava a muitos. À maneira dos profetas, não temia denunciar os erros e corrigir os faltosos, o que o levou a ter poucos simpatizantes. Por vezes pregava por 2 horas contínuas, e até mais, com violência e eloqüência. Certa vez o superior recomendou-lhe pregasse apenas 30 minutos. Preenchido o tempo, cortou o assunto e disse, descendo do púlpito: “Sou filho da obediência”... Uns eram a favor de sua loquacidade, outros eram contra e até diziam: “ louco”!!! Numa das Missões que pregou, pediu que todos carregassem uma pedra na cabeça, para fazerem penitência... e todos obedeceram.
    Quando residente em São Paulo, o vigário da Bela Cintra pediu ao superior Frei Liberato que lhe enviasse Frei Ângelo para pregar a Quaresma, todos os domingos, na missa das 11 horas. Lá se foi o missionário e fez grande sucesso, pois seus sermões arrastavam mesmo. Pregou os vários domingos, e a igreja sempre mais cheia... No último domingo, porém, tomou como tema um discurso de Vieira que questionava mais ou menos o seguinte: “Por que é que em nossos dias a Palavra de Deus não produz os efeitos que produzia noutros tempos?” E daí partiu para uma Catilinária, (ou para um gesto profético?). – Dizia com veemência: “ porque os padres de hoje não pregam como deveriam. Só palavras bonitas... e sempre entra o dinheiro... (de fato, os afamados pregadores eram contratados para fazer seus discursos, e recebiam bem...). Não pregam por amor de Deus, mas pregam a Si mesmos, para ganhar fama, pregam coisas bonitas, palavras escolhidas, frases escolhidas, poesias... Ganham dinheiro para batizar, para crismar, para isto, para aquilo...” E, agravando a situação: “Os bispos também não ensinam e nem pregam... O catecismo é dado por “... etc. etc... E encerrando: “Se um dia, meus irmãos, eu vier pregar-lhes, não por amor a Deus mas por vaidade, soberba, orgulho, peço que rezem para que eu morra ao pé do púlpito”!!!”
    Tal sermão que poderia servir num bom retiro do clero, assustou e abalou os ouvintes... mas muitos gostaram... Ao narrar o fato ao guardião, o vigário disse: “Fez uma Quaresma maravilhosa, mas ontem estragou tudo”!!!
    Outra vez, convidado para pregar na igreja de Sant’Ana, bairro dos italianos, começou a dar uns palpites sobre o Tríduo e a festa. Os italianos não gostaram e lhe disseram ter vindo para pregar e não para organizar a festa... No púlpito, o padre leu em latim o trecho do Evangelho que diz: “E se algum lugar não vos receber nem vos quiser ouvir, ao partirdes de lá, sacudi o pó de debaixo de vossos pés como testemunho contra eles”... e sem mais, tomou as sandálias, bateu-as uma contra outra, e desceu do púlpito... sem outras mais palavras ou explicações...
    Outra vez, também, ao pregar numa cidade, tomou consigo um jornal local em que havia artigos políticos de ataques mútuos e de partidos. Subindo ao púlpito, apresenta o jornal a todos, rasgou-o publicamente dizendo: “No Brasil só se fala em política. Envergonho-me de ser brasileiro”.
    Lembrando tais passagens, Frei Liberato comentava: “Era maravilhoso para fazer o bem.. .Era maravilhoso para estragar tudo!!”

    Certa vez, ainda no púlpito, defendendo a doutrina católica afirmou, para corroborá-la: “E minha virgindade não é um testemunho?”

