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Place of presence and action

  • Identifier:
    11950
    Descripcion:
    OFM/PSC Paróquia Franciscana São José
    Type of presence:
    Place: Lajeado, RS
    Initial date:
    1930
    Final date:
    1966
    Notes about this place of presence/action:
    Retiramos da Revista Santa Cruz de 1949 esta interessante crônica de frei Onésimo, pároco de Vila Sério durante dez anos e que nos conta um pouco da história da mesma:

    Vila Sério, hoje sede de uma extensa paróquia, era em 1923 um lugar desabitado e coberto de lama.

    Já tinham vindo colonos embrenhar-se nesta mata e estabeleceram-se até perto daqui.

    Mister era prover ao bem espiritual desta gente, desmembrar a paróquia imensa de Lajeado e criar uma nova zona.

    Naquele ano sucedeu passar por aqui o Padre, que por ordem do Sr. Arcebispo Dom João Becker, tinha que escolher o lugar de uma nova paróquia.

    Ao ver dele havia de ser aqui mesmo e indicou também o lugar da matriz.

    As poucas famílias desta redondeza fizeram, em 1925, uma tosca capela de tábuas de pinho.

    Quando em 1928 veio crismar nesta capela no dia de Todos os Santos, prometeu ele ao povo criar uma paróquia, externando o desejo que quanto antes se construísse uma casa paroquial. Esta casa se fez no correr de 1929. E a 18 de janeiro de 1930 já entraram nela o nosso Pe. frei Tiago Scheffers (vigário) e Pe. frei João Brouwer (coadjutor).

    Surgiu a paróquia de Vila Sério qual Champignon.

    Muita coisa ao chegar frei Tiago não achou.

    Em primeiro lugar uma dívida de dez mil e quinhentos cruzeiros. Depois uma matriz desprovida de tudo. Havia na matriz um só paramento, uma píxide e um cálice com que não era lícito celebrar.

    Ele tinha de arrumar muita coisa para o ministério e arrumou-o.

    Entre outras coisas, um altarzinho bem bonito; mesa de comunhão, bancos, lindas imagens, uma de Nossa Senhora do Carmo, outra de Santo Antônio e também paramentos.

    Transferido que foi a 28 de dezembro de 1931, teve ele um digno sucessor em Pe. frei João Brouwer.

    Com a transferência de frei João Brouwer, em novembro de 1932, frei Crisógono van Veen atuou como vigário durante dois meses, até a nomeação de frei Onésimo Timmermans para o posto, em janeiro de 1933.

    Naquele tempo existiam na paróquia, a qual foi canonicamente ereta a 13 de setembro de 1932, meia dúzia de capelas.

    Hoje em dia ela possui 11, e quase todas muito boas.

    No lugar da velha Matriz se fez outra. Era muito necessário, pois a velha num instante queimou a 28 de setembro de 1940.

    A história deste incêndio foi assim narrada por frei Onésimo na Santa Cruz de 1940:

