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Lugar de presencia y acción

  • Identificador:
    11913
    Descripción:
    OFM/PSC Paróquia Franciscana Nossa Senhora da Conceição
    Tipo de presencia:
    Fecha inicial:
    1903
    Fecha final:
    1933
    Notas sobre este lugar de presencia/acción:

    HISTÓRICO

    Por Frei Sabino Staphorst
    Tradução de Frei Helano van Koppen

    A nossa primeira paróquia em Minas Gerais foi a de N. S. da Conceição de Antônio Dias em Ouro Preto. Foi atendendo ao pedido de Dom Silvério Gomes Pimenta, arcebispo de Mariana, que Frei Cirilo La Rose, no dia 15 de julho de 1903, foi a Mariana, onde Dom Silvério lhe ofereceu a paróquia de Congonhas. Viajando para lá, Frei Cirilo encontrou na estação ferroviária de Ouro Preto o Revmo. P. Tobias da Silva, conversando com o superior dos Padres Redentoristas de Belo Horizonte, o Padre Beckx. Frei Cirilo lhes contou que estava procurando uma paróquia em Minas e viajando a Congonhas, cuja paróquia Dom Silvério lhe oferecera. Aí o Padre Tobias, vigário da Paróquia de N. S. da Conceição de Antônio Dias, em Ouro Preto, declarou-se disposto a ceder-lhe sua paróquia, certamente bem melhor para os Franciscanos do que a de Congonhas. Nisso foi apoiado pelo Padre Redentorista. Frei Cirilo gostou muito desta oferta, mas assim mesmo viajou a Congonhas para satisfazer Dom Silvério. Lá, ele viu e ouviu tanta coisa desagradável que desgostou de vez de Congonhas. Ainda viajou a Nova Lima, Sabará e Belo Horizonte para conhecer outras possibilidades e tomar opiniões. Mas para ele nada melhor do que Ouro Preto.

    E assim, no dia 25 de julho, com essa preferência por Ouro Preto, Frei Cirilo apresentou-se em Mariana a Dom Silvério. Esse ainda insistiu com o Frei para aceitar Congonhas, mas acabou conformando-se com a persistência de Frei Cirilo por Ouro Preto. Com grande satisfação recebeu ele sua jurisdição de pároco da paróquia de N. S. da Conceição de Antônio Dias de Ouro Preto. A convite do Padre Tobias foi morar com ele na casa paroquial nas Lages. Sobre esse sucesso conseguido, Frei Cirilo mandou cartas animadas aos seus superiores em Niterói e na Holanda: Ouro Preto, a salvação da nossa missão franciscano-holandesa, que fracassara por problemas e mortes em Manaus (1899-1901) e que ia no mesmo rumo e pelos motivos em Niterói (1900-1912).

    Ouro Preto, com sua altitude e frio, inacessível à febre amarela, devia ser considerada um paraíso, mormente para os novatos recém chegados da Europa. Já em dezembro do mesmo ano de 1903, chegaram da Holanda dois reforços, os padres Frei Patrício e Frei Martinho. No começo, os freis moravam com o velho vigário, o Padre Tobias da Silva, mas pouco depois da chegada dos dois novos confrades, compraram, a 24 de março de 1904, a casa histórica, onde antes tinha morado Marília de Dirceu, uma casa célebre do tempo da Inconfidência, movimento de independência do fim do século XVIII.

    No dia 19 de março de 1904, Frei Patrício pregou pela primeira vez e Frei Martinho, no primeiro domingo de maio. Porque o catecismo tinha que ser aqui, como aliás em toda a parte, a base do nosso trabalho, iniciamos imediatamente a dar catecismo; o mês de maio, festejado com a pompa, foi encerrado com a festa da primeira comunhão.

    Os estudantes. - Os estudantes não deixavam de demonstrar também contra nós sua atitude hostil. Sempre zombavam de nós na rua. Quando os padres procuravam manter a ordem e o silêncio na igreja, os senhores protestavam de modo barulhento. Tinham também o costume de pular toda noite o muro do nosso quintal para roubar frutas; quando, numa noite de luar, nosso empregado surpreendeu os estudantes nessa molecagem e acertou um tiro de chumbo as calças de um deles, os estudantes compraram uma grande quantidade de dinamite para fazer voar pelos ares a nossa casa, de maneira que a polícia teve de intervir. Contudo essa foi a ocasião, longamente esperada, para entrarmos em contato mais íntimo com os estudantes; disso resultou que chegamos a um melhor entendimento com eles. O xingatório deles diminuiu, chegamos a fazer visitas aos senhores estudantes e reciprocamente eles nos visitavam. Bem depressa nossos padres foram convidados a dar aulas de catecismo, primeiro numa escola profissional e pouco depois também no ginásio, onde foram dar também umas aulas de línguas. Mais tarde, os padres assistiram por diversas vezes às reuniões que os jovens costumavam fazer entre si e até pronunciaram conferências. Finalmente, em 1914, Frei Zacarias chegou a fundar a União Estudantil, sob a proteção de Santo Agostinho, e ali deu um curso apologético.

