Irmão leigo. Chamava-se no século Francisco Leal. Era natural de Arrifana de Sousa (Portugal) e teve por pais Gaspar Fernandes e Margarida Fernandes. Aprendeu na pátria o ofício de barbeiro. Passando ao Brasil, pôs tenda pública na cidade da Bahia. Daí foi para o Pernambuco, onde o Custódio Fr. Paulo de Santa Catarina o aceitou a Ordem. Fez profissão no Convento de Nossa Senhora das Neves de Olinda, a 17 de setembro de 1617, quando já contava 27 anos de idade. Serviu de enfermeiro no Convento de Olinda e no de Ipojuca. Trazia continuamente nas mãos umas contas brancas, porque rezava, e só ao pescoço, quando lhe era preciso fazer alguma coisa. Deste costume lhe veio o apelido: o enfermeiro das contas brancas. Tendo ouvido falar muito do santuário de Nossa Senhora da Penha e desejoso de vê-lo, pediu aos prelados mudança para a capitania do Espírito Santo. Obtida a licença, foi assistir na ermida da Penha, em companhia de Fr. Paulo de Santo Antônio. Eram ambos de elevado espírito, e ali viveram alguns anos em contínuos jejuns e abstinência total de carnes. Composto o pleito com os padres da Companhia de Jesus, que demandavam a posse da ermida da Penha, os dois religiosos persuadiram os prelados da Custódia, a que se levantasse ali um conventinho. E assim o conseguiram, ficando ambos encarregados de reunir os materiais necessários. Como seu companheiro viesse a falecer neste meio tempo (1650), continuou indefesso a tarefa. Na congregação custodial de 21 de novembro de 1650 se determinou o dar-se princípio ao convento. Conhecendo os prelados o zelo e atividade de Fr. Francisco, bem como a veneração e respeito que lhe tinha o povo, lhe mandou o Custódio Fr. Sebastião do Espírito Santo patente de prelado da nova casa e alguns religiosos para o ajudarem. Em 1653 o santuário da Penha foi saqueado por corsários holandeses. Os religiosos aprisionados foram postos em liberdade em Vitória, ao passo que os escravos roubados, bem como as joias de N. Senhora pilhadas, voltaram mais tarde do Recife. Depois de concluída a sua prelazia e deixar os religiosos já moradores no novo convento. Fr. Francisco passou desta vida à bem-aventurança, munido de todos os Sacramentos da Igreja. Deixou nos religiosos e seculares saudosos desejos de sua presença e santa conversão. Foi sepultado no claustro do Convento de São Francisco de Vitória, a 18 de setembro de 1654.
Na referência bibliográfica Religiosos Franciscanos da Província da Imaculada Conceição do Brasil na Colônia e no Império, de Fr. Sebastião Ellebracht, é o frade nº 047.
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Na referência bibliográfica Livro de Óbitos da Província de Sto. Antônio - 1584-1957, de Fr. Menandro Rutten, tem a seguinte descrição:
Frade leigo, natural de Portugal. O "enfermeiro das contas brancas”. Barbeiro e enfermeiro, superior no convento de Vitória. Faleceu no dia 18 de setembro de 1654.