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Como a arte é do céu, tem ela em si o poder de purificar as almas dos homens. Com esta citação de Faber, Frei Geraldo Roderfeld inicia um artigo na revista Vozes de Petrópolis de 1936: "Um Frade pintor" sobre o então recentemente falecido Frei Otmar Meiners. Frei Otmar atingiu esta elevação e purificação pela sua profunda sensibilidade. Nasceu ele no dia 9 de março de 1908, na cidade de Münster, na Westfália, Alemanha. No batismo recebeu o nome de Francisco, e nos últimos anos da escola primária encontrou no diretor do estabelecimento, o pintor Brunzel, a pessoa que soube estimular e incentivar sua queda e gosto pelo desenho e pela pintura. Trabalhou depois como desenhista numa oficina de paramentos eclesiásticos, até que ingressou em 20 de maio de 1926 no seminário franciscano de Garnstock, Bélgica, mantido pela Província da Imaculada Conceição. Em 1928 veio para o Brasil terminar no seminário de São Luís de Tolosa, em Rio Negro, PR, o currículo escolar. Em 21 de janeiro de 1930 foi revestido do hábito religioso em Rodeio, SC. Lá durante o noviciado e a pedido do mestre dos noviços Frei Januário Bauer, pintou 8 grandes painéis a óleo, relacionados com a vida do Seráfico Pai São Francisco. Deixou também um quadro de São Boaventura, talvez uma de suas melhores criações. Em Curitiba, PR, no convento do Senhor Bom Jesus, onde foi continuar os estudos superiores deixou mais 4 retábulos intitulados: "a missão franciscana no mundo". Em 1934 chegou em Petrópolis, para concluir os estudos teológicos. Mas foi logo constatada nele a tuberculose, que o deixou muito enfraquecido. Foi enviado a Campos do Jordão, SP, que pelo clima e tratamento especializado, era indicado para a sua doença. Depois de pequena melhora pôde no dia 29 de novembro de 1935 receber na capela do hospital Santa Teresa, em Petrópolis, das mãos do bispo diocesano Dom José Pereira Alves (1928-1947), o tão almejado sacerdócio. Para a ordenação pintou seu último quadro, que foi também seu testamento espiritual "a Mãe Sacerdotal”. Tendo que voltar para Campos do Jordão, foi então proibido pelos médicos de pintar e desenhar, o que fizera até então sobretudo para as revistas "Vozes de Petrópolis” e "Eco Seráfico” (esta antiga revista da OFS). Sentiu muito, mas não se queixou; vivia alegre e contente, agradecendo a Deus pela "irmã doença". Faleceu pouco depois no hospital em Pindamonhangaba, SP, aos 24 de setembro de 1936. Na sua qualidade e carreira de artista, que foi breve, houve os que muito o louvavam e admiravam, e os que pouco apreciavam o estilo de sua obra. No artigo acima mencionado, há uma opinião abalizada e competente de Frei Pedro Sinzig: "Frei Otmar era pintor e desenhista que prometia muitíssimo, já tendo dado muito. Seu talento não era nada vulgar. Sobressaia no número dos artistas, fazendo antever que seria um dos grandes. Seus múltiplos desenhos revelam duas coisas: traços aristocráticos, nobres, distintos; 2) absoluta verdade, honestidade, sinceridade, mesmo que tivesse de ser rude, ferindo o tradicionalismo. Parecia reunir na sua pena de desenho traços femininos e masculinos ao mesmo tempo. Em todos os trabalhos revela-se sacerdote (em formação ou já ordenado) - sacerdote que meditava e que, nessa vida de oração, vias muita coisa que a nós outros, menos favorecidos por Deus, não poucas vezes escapava. A Província franciscana da Imaculada Conceição nele perdeu uma de suas mais legítimas glórias, que ia ter em futuro próximo. Será difícil encher esta lacuna”! No dia 15 de fevereiro de 1945 foi feita a exumação e trasladação dos restos mortais de Frei Otmar, do cemitério de Pindamonhangaba, para o modesto mausoléu do convento de N. Sra. das Graças em Guaratinguetá, SP. Repousa agora ali juntamente com outros confrades à espera da ressurreição final.

Fonte: JEILER, Inácio. Confrades da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, falecidos nos primeiros 50 anos da restauração (1891-1941). São Paulo: Província Franciscana Imaculada Conceição, 1990, p. 187.