    Sábado, 28 de setembro, houve aqui um casamento. Os noivos, vindos da roça, confessaram-se e comungaram, já tarde de manhã e depois do meio dia voltaram para o casamento. Acabado o que, soltaram-se na rua dois foguetes. Um estourou perto da Matriz, e deve ter ateado fogo na coberta de madeira do altar-mor. Algum tempo depois a cozinheira sai da cozinha, vê a fumaça no telhado da igreja e gritou para mim - eu estava em cima, no meu quarto -: Senhor Vigário, a igreja está queimando. Incontinenti foi ela tocar o sino para chamar o povo. A primeira coisa que eu fiz foi trazer o Santíssimo para a casa canônica, depois ajudei a cozinheira a salvar os paramentos. Num instante toda a Vila Sério, grandes e pequenos, estavam perto da igreja, porque ainda ninguém, quase, tinha ido para a roça. Todos se esforçaram por salvar as coisas, e quase tudo foi salvo. Muita gente trabalhou sem se incomodar com o perigo. Dentro de três quartos de hora a igrejinha se tinha convertido em cinzas. As mulheres e as crianças buscavam água, com que os homens molhavam a casa canônica, de cima até em baixo, para que não pegasse fogo. Pouco faltou para a casa também queimar-se. Ninguém pensou que fosse possível salvá-la. Todos os trastes já tinham carregado para fora. Quando queriam tirar as coisas mais pesadas, como armários e mesas, mandei suspender o serviço porque o perigo tinha passado. A torre da igreja pegou fogo em cima, mas o fogo foi extinto e o sino não caiu. Antes do cair da noite, a sala de visita da casa canônica ficou transformada em matriz e tudo se fez como de costume. Com o primeiro correio participei ao Sr. Arcebispo o ocorrido e pedi licença para celebrar os atos do culto na casa canônica, como tinha principiado a fazer. Pedi mais licença para nos domingos e dias de festa celebrar num salão amplo e decente em casa do fabriqueiro, salão este tão vasto como era a nave da minha matriz. Os bancos já lá estão guardados. Acho que o altar também caberá ali. O Fabriqueiro me cede o salão para esse fim, enquanto for preciso. Ainda pedi licença ao Sr. Arcebispo para começar a construção de uma nova igreja de pedra, o que é também o desejo dos meus paroquianos. No arquiteto Pohl vi outro dia uma planta de uma bonita igrejinha moderna. Se Deus quiser, quero construí-la toda de puro grês. A construção aqui é barata, como em Ipiranga. A metade da pedra para a nave já está extraída. O caminhão de Vila Sério pode ir buscá-la. Alguns donos de carroças buscam uma parte de graça. Em novembro espero o pedreiro de Alto Forquetinha para tirar o resto da pedra.

    Começaram a construção da nova Matriz a 29 de abril de 1943. Mas o pedreiro, por ver-se incapaz, largou o serviço a 30 de junho do mesmo ano.

    Um pedreiro hábil - Sr. Oto Maldaner - chegou a 30 de abril de 1945 e trabalhou até esta data de 19 de outubro de 1948.

    É de notar que ele fez absolutamente tudo, ele e um filho; só a porta na fachada foi feita de graça por um marceneiro. Nota: Melhor construtor do que Oto Maldaner é difícil encontrar.

    A 17 de setembro p.p. chegaram os vitrais. Vinte e cinco janelas, cada qual com um emblema, feitas em Porto Alegre na casa Genta.

    A partir de junho de 1949, frei Onésimo pôde contar com a ajuda de um coadjutor, Frei Aureliano (Francisco) Prick.

    Depois de construída a matriz, o pedreiro, também hábil carpinteiro, ocupou-se ainda até os fins de 1949 em fazer bancos para a igreja. Iniciou ele em Vila Sério a construção de uma nova casa paroquial a 20 de agosto de 1951. Nesta obra trabalharam ele, seu filho mais velho, de uns 21 anos de idade e um servente.

    Em março de 1950, por ocasião da visita pastoral do Exmo. Sr. Arcebispo de Porto Alegre, Dom Vicente Scherer, fiz ver a necessidade de uma nova canônica. O Sr. Arcebispo me recomendou fazer um esboço da casa a construir e mandá-lo à Cúria. Espontaneamente deu licença de fazer um empréstimo.

    A construção, como já disse, começou a 20 de agosto de 1951. Telharam-na a 8 de fevereiro de 1952 e pronta estava a 29 de maio do mesmo ano.

    A casa é de dois andares. Do lado esquerdo: sala de visita com duas portas, uma dá para fora e a outra para dentro da clausura; depois um quarto, escadaria, e no fim belíssimas instalações sanitárias. Do lado direito do corredor, um quarto e ampla sala de jantar. As divisões em cima são as mesmas. Anexo à casa, debaixo de uma chapa de concreto, quadrada: dispensa e cozinha, quarto para a empregada e um reservatório.

    A casa tem dezenove portas e vinte e duas janelas, tudo de madeira de lei, feitas em Lajeado.

    Mudamo-nos para a nova morada, frei Aureliano (Francisco Prick) e eu, a 22 de agosto de 1952.