    Essa feliz transformação devíamos principalmente à boa disposição de alguns professores dos diversos estabelecimentos de ensino. Entre esses senhores havia alguns católicos praticantes, autênticos apóstolos, que aos poucos souberam levar uma grande parte de seus colegas e também dos estudantes à prática da religião. Entre eles merece maior destaque o Dr. Joaquim Furtado de Menezes, advogado e engenheiro, professor da Escola de Minas, irmão da Ordem Terceira de S. Francisco, o grande animador das conferências de S. Vicente e um dos chefes da Ação Católica em Minas Gerais.

    Os maus sacerdotes, a outra causa da decadência da religião, pouco depois desapareceram também, pela morte, pela sua conversão ou por transferência. Para isto, contribuiu bastante o retrocesso de Ouro Preto.

    Trabalho Espiritual - Em 1904, foi fundado em nossa paróquia o Apostolado da Oração, o qual aqui, como em toda parte do Brasil, tem contribuído muito para o melhoramento dos costumes e o aumento de procura dos sacramentos.

    A oito de dezembro de 1904, foi festejado o jubileu de ouro da declaração do dogma da Imaculada Conceição. Sendo a nossa paróquia em Ouro Preto dedicada a N. Sra. da Conceição, era essa uma boa oportunidade para levar o povo para a igreja. Os padres então se esforçaram muito. Com todo o brilho possível e, com participação extraordinária, foi celebrada a festa e muitos paroquianos procuraram os santos sacramentos.

    De acordo com a Irmandade do Santíssimo Sacramento, foi comemorada, em 1905, pela primeira vez a Semana Santa com muito brilho. Isso não era apenas um meio excelente para propagar a religião, mas também para ganhar a simpatia do povo, porque os brasileiros gostam sobremaneira de tais solenidades pomposas. Na noite da Páscoa, após a última solenidade foi-nos prestadas uma homenagem com banda de música, foguetes e discursos eloqüentes. Essa homenagem foi organizada por nossos amigos para suplantar a resistência que ainda sofríamos de certos lados. Desde aquele ano, tem sido comemorada a Semana Santa em Ouro Preto anualmente, em combinação com o pároco da outra paróquia, umas vezes por nós e outras vezes na paróquia de N. Sra. do Pilar. Até de longe tem vindo muita gente para assistir às solenidades da Semana Santa, principalmente ouro-pretanos que se tinham mudado para Belo Horizonte e não conseguem esquecer-se da sua terra natal.

    Em dezembro daquele mesmo ano, foi festejada novamente, depois de uma interrupção de muitos anos, a festa da Padroeira da paróquia, N. Sr. da Conceição, em acordo com a Irmandade da Imaculada Conceição. Essa irmandade, como tantas outras em Ouro Preto e em todo o Brasil, era uma fonte constante de dissabores para os vigários, desde anos. Ela queria sempre mandar na matriz, na qual tinha sua sede e puxava para si os direitos dos vigários. Finalmente em 1909 a Irmandade desistiu da luta. Com o consentimento do arcebispo de Mariana, ela cedeu à matriz todos os seus bens e direitos e se limitava, dali em diante, a organizar a festa da sua padroeira.

    Trabalho fora da cidade - Pertenciam à nossa paróquia cinco lugarejos: Chapada, Lavras Novas, Santa Rita de Cássia e Salto, e ainda uma capela numa fazenda, chamada Bandeira. Os quatro lugarejos eram visitados mensalmente, Bandeira uma vez ou outra. Desde 1904, tornou-se costume que anualmente, no tempo de Páscoa, dois padres iam pregar um tríduo em todos esses quatro lugarejos para exortar o povo a fazer a sua desobriga. Esse costume existe até hoje e tem dado bons resultados. Os nossos padres tomaram conta, durante muitos anos, da pequena e abandonada paróquia de Antônio Pereira, a uma distância de duas léguas, como também às vezes de outras paróquias vagas na vizinhança, como sejam Passagem, Casa Blanca e São Bartolomeu. Em 1906, com a doença e depois com a morte do então vigário, fomos encarregados, durante alguns meses, do pastoreio da outra paróquia de Ouro Preto, até a nomeação do atual pároco, Monsenhor João Castilho Barbosa.