    Quando fazia suas palestras para seminaristas estudantes, às vezes interpelava um deles perguntando: “E se você for para o inferno?” E suas palestras amedrontavam. De onde proviriam tais maneiras e gestos de violência e zelo excessivo? Certamente as raízes estão na formação familiar. Seu avô “papua” – assim chamava o avô –, rezava de joelhos o Terço com as crianças. Sua mãe era muito austera e tratava os filhos como os antigos Padres-Mestres tratavam seus Noviços. Deviam pedir licença, de joelhos, para tomar água, sair a rua, brincar com os colegas etc.. Tamanha austeridade unida a seu próprio gênio o plasmaram como era: nervoso, sem tolerâncias, indiscretamente zeloso... Os que foram seus discípulos lembram-se ainda do amargo zelo de Frei Ângelo que não perdoava as faltas mais inocentes e recorria a castigos sem proporções com as faltas...
    Ao mesmo tempo, Frei Ângelo era homem de grande piedade, austeridade, vida de oração, exigente consigo mesmo, sem meias-tintas... Criticava abertamente o que julgava errado. Quando foi conselheiro da Custódia Prov. juntamente com Frei Fidélis de Primiero escreveu cartas ao Geral pintando com cores negras a situação da mesma, o que provocou nomeação de um Comissário Geral...
    Quanto aos cargos exercidos, além dos locais já citados, temos os seguintes:

    1915-1916: Diretor do Catecismo e Externato de Piracicaba, sendo professor de Religião, Português e Música, no Seminário que estava naquele Convento, com 5 alunos... De julho a setembro de 1917: pró-pároco de Caxambu. - Em fins de 1922, superior na casa a ser aberta em Santos, dali saindo a 25 de junho de 1923, por estar muito abalado dos nervos (neurastênico). Em 1925, está novamente no Seminário, em São Paulo, como professor de Português, Música e Religião, além de prefeito de disciplina, auxiliado por Frei Ângelo Mosna. - Aos 10 de dezembro de 1928 vai com o Seminário fixar-se em Piracicaba. Em fevereiro de 1930, está em São Paulo, como diretor dos estudantes e professor de Filosofia e Literatura, além de Música e História da Filosofia.- 1931: pregador, em São Paulo, sob guardianato de Frei Liberato.- 1933: Ecônomo da Custódia e diretor da revista A SANTA CRUZADA até 1935. - 1936-1937, guardião em Taubaté. - Em 1938 está em Mococa. - De março de 1939 a fevereiro 1940, diretor e redator de ANAIS FRANCISCANOS, onde publica inúmeros artigos que revelam muito seu caráter e sua mentalidade. Em 1948, está em Taubaté. Em 1950, São Paulo, onde veio a falecer aos 19 de junho de 1953, um mês e quatro dias após a morte de seu ex-auxiliar Frei Ângelo Mosna. (A.F. julho 1953, p. 209. - REB - setembro 1953, p. 790).
    Muito devoto de Nossa Senhora e de São José, por toda a parte o missionário propagava essas devoções, cuidando especialmente das Congregações Marianas e Irmandades de São José. Publicou: “O escapulário de São José”, “Cartilha das Missões”, “Pelo Jardim dos Anjos”, “Rastilhos de Luz”, “Frágoas de Amor”, “O Alfa Maravilhoso”, todos livros espirituais, além de “Guia da Semana Santa” e muitos artigos pelas revistas e jornais...
    Apesar de seu gênio difícil, percebemos que Frei Ângelo trabalhou por muitos anos na formação de seminaristas e de estudantes, além de ser muito solicitado para pregações de missões, retiros, novenas etc.
    Não pequeno número de pessoas o procuravam para orientação e direção espiritual e ele muito lhes recomendava a guarda da castidade, por vezes até com sério compromisso e votos.
    Era irmão de Frei Modesto de Taubaté que, ao contrário de Frei Ângelo, era bem tolerante e gostava de “fazer a palavra abreviada”, mesmo celebrando missas, como já vimos.
    Atacado de uma bronquite que muito o perturbava, veio a falecer em São Paulo, com 66 anos de idade natural e 48 de vida religiosa, recebendo de Deus a recompensa de sua dedicação ao Reino e de um certo profetismo que exerceu muito a seu modo.
    (Cf. REB, setembro 1953, p.790). (AOMC, 69, 185)

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CONFERÊNCIA dos Capuchinhos do Brasil. Fr. Angelo Maria do B. Cons. de Taubaté, OFMCap. International Network of Franciscan Studies in Brazil. Available in: http://riefbr.net.br/en/content/fr-angelo-maria-do-b-cons-taubate-ofmcap. Accessed on: 19/01/2025.