    O Capítulo Provincial de 1953 trouxe mudanças para a paróquia de Vila Sério, frei Onésimo Timmermans, que foi o vigário durante dez anos foi transferido e em seu lugar foi nomeado frei Aureliano Prick, que até então atuava como coadjutor.

    O movimento paroquial da Paróquia São José, de Vila Sério, sempre foi muito forte. Nas ocasiões em que se realizavam as Missões era sempre grande o número de participantes de todas as idades, assim como o número de comunhões distribuídas, tanto na matriz quanto nas capelas.

    Em janeiro de 1956 frei Aureliano recebeu a ajuda de um coadjutor, foi nomeado o frei Dagoberto Wolswijk, que trabalhou na paróquia até novembro do mesmo ano.

    Na Revista Santa Cruz de 1957, o vigário de Vila Sério nos coloca a par da situação da paróquia:

    Vila Sério é por muitos apelidada de Vila Miséria, devido ao seu completo abandono pelas autoridades municipais e estaduais, e isto desde sempre até agora. Além de outras e muitas deficiências, faltou-lhe sempre o tão necessário recurso médico. Para internar-se num hospital, só mesmo por meio de uma longa e dispendiosa viagem a Lajeado ou Boqueirão.

    Graças a Deus, porém, hoje em dia já nem tudo é mais miséria na Vila. A atestar isso está aí a auspiciosa notícia da construção do Hospital São José, em andamento já bem adiantado. Está feito o edifício do hospital, forrado, rebocado, com portas, janelas e instalações sanitárias. Feitas estão igualmente a cozinha e a copa. As despesas da obra até aqui feitas resultaram em oitocentos contos, e com isso acabou-se também o dinheiro. O que fica por fazer ainda é sem dúvida muito, mas o que já foi feito é suficiente para acender um belo raio de esperança no coração do povo de Vila Sério.

    O hospital está distante uns cem metros da casa canônica.

    O Vigário terá que lutar muito ainda até que a miséria esteja de todo remediada no tocante ao recurso médico, mais ainda porque o povo da paróquia é bem pão-duro. O compromisso financeiro se torna ainda maior, porque ao lado do hospital deve ser construída também a casa das Irmãs com a capela. Está combinado que dentro de dois a três anos as Irmãs de Oirschot aqui deverão instalar-se. Às Irmãs de Oirschot foi manifestado claramente que Vila Sério é um lugar pequeno e bastante pobre, que vocações por aqui se encontram e não precisarão temer falta de reverência ou de estima da parte do povo por elas. Encontrarão também possibilidade de se manter e de viver no funcionamento do hospital e na manutenção de uma escolinha.

    Há ainda o problema da luz e da água. A Prefeitura, porém, irá furar um poço artesiano; e luz, em último caso, poderão as Irmãs e o hospital ter própria, como já a tem a casa canônica e a igreja. Espera-se mesmo que, antes de o hospital estar pronto, a Vila terá sua luz. Temos motor e dínamo colocados, e o entendimento com a Prefeitura promete dar bom resultado.

    Em dezembro de 1962, o Definitório Provincial achou por bem de transferir o frei Aureliano e, em seu lugar de vigário, foi nomeado frei Gervásio Muttoni, que trabalhou na paróquia até dezembro de 1964.

    Com a saída de frei Gervásio, foi nomeado frei Lúcio Dupont, que continuou na paróquia mesmo após a entrega da mesma para a recém criada Custódia de São Francisco de Assis, no início de 1966.

    Fonte: Revista Santa Cruz

    1940 - págs. 177-178

    1946 - pág. 134

    1949 - págs. 54-55, 82

    1952 - págs. 204-206

    1953 - pág. 114

    1956 - págs. 7, 11-12

    1957 - págs. 115-116

    1962 - pág. 156

    1964 - pág. 290 .

Configurações Institucionais relacionadas
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SATLER, Fabiano Aguilar. OFM/PSC Paróquia Franciscana São José. International Network of Franciscan Studies in Brazil. Available in: http://riefbr.net.br/en/content/ofmpsc-paroquia-franciscana-sao-jose. Accessed on: 31/01/2025.