    Falecimento de Frei Frederico - No mês de abril de 1906, Frei Frederico começou a perrenguear. Sofria do coração. Frei Samuel foi ser seu enfermeiro. O povo mostrava muita apreensão, pois Frei Frederico era muito querido por sua mansidão. No fim de maio chegaram os médicos à conclusão de que era preciso mandar Frei Frederico para a Holanda. Em estado tão lamentável chegou a 4 de julho a Roterdam e, depois de uma ligeira melhora e muito sofrimento, faleceu, no dia 4 de setembro de 1906.

    Trabalho na cidade - O apostolado da oração, fundado em 1904, consistia principalmente de mulheres; por isso, em 1908, Frei Adolfo Thoonsen, o então vigário, resolveu criar em nossa matriz a Liga Católica Jesus, Maria, José, exclusivamente para homens. Essa liga teve mais de 100 sócios.

    Em 1912, estabeleceram-se em Ouro Preto as Irmãs Franciscanas da casa-mãe de Itapagipe, primeiro no Asilo de S. Antônio e, uns meses depois, no recém-restaurado Asilo de Santa Isabel. Dois padres nossos foram nomeados confessor ordinário e extraordinário dessas freiras, e igualmente ordinário e extraordinário das Irmãs Salesianas que dirigiam o hospital. Um dos padres também foi nomeado diretor das Filhas de Maria que se reuniam na capela do hospital.

    Em 1914, tinha-se mudado tanto a atitude do Governo sobre o ensino que se tornou possível o ensino catequético também nas escolas públicas. Nossos freis aproveitaram logo essa atitude favorável. Desde aquele tempo, foi iniciada com toda firmeza a catequese na grande cadeia de Ouro Preto e os presos recebiam semanalmente uma aula de catecismo. De vez em quando se organizava uma comunhão geral. Em 1919, o Núncio, em sua visita aos presos, deu licença de binar a um dos nossos padres, para que os presos pudessem assistir à santa missa cada domingo.

    Em 1915, foi fundado um jornalzinho paroquial mensal com a intenção de torná-lo mais tarde semanal. Quando, mais ou menos depois de um ano, se fundou na cidade um outro jornalzinho semanal, desistimos da nossa edição como desnecessária.

    Em 1917, por ocasião da declaração da guerra do Brasil à Alemanha, alguns estudantes tentaram organizar uma manifestação contra nós, mas por intermédio de amigos nossos, isso foi impedido.

    Em 1918, manifestou-se em Ouro Preto a febre espanhola. Em quase todas as casas havia doentes e muita gente morreu dessa febre. No centro da cidade transformaram um grande edifício em hospital e ali, como também na cadeia e nas casas particulares, trabalharam nossos padres com zelo e com sacrifício de si mesmos para dar aos doentes os lenitivos da nossa santa religião.

    Mudança. - Já diversas vezes tínhamos falado em suprimir a nossa residência em Ouro Preto, porque pelo constante retrocesso da cidade os nossos padres não tinham de que viver. A pedidos repetidos do arcebispo e do povo sempre desistíamos disso.

    Em 1919, o Ministro da Guerra nos propôs comprar a nossa casa para fazer dela um quartel. Se bem que o Ministro não nos quisesse forçar a abandonar a nossa casa, mas porque ela era a única apropriada para essa finalidade e porque a fundação de um quartel - e por conseguinte a vinda de uma guarnição - poderia trazer um pouco de progresso para a tão decadente cidade, vendemos nossa casa, muito apropriada para convento, mas não tão bem localizada, e mudamos no dia 1º de outubro de 1921 para uma outra casa localizada mais no centro da cidade . Os entendimentos, no entanto, duraram mais de dois anos, o que sem dúvida prova que no Brasil existe um quê de burocracia.

    O padre comissário provincial visitava anualmente ou ainda mais freqüentemente essa comunidade para verificar in loco as necessidades espirituais, materiais e pastorais dos frades individual e fraternalmente. Também o próprio provincial da Holanda, Frei Simão Bennenbroek, veio em 1922 para estimular a fundação de Ordens Terceiras e de seminários franciscanos. Assim em 1929 veio da Holanda Frei Regalato Hasebroek que alargou nossos horizontes para o Rio Grande do Sul, mas também afirmou que seria capaz de fechar nossa casa em Ouro Preto por falta de recursos financeiros.

    Em 1931, Frei Feliciano Smitz foi nomeado vigário de Antônio Dias de Ouro Preto com Frei Lamberto Bechoven e Frei Gamaliel van Emmerik como coadjutores. Frei Feliciano veio bastante contrariado, pois veio transferido da nova paróquia de Carlos Prates em BH. Mas uma vez em Ouro Preto, dedicou-se de corpo e alma ao bem dos seus paroquianos.

    Batalha difícil foi a luta da comunidade franciscana por sua sobrevivência em Ouro Preto, pois o rendimento da paróquia não era suficiente para as despesas da comunidade. Em 10 de janeiro de 1933, os Conselheiros do Comissariado resolveram apresentar a Dom Silvério de Mariana um requerimento, solidamente motivado, para pedir que S. Exa. recebesse de novo a paróquia de N. S. da Conceição de Antônio Dias em Ouro Preto. No dia 02 de março, a paróquia seria entregue ao Bispado. Os coadjutores já tinham saído e o vigário Frei Feliciano, no dia marcado, já se achava na estação ferroviária para sair definitivamente, quando lhe foi entregue um telegrama do Sr. Núncio, pedindo aguardar nova ordem. Voltou para casa.

    Quando o nosso P. Comissário, Frei Paulo Stein, se achava em Viagem no Rio Grande do Sul, foram-lhe entregues em Pelotas dois telegramas: um de ouro-pretanos, pedindo a permanência dos Franciscanos; e o outro, com o mesmo pedido e comunicando que telegrafaram ao P. Geral de Roma. Antes de tomar uma solução definitiva, Frei Paulo apresentou a questão em Roma. E Roma resolveu a favor dos frades. E assim, discretamente, nossa Ordem - parece no dia 05 de junho de 1933 - retirou-se dessa paróquia de Ouro Preto, a qual, em 1903, fora a salvação da nossa missão e agora ficou sendo - na expressão de um ex-vigário - o nosso Paraíso Perdido.

    Os mais entendidos entre nós acham que nesta questão entrou certo desentendimento entre os maiorais: Frei Paulo e Dom Helvécio, ambos pessoas enérgicas. Sei que Dom Helvécio não gostou não gostou de que Frei Paulo mudasse nosso Colégio Seráfico de São João Del Rei (que era da diocese de Mariana) para Divinópolis (diocese de BH.). E Frei Paulo não se conformava com que Dom Helvécio não quisesse nomear Frei Cândido vigário definitivo de São João Del Rei, onde fora vigário substituto de Mons. Gustavo durante 23 anos. Dom Helvécio da sua parte não apreciava as constantes transferências dos frades, como a de Frei Virgílio que, se não me engano, era confessor de S. Exa. Frei Paulo, de fato um grande canonista, sentia-se desvalorizado, até publicamente desqualificado por Dom Helvécio como um canonista de gabinete... até perante o Núncio Apostólico em sua visita a Ouro Preto em outubro de 1931, quando Dom Helvécio fez pouco caso de Frei Paulo, rodeado de uns 10 frades (eu era um deles). Houve muitos equívocos entre os dois dignitários, ambos grandes figuras, cujos anjos da guarda - como diz o povo - não combinavam. Anos mais tarde, Dom Helvécio ainda tentou a volta dos franciscanos para Ouro Preto, mas não surtiu efeito. Mas, mesmo sem paróquia, temos continuado as melhores relações com muitos ouro-pretanos pela muito boa Ordem Terceira Franciscana, que os nossos padres têm visitado regularmente, com muitas outras assistências em retiros, festas, Semana Santa, etc. Ao nosso Paraíso Perdido nossos melhores votos de Paz e Bem!

    Fonte: Vinte e Cinco anos no Brasil, p.51-60

    Por Frei Helano van Koppen

    Fonte: Nossas Paróquias Mineiras, p. 3-4

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SATLER, Fabiano Aguilar. OFM/PSC Paróquia Franciscana Nossa Senhora da Conceição. Red Internacional de Estudios Franciscanos en Brasil. Disponible en: https://riefbr.net.br/es/content/ofmpsc-paroquia-franciscana-nossa-senhora-da-conceicao. Accedido en: 20/04/